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11/07/2002 - 18h17

Venezuelanos voltam às ruas para exigir a renúncia de Chávez

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da Folha Online

Milhares de pessoas voltaram hoje às ruas de Caracas (Venezuela) para pedir a renúncia do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Essa foi a maior manifestação, desde a rebelião que resultou no breve golpe de Estado, há exatamente três meses.

Os manifestantes deveriam marchar até o palácio presidencial de Miraflores, mas o percurso sofreu alteração de última hora, depois do governo alertar que os protestos naquele local estão proibidos por um decreto de 1992.

Mesmo assim, os organizadores do protesto decidiram se concentrar a poucas quadras do palácio, totalmente isolado pelos seguranças do governo.

Reuters - 14.abr.2002
Hugo Chávez, presidente da Venezuela
Na tentativa de evitar confrontos sangrentos similares aos 11 de abril Chávez pediu "calma, paciência e prudência" à população, na tentativa de evitar uma revolta semelhante à de abril, que terminou com um saldo de 18 mortos e centenas de feridos.

O presidente venezuelano é acusado por seus adversários de não cumprir as metas anunciadas na sua campanha eleitoral, que prometeu combater a pobreza e a corrupção. Ao invés de ter atingido esses objetivos, o governo de Chávez (eleito em 1998) levou o país à uma grave recessão econômica.

Clima de tensão
Com música e apitos, os venezuelanos pediram a saída de Chávez e justiça pelos incidentes de abril. "Fora, fora", gritavam os manifestantes. "Não dispare, sou venezuelano" e "É proibido proibir" eram mensagens presentes em algumas camisetas.

O aposentado Roberto Valladares, 71, e seu cão saíram de preto. "Ele fez o país se erguer em armas. Estamos de luto. Ele tem de sair", afirmou.

Centenas de militares e policiais, além de um blindado e um canhão de água, isolaram o palácio presidencial. Mas Chávez não estava ali. Havia ido a uma cerimônia militar em Maracay, a cem quilômetros da capital, onde em abril comandantes leais a ele comandaram a resistência ao golpe.

"Vamos avançar até onde pudermos, enquanto garantirmos a segurança das pessoas", disse Luis Manuel Esculpi, líder do Partido da União, de oposição. O governo permitiu que uma comissão fosse até o palácio entregar 100 mil cartas pedindo a renúncia de Chávez.

Atrás da barricada militar, algumas centenas de simpatizantes de Chávez faziam uma manifestação a seu favor.

O país vive um clima de tensão há vários meses. Na terça-feira (9), os líderes da oposição boicotaram um encontro com o governo, articulado pelo ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, que deixou o país ontem mas manteve em Caracas uma delegação do Carter Center para monitorar as manifestações.

Eleito em 1998 com a promessa de combater a corrupção e fazer reformas sociais, Chávez, um ex-coronel do Exército que já havia tentado um golpe, é acusado pela oposição de fomentar a luta de classes no maior produtor de petróleo da América do Sul.

Apoio das Forças Armadas
Após percorrerem as ruas do centro de Caracas, um grupo de manifestantes dirigiu-se ao aeroporto militar de Caracas para exigir que as Forças Armadas apóiem o pedido da oposição pela renúncia de Chávez.

Os manifestantes encontram-se nas imediações do aeroporto La Carlota - sede do comando da Força Aérea - e afirmam que não abandonarão o local até serem recebidos pelos chefes militares.

"Se o comandante não nos receber vamos tomar La Carlota", disse Omar Calderón, secretário-geral do partido social-cristão Copei.

"Queremos dizer aos soldados venezuelanos que hoje recebemos um mandato do povo e apelamos à proteção deles", afirmou Calderón diante das grades da instalação militar.

Os portões da base estão fechados e vigiados por vários oficiais armados, um dos quais disse que o segundo chefe de comando está disposto a receber os manifestantes.

Com agências internacionais

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