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08/08/2002 - 03h10

Atentado mata 15 durante posse de Uribe na Colômbia

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da Folha de S.Paulo

Ao menos 15 pessoas morreram e 40 ficaram feridas ontem à tarde em Bogotá após um atentado a poucas quadras da sede do Congresso, onde o direitista Álvaro Uribe Vélez, 50, tomava posse na Presidência da Colômbia.

Ele assumiu para um mandato de quatro anos prometendo acabar com a guerra civil que há quatro décadas assola o país. Fortes explosões foram ouvidas do lado de fora do prédio poucos minutos antes de Uribe receber a faixa presidencial e fazer seu juramento, às 15h13 locais (17h13 em Brasília).

Segundo a polícia, foram ao menos duas explosões, provocadas aparentemente por bombas lançadas por morteiros, possivelmente de morros adjacentes.

Uma das bombas foi lançada contra os jardins externos do palácio presidencial de Nariño, provocando ferimentos em quatro guardas. Segundo a polícia, o presidente Andrés Pastrana, que passou o cargo para Uribe, estava no prédio no momento da explosão.

As mortes foram provocadas por outra bomba a cerca de 800 metros do palácio, na sede do Instituto Médico Legal, numa região de favelas conhecida como Cartucho. O bairro foi imediatamente cercado por tropas do Exército após o ataque.

As autoridades desativaram ainda outras duas bombas colocadas por desconhecidos em ruas próximas ao Congresso.

A polícia atribui os ataques às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal grupo guerrilheiro do país, que declarou Uribe como alvo.

O novo presidente só foi informado sobre os ataques após o término da cerimônia de posse, pelo presidente do Congresso, Luis Alfredo Ramos. Segundo ele, Uribe teria dito: "Que problema!".

O presidente da Câmara, William Vélez, por sua vez, disse que um membro da segurança de Uribe afirmou, após o ruído das explosões, que elas faziam parte do protocolo militar.

Os ataques ocorreram apesar das fortes medidas de segurança tomadas para proteger Uribe. Pela manhã, outras quatro pequenas bombas haviam sido lançadas em diferentes regiões da capital. Uma delas feriu 14 pessoas em frente a uma academia militar.

Nas últimas semanas, as forças de segurança do governo disseram ter descoberto ao menos dois planos das Farc para assassinar Uribe. Em abril, ele escapou ileso de um atentado contra sua comitiva de campanha, em Barranquilla, que deixou quatro mortos.

Aviões e helicópteros da Força Aérea Colombiana, apoiados por um avião militar dos EUA, sobrevoavam ontem Bogotá. A partir do meio-dia o governo emitiu ordem para fechar o espaço aéreo da cidade e derrubar os aviões que desrespeitassem a restrição.

Unidades especiais do Exército e da Polícia Nacional foram mobilizadas para vários setores da cidade para tentar evitar ataques durante a cerimônia de posse.

Vários tanques de guerra foram colocados em pontos estratégicos da capital, e cerca de 20 mil policiais e militares foram destacados para patrulhar as ruas do centro da cidade e estabelecer bloqueios para revistar ônibus e veículos particulares.

Do telhado de edifícios públicos no centro da cidade, franco-atiradores do Exército e da Polícia Nacional vigiavam os 400 metros do percurso de Uribe, num carro blindado, entre a sede da Chancelaria e o Parlamento, antes da cerimônia da posse.

Por razões de segurança, a cerimônia foi realizada, pela primeira vez na história, dentro do Congresso, e não ao ar livre, na praça Bolívar, em frente ao Parlamento.

Em outras regiões do país, o governo disse que ocorreram sequestros de cerca de 20 trabalhadores rurais em Roblebonito e de mais 12 pessoas em Antioquia (noroeste) e os atribuiu às Farc.

Segundo uma fonte do governo não identificada, ouvida pela agência de notícias France Presse, a programação de Uribe se manteria inalterada ontem, apesar dos ataques. Apenas cinco presidentes latino-americanos estiveram presentes na posse. O Brasil foi representado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello.

Popularidade
Uribe foi eleito em maio, já no primeiro turno, com 53% dos votos, prometendo "mão firme" contra os grupos armados ilegais.

Segundo uma pesquisa divulgada ontem pelo jornal "El Tiempo", de Bogotá, ele assumiu o cargo com uma popularidade recorde, de 77%. Em seu discurso de posse, ele disse que buscará um "diálogo útil" para um novo processo de paz com os grupos armados, com a condição de que haja um cessar-fogo prévio.

Uribe apresentou já ontem ao Parlamento uma proposta de reforma política, que prevê a redução do Congresso, que passaria a ser unicameral. A proposta inclui ainda a possível concessão de cadeiras especiais a membros dos grupos rebeldes que aceitassem deixar as armas.

Com agências internacionais

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