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08/08/2002 - 03h15

Instabilidade é marca do novo presidente colombiano

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ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo

Definitivamente não é fácil definir Álvaro Uribe Vélez, 50, o novo presidente da Colômbia.

Ele é capaz de manter o ar calmo e o sangue-frio em situações como o atentado à bomba que sua comitiva sofreu durante a campanha presidencial, em abril —orientou pessoalmente o motorista de sua van blindada a sair do local após a explosão. Mas às vezes perde a compostura, como quando expulsou de sua sala, na reta final da campanha, um jornalista da revista americana "Newsweek" que o questionava a respeito de seus supostos vínculos com paramilitares e narcotraficantes.

Após criticar, desde o seu princípio, o processo de paz iniciado pelo presidente Andrés Pastrana em 1998, e martelar seu slogan de "mão firme" durante a campanha, fez um discurso de conciliação, dizendo-se aberto ao diálogo, logo após a confirmação de sua eleição, já no primeiro turno, com 53% dos votos.

Carregando em suas mãos a esperança da população colombiana, cansada de uma guerra civil que vem fazendo mais de 3.500 mortos e 3.000 sequestrados ao ano, Uribe preocupa analistas não só por seu discurso belicoso, mas também pela instabilidade e pelo passado nebuloso.

Prefeito de Medellín aos 31 anos, depois vereador, senador e governador do Departamento [Estado] de Antioquia, cresceu na política com uma imagem de eficiência administrativa e autoridade. Mas convive também com as denúncias sobre seu passado, que ele rejeita com veemência.

Quando governador, impulsionou a criação de grupos de defesa privada chamados Convivir, acusados de terem se transformado, depois, em embriões dos grupos paramilitares de direita, que combatem as guerrilhas. Os paramilitares são acusados por vários massacres contra populações civis acusadas de colaborar ou simpatizar com as guerrilhas.

"Durante seu governo, os paramilitares tiveram crescimento impressionante em Antioquia", disse à Folha a ativista Glória Cuartas, ex-prefeita da cidade antioquenha de Apartadó. "Somente na minha cidade morreram 1.200 professores, ativistas de direitos humanos, dirigentes políticos de esquerda e sindicalistas", afirma.

Apesar do apoio manifestado durante a campanha pelo principal grupo paramilitar do país, as AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), que ele rejeitou, Uribe diz que atuará contra os paramilitares com o mesmo vigor que contra a guerrilha.

Mas preocupa os analistas por sua proposta de formar um grupo de 1 milhão de civis para auxiliar a força pública no combate aos grupos armados.

Para os amigos, a obstinação de Uribe o ajudará a atingir seu objetivo de pacificar a Colômbia. "Ele tem uma capacidade de trabalho impressionante. Pode dormir só três horas por noite e seguir com a mesma capacidade", afirma o empresário de Medellín Juan Rodrigo Hurtado, 35, colega do novo presidente durante sua pós-graduação, em administração de conflitos, na Universidade Harvard (EUA), em 1993.

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