Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/08/2002 - 05h44

Brasileiros são os que menos apóiam sistema

Publicidade

ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo

O Brasil é o país com o menor índice de apoio à democracia, de acordo com a pesquisa Latinobarómetro deste ano. Apenas 37% dos brasileiros consideram a democracia preferível a outras formas de governo, numa queda de 13 pontos percentuais em relação a 1996.

A economista Marta Lagos, responsável pela pesquisa, considera esse dado um de seus principais enigmas. "Não consigo encontrar explicações lógicas para que o apoio à democracia no Brasil seja tão baixo."

Para o cientista político Jairo Nicolau, professor do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), o resultado pode ser consequência da abstração do conceito de democracia. "É uma idéia um pouco vaga, inclusive para os estudiosos, quanto mais para a população em geral", diz.

Ele considera que perguntas mais diretas, como "você prefere um governo eleito diretamente ou indiretamente", trariam outro resultado. "Se 63% da população estivesse insatisfeita com a democracia, por que as taxas de votos nulos e brancos e as abstenções caíram nas últimas eleições?", questiona.

Direita x esquerda
A pesquisa da Latinobarómetro mostra ainda uma tendência da população de se autodefinir como centrista no espectro ideológico. Numa escala entre 0 (mais à esquerda) e 10 (mais à direita), a maioria dos países está entre 5 e 7. Honduras (7,8) é o país mais à direita, e México (4,8), o mais à esquerda.

O segundo país mais à direita, a Colômbia (6,9), vive uma guerra civil envolvendo guerrilhas de extrema esquerda e paramilitares de extrema direita e acaba de empossar um presidente direitista, Álvaro Uribe, eleito no primeiro turno, em maio, prometendo pulso firme contra esses grupos.

Apesar de os dados da pesquisa indicarem uma pequena variação à direita em 11 dos 17 países pesquisados, Marta Lagos considera equivocada a visão de que a região está se "direitizando".

"Os dados mostram, essencialmente, que a América Latina é de centro", afirma. "As pessoas não querem governos de esquerda ou de direita, querem é democracia, estabilidade e prosperidade econômica", diz.

Para ela, isso indica que seria muito difícil a eleição de alguém da extrema direita ou da extrema esquerda. "Todo extremo tem um alto grau de rechaço. Por isso os políticos de esquerda ou de direita se afastam da sua origem para avançar em direção ao centro", diz, tomando como exemplo o discurso do candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que avançou da esquerda ao centro entre as eleições de 1989 e a deste ano.

"Quando dizem que a esquerda pode ganhar no Brasil, pergunto: mas o que é esquerda?", diz. "Pode ter o título de esquerda, mas suas políticas não têm nada de esquerda. É como o governo de Ricardo Lagos [presidente do Chile, do Partido Socialista], que não se pode dizer que seja de esquerda."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página