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05/07/2002 - 03h32

EUA devem retomar identificação de aviões com drogas

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JAMES RISEN
do "New Yok Times"

O presidente George W. Bush deve aprovar a retomada de um programa que prevê que os EUA identifiquem e localizem aviões suspeitos de transportar drogas e que aviões da Força Aérea da Colômbia e do Peru os abatam, caso eles não atendam aos chamados de pouso.

Iniciado em 1995, o programa tinha sido interrompido pouco mais de um ano atrás, após a derrubada por engano de um avião que transportava missionários americanos no Peru.

Depois que o presidente assinalar sua aprovação final da iniciativa, o Departamento de Estado vai assumir o controle do programa, que antes era da CIA (Agência Central de Inteligência). Autoridades americanas disseram que as operações devem começar na Colômbia e, mais tarde, provavelmente serão estendidas ao Peru. O Pentágono também apoiará o programa, fornecendo informações (colhidas de radares em terra e outras fontes) sobre aviões suspeitos de estar transportando drogas.

Autoridades americanas disseram que tanto a Colômbia quanto o Peru expressaram seu apoio à proposta de reinício da operação.

Os muitos críticos do programa supunham que a derrubada por engano do avião dos missionários teria impossibilitado a retomada do programa pela Casa Branca. Mas os planos nesse sentido começaram a ser traçados há meses, e, nas últimas semanas, o futuro presidente da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez, foi a Washington para pedir aos EUA uma atuação agressiva no combate ao tráfico de drogas na América Latina.

A decisão de transferir a administração do programa da CIA para o Departamento de Estado foi tomada quando o diretor da CIA, George Tenet, deixou claro que sua agência não queria mais ter ligação com a operação. Desde a derrubada do avião com os missionários, o Congresso impôs restrições ao envolvimento da CIA.

No ano passado, a CIA informou que uma empresa contratada, a Aviation Development Corporation, do Alabama, gerenciava o programa em seu nome. Mas a Aviation Development é, na realidade, uma empresa de fachada da própria CIA, e as críticas públicas à operação feitas após a derrubada do avião levaram a CIA a desativá-la. Registros estaduais do Alabama indicam que a Aviation Development foi dissolvida em janeiro.

Diferentemente de Tenet, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, expressou apoio inequívoco à proposta de retomada das operações.

Embora Bush ainda não tenha assinalado sua aprovação final, o governo já está avançado nos preparativos para a retomada do programa. Os jatos de vigilância Cessna Citation que a CIA operava no programa foram aperfeiçoados e transferidos para o Departamento de Estado. Pilotos da Força Aérea colombiana acabam de concluir cursos de treinamento de vôo nos jatos Citation nos EUA e devem iniciar em agosto um treinamento mais avançado para a realização das complexas missões de interdição aérea.

Em abril, o Departamento de Estado concedeu um contrato a uma empresa de aviação de Maryland, a Arinc Incorporated, para ajudá-la a treinar pilotos colombianos e peruanos e administrar a operação. Uma porta-voz da Arinc confirmou que a empresa recebeu o contrato.

A Arinc vem tentando atrair de volta muitos dos mesmos funcionários que atuavam no programa quando ele era administrado pela CIA. Mas alguns deles rejeitaram a oferta, em parte, pelo menos, segundo fontes familiarizadas com o programa, por acharem que o Departamento de Estado não está dedicando tempo suficiente aos treinamentos. Outros representantes americanos enfatizaram, porém, que o Departamento de Estado pretende impor critérios de treinamento rígidos.

Uma das maiores mudanças é que os aviões Citation, antes pilotados por tripulações contratadas pela CIA, agora terão pilotos colombianos e peruanos. A Arinc terá um observador bilíngue em cada avião de vigilância para oferecer recomendações. Mas a decisão final quanto ao pedido para que bombardeiros disparem sobre aeronaves suspeitas será dos pilotos peruanos e colombianos.
Alguns dos aviões transportando drogas hoje procuram evitar a fronteira entre Peru e Colômbia, dando a volta sobre o Brasil, mas o governo dos EUA não pediu ao país que se envolva no programa.

Os EUA suspenderam o programa de interdição aérea depois que um jato da Força Aérea peruana abateu o avião em que viajavam os missionários, em 20 de abril de 2001, no Peru. Morreram a missionária Veronica Bowers e sua filha de sete meses, Charity. Seu marido, James, e o filho do casal, Cory, sobreviveram. Apesar de ter sido ferido, o piloto do avião, Kevin Donaldson, conseguiu fazer um pouso de emergência. A administração Bush pediu ao Congresso que aprove o pagamento de US$ 8 milhões de indenização aos sobreviventes, mas a decisão final ainda não foi tomada.

Tradução de Clara Allain
 

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