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18/08/2002
-
01h00
PAULO DANIEL FARAH
da Folha de São Paulo, em Cracóvia
Os poloneses estão recebendo o papa não apenas como João Paulo 2º, líder da Igreja Católica, mas também como Karol Josef Wojtyla, nascido em Wadowice (sul) e considerado por muitos o maior ídolo vivo do país.
A maioria dos poloneses (73%) considera o papa como a personalidade mais importante do século 20, segundo o Centro de Pesquisas Públicas da Polônia.
Dos 2.000 entrevistados, 23% disseram que a pessoa que mais marcou o século 20 foi Lech Walesa, fundador do sindicato Solidariedade e primeiro presidente da Polônia (1990-1995) após a queda do comunismo, em 1989.
Apesar do segundo lugar, Walesa perdeu as eleições de 1995 e de 2000 para Aleksander Kwasniewski, o atual presidente.
Ainda de acordo com a pesquisa, 4% dos poloneses admiram sobretudo Czeslaw Milosz, 91, poeta, romancista e ensaísta que venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1980.
Muitos poloneses acreditam que a eleição de Wojtyla na Santa Sé e suas viagens pastorais tenham aberto caminho para a mudança de regimes na Europa. Desde a queda do regime comunista na Polônia, em 1989, hospitais, orfanatos e diversas outras instituições foram "rebatizadas".
Mais de 200 escolas públicas levam o nome de João Paulo 2º atualmente. E o nome do aeroporto que acolheu o papa anteontem em Cracóvia também simboliza a afeição que os poloneses têm por ele.
Em Varsóvia (capital), Gdansk (norte) ou Cracóvia (sul), vêem-se praças e ruas denominadas João Paulo 2º.
A oração que o papa fez na primeira peregrinação a sua terra natal, em 1979, em que pedia que os poloneses "fortalecessem o espírito e renovassem a natureza desta terra", inspirou uma geração inteira contra o comunismo. Apesar disso, muitos de seus atuais admiradores ainda não haviam nascido quando ele pronunciou aquelas palavras.
"Sua autoridade moral nos inspira e fortalece", diz o estudante Josef Spalek, 18. Apesar de discordar de alguns ensinamentos do papa _Spalek é a favor do uso do preservativo e do sexo antes do casamento_, ele diz que "a espiritualidade que nosso papa transmite é o que mantém muitos jovens longe de problemas".
Muitas famílias têm um retrato dele ao lado das imagens de santos _comuns em casas polonesas. Sua foto também enfeita salões de beleza, supermercados e restaurantes. Em um país com 95% da população católica, segundo o Departamento Polonês de Estatísticas, o papa é aclamado como um santo.
E ele não agrada apenas aos católicos. Mesmo em algumas casas de judeus e muçulmanos foram pendurados retratos seus.
"Com o país em crise econômica [o índice de desemprego é de 18%] e dúvidas sobre a adesão à União Européia, não faltam poloneses que vêem no papa a única esperança de um futuro promissor", analisa o teólogo polonês Kihas Zdzislaw, professor na Universidade Jagiellonika, que teve entre seus alunos Wojtyla e o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) _que, em seu livro "De Revolutionibus", derrubou a visão geocêntrica do mundo, defendida pela igreja, e provou que a concepção de que a Terra ocupava o centro do universo era falsa.
O principal diário da Polônia, "Gazeta Wyborcza", vendeu, no Natal passado, mais de 1,6 milhão de cópias de um CD com uma canção entoada pelo papa.
Jornais e revistas locais, com páginas ou encartes especiais dedicados ao líder católico, aumentaram em cerca de 70% sua tiragem nos últimos dias.
À missa que o papa vai celebrar hoje, no parque Blonia, devem comparecer cerca de 2,5 milhões de pessoas, segundo os organizadores. Por volta de 2,3 milhões de ingressos já foram distribuídos.
Leia mais no especial João Paulo 2º
Polônia trata João Paulo 2º como um santo
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da Folha de São Paulo, em Cracóvia
Os poloneses estão recebendo o papa não apenas como João Paulo 2º, líder da Igreja Católica, mas também como Karol Josef Wojtyla, nascido em Wadowice (sul) e considerado por muitos o maior ídolo vivo do país.
A maioria dos poloneses (73%) considera o papa como a personalidade mais importante do século 20, segundo o Centro de Pesquisas Públicas da Polônia.
Dos 2.000 entrevistados, 23% disseram que a pessoa que mais marcou o século 20 foi Lech Walesa, fundador do sindicato Solidariedade e primeiro presidente da Polônia (1990-1995) após a queda do comunismo, em 1989.
Apesar do segundo lugar, Walesa perdeu as eleições de 1995 e de 2000 para Aleksander Kwasniewski, o atual presidente.
Ainda de acordo com a pesquisa, 4% dos poloneses admiram sobretudo Czeslaw Milosz, 91, poeta, romancista e ensaísta que venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1980.
Muitos poloneses acreditam que a eleição de Wojtyla na Santa Sé e suas viagens pastorais tenham aberto caminho para a mudança de regimes na Europa. Desde a queda do regime comunista na Polônia, em 1989, hospitais, orfanatos e diversas outras instituições foram "rebatizadas".
Mais de 200 escolas públicas levam o nome de João Paulo 2º atualmente. E o nome do aeroporto que acolheu o papa anteontem em Cracóvia também simboliza a afeição que os poloneses têm por ele.
Em Varsóvia (capital), Gdansk (norte) ou Cracóvia (sul), vêem-se praças e ruas denominadas João Paulo 2º.
A oração que o papa fez na primeira peregrinação a sua terra natal, em 1979, em que pedia que os poloneses "fortalecessem o espírito e renovassem a natureza desta terra", inspirou uma geração inteira contra o comunismo. Apesar disso, muitos de seus atuais admiradores ainda não haviam nascido quando ele pronunciou aquelas palavras.
"Sua autoridade moral nos inspira e fortalece", diz o estudante Josef Spalek, 18. Apesar de discordar de alguns ensinamentos do papa _Spalek é a favor do uso do preservativo e do sexo antes do casamento_, ele diz que "a espiritualidade que nosso papa transmite é o que mantém muitos jovens longe de problemas".
Muitas famílias têm um retrato dele ao lado das imagens de santos _comuns em casas polonesas. Sua foto também enfeita salões de beleza, supermercados e restaurantes. Em um país com 95% da população católica, segundo o Departamento Polonês de Estatísticas, o papa é aclamado como um santo.
E ele não agrada apenas aos católicos. Mesmo em algumas casas de judeus e muçulmanos foram pendurados retratos seus.
"Com o país em crise econômica [o índice de desemprego é de 18%] e dúvidas sobre a adesão à União Européia, não faltam poloneses que vêem no papa a única esperança de um futuro promissor", analisa o teólogo polonês Kihas Zdzislaw, professor na Universidade Jagiellonika, que teve entre seus alunos Wojtyla e o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) _que, em seu livro "De Revolutionibus", derrubou a visão geocêntrica do mundo, defendida pela igreja, e provou que a concepção de que a Terra ocupava o centro do universo era falsa.
O principal diário da Polônia, "Gazeta Wyborcza", vendeu, no Natal passado, mais de 1,6 milhão de cópias de um CD com uma canção entoada pelo papa.
Jornais e revistas locais, com páginas ou encartes especiais dedicados ao líder católico, aumentaram em cerca de 70% sua tiragem nos últimos dias.
À missa que o papa vai celebrar hoje, no parque Blonia, devem comparecer cerca de 2,5 milhões de pessoas, segundo os organizadores. Por volta de 2,3 milhões de ingressos já foram distribuídos.
Leia mais no especial João Paulo 2º
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