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17/08/2002
-
06h04
ANNETE SCHRÖDER
Free-lance para a Folha de S.Paulo
As enchentes que abalaram a Alemanha nesta semana podem ajudar a campanha do chanceler (premiê) Gerhard Schröder à reeleição no pleito de 22 de setembro. A sua popularidade tem crescido sobretudo na porção oriental do país, região mais afetada pela catástrofe natural.
O rio Elba superou ontem os 9,25 metros, maior nível desde 1845. Ao menos dez pessoas já morreram na região da Saxônia em razão das chuvas. Só em Dresden, cidade em que 30 mil pessoas tiveram de sair de suas casas, os prejuízos serão de mais de US$ 100 milhões. Voluntários tentavam conter ontem o avanço das águas sobre marcos históricos da cidade: o palácio Zwinger, a catedral e a ópera Semper.
O atual debate público sobre questões ambientais colocou em segundo plano temas mais difíceis para o governo, como o desemprego. De helicóptero, Schröder passou os últimos dias visitando os desabrigados e prometendo não poupar recursos para a reconstrução de áreas destruídas.
Pesquisa de opinião do instituto Emnid publicada ontem ainda mostra os conservadores, comandados pelo governador da Baviera, Edmund Stoiber, na liderança, com 40% das intenções de voto.
Mas eles oscilaram para baixo um ponto percentual em relação à sondagem anterior, enquanto o SPD (Partido Social-Democrata) de Schröder manteve os mesmos 34% de apoio. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Raramente na história da Alemanha um pleito foi tão disputado como o de setembro para o Bundestag (Parlamento).
Stoiber também tenta obter dividendos políticos com as enchentes —ele prontamente enviou funcionários de seu Estado para ajudar na operação de emergência na vizinha Saxônia.
Política ambiental
O porta-voz para questões ambientais dos Verdes (aliados do SPD no governo), Reinhard Loske, disse que agora os alemães entendem que deixar de tomar medidas para se proteger de fenômenos climáticos pode custar muito.
Os partidos começaram a debater propostas de reforma de um imposto "ecológico" que segue um princípio simples: energia e transporte passam a ser mais caros, o que ajuda o ambiente.
Os impostos devem subir aos poucos para que os consumidores se acostumem a, por exemplo, usar transportes públicos. Ou a instalar melhores equipamentos de isolamento térmico nos prédios e economizar eletricidade.
Os Verdes e o SPD exigem a manutenção dos impostos "ecológicos". Alguns dos políticos da oposição concordam com a sua manutenção, mas a maioria apóia Stoiber, que é contra. Diante das inundações, a oposição defende a energia atômica como alternativa ao petróleo e ao carvão para conseguir reduzir o efeito estufa.
"Muitos não gostam quando dizemos que vamos precisar da energia nuclear no futuro. Mas, se nós renunciarmos à energia nuclear, a proteção do clima vai se tornar cara demais", disse o deputado conservador Klaus Lippold.
Já o ministro das Relações Exteriores, o verde Joschka Fischer, repreende Stoiber dizendo que ele não se preocupa com o ambiente.
Em entrevista ao jornal "Thüringer Allgemeine", Fischer fez uma relação entre o aquecimento da Terra, a urbanização e as inundações. "Principalmente na Baviera de Stoiber, o grande uso de cimento causou inundações. Os impostos ecológicos são o caminho certo", disse Fischer .
De outro lado, o secretário-geral da CSU (partido irmão da conservadora União Democrata Cristã na Baviera), Thomas Goppel, acusa o SPD e os Verdes de "fazerem campanha eleitoral baseados nas vítimas das inundações". "O governo lamenta que não foi dada importância ao assunto do clima no passado. Mas quem tem indicado o ministro do Meio Ambiente há quatro anos?", indagou.
Com agências internacionais
Veja galeria de fotos das enchentes
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As enchentes que abalaram a Alemanha nesta semana podem ajudar a campanha do chanceler (premiê) Gerhard Schröder à reeleição no pleito de 22 de setembro. A sua popularidade tem crescido sobretudo na porção oriental do país, região mais afetada pela catástrofe natural.
O rio Elba superou ontem os 9,25 metros, maior nível desde 1845. Ao menos dez pessoas já morreram na região da Saxônia em razão das chuvas. Só em Dresden, cidade em que 30 mil pessoas tiveram de sair de suas casas, os prejuízos serão de mais de US$ 100 milhões. Voluntários tentavam conter ontem o avanço das águas sobre marcos históricos da cidade: o palácio Zwinger, a catedral e a ópera Semper.
O atual debate público sobre questões ambientais colocou em segundo plano temas mais difíceis para o governo, como o desemprego. De helicóptero, Schröder passou os últimos dias visitando os desabrigados e prometendo não poupar recursos para a reconstrução de áreas destruídas.
Pesquisa de opinião do instituto Emnid publicada ontem ainda mostra os conservadores, comandados pelo governador da Baviera, Edmund Stoiber, na liderança, com 40% das intenções de voto.
Mas eles oscilaram para baixo um ponto percentual em relação à sondagem anterior, enquanto o SPD (Partido Social-Democrata) de Schröder manteve os mesmos 34% de apoio. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Raramente na história da Alemanha um pleito foi tão disputado como o de setembro para o Bundestag (Parlamento).
Stoiber também tenta obter dividendos políticos com as enchentes —ele prontamente enviou funcionários de seu Estado para ajudar na operação de emergência na vizinha Saxônia.
Política ambiental
O porta-voz para questões ambientais dos Verdes (aliados do SPD no governo), Reinhard Loske, disse que agora os alemães entendem que deixar de tomar medidas para se proteger de fenômenos climáticos pode custar muito.
Os partidos começaram a debater propostas de reforma de um imposto "ecológico" que segue um princípio simples: energia e transporte passam a ser mais caros, o que ajuda o ambiente.
Os impostos devem subir aos poucos para que os consumidores se acostumem a, por exemplo, usar transportes públicos. Ou a instalar melhores equipamentos de isolamento térmico nos prédios e economizar eletricidade.
Os Verdes e o SPD exigem a manutenção dos impostos "ecológicos". Alguns dos políticos da oposição concordam com a sua manutenção, mas a maioria apóia Stoiber, que é contra. Diante das inundações, a oposição defende a energia atômica como alternativa ao petróleo e ao carvão para conseguir reduzir o efeito estufa.
"Muitos não gostam quando dizemos que vamos precisar da energia nuclear no futuro. Mas, se nós renunciarmos à energia nuclear, a proteção do clima vai se tornar cara demais", disse o deputado conservador Klaus Lippold.
Já o ministro das Relações Exteriores, o verde Joschka Fischer, repreende Stoiber dizendo que ele não se preocupa com o ambiente.
Em entrevista ao jornal "Thüringer Allgemeine", Fischer fez uma relação entre o aquecimento da Terra, a urbanização e as inundações. "Principalmente na Baviera de Stoiber, o grande uso de cimento causou inundações. Os impostos ecológicos são o caminho certo", disse Fischer .
De outro lado, o secretário-geral da CSU (partido irmão da conservadora União Democrata Cristã na Baviera), Thomas Goppel, acusa o SPD e os Verdes de "fazerem campanha eleitoral baseados nas vítimas das inundações". "O governo lamenta que não foi dada importância ao assunto do clima no passado. Mas quem tem indicado o ministro do Meio Ambiente há quatro anos?", indagou.
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