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23/08/2002 - 22h37

PIB venezuelano cai 9,9% e aumenta a pressão sobre Chávez

da Folha de S.Paulo

A economia venezuelana encolheu 9,9% no segundo trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Banco Central do país. A principal razão foi a acentuada queda nos ingressos provenientes da venda de petróleo e derivados, principal produto do país.

A divulgação do índice é mais um fator a pressionar o presidente Hugo Chávez, cuja política econômica é criticada pelas principais centrais empresariais e sindicais. Chávez, que conseguiu retomar o posto em abril após dois dias afastado por um golpe de Estado cívico-militar, enfrenta frequentes manifestações pela sua renúncia e tem sua popularidade no nível mais baixo desde que assumiu o cargo, em 1998. Segundo uma pesquisa do instituto Datanálisis, 66% dos venezuelanos querem sua saída do cargo.

As vendas de petróleo e derivados representam 80% dos ingressos da Venezuela com exportações. O país é o quarto maior produtor mundial de petróleo.

Segundo os dados do Banco Central, o setor da economia relacionado ao petróleo caiu 16,7% no segundo trimestre do ano, enquanto o restante da economia encolheu 6,5%.

"Na área de petróleo, a produção de óleo cru foi afetada pelo acordo para a redução da produção com a Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo]", diz um comunicado do BC. "A produção de produtos refinados foi influenciada pela queda na demanda externa."

A produção de petróleo foi também afetada por um protesto de seis semanas dos funcionários da PDVSA (a estatal do petróleo), que culminou com o golpe contra Chávez, no dia 11 de abril.

A equipe econômica venezuelana havia previsto recentemente uma contração da economia de 3% a 3,5%. No primeiro trimestre, a queda havia sido de 4%.

Para Oscar Garcia Mendoza, presidente do Banco Venezuelano de Crédito, a economia local foi prejudicada por "uma desvalorização monstro, perda de investimentos e inflação". "O aspecto político é fundamental para esses resultados", disse ele.

A inflação anual da Venezuela está em 22%, e economistas prevêem que o índice deva chegar a 30% até o final do ano. O bolívar, a moeda local, já perdeu 46% de seu valor em relação ao dólar desde o início do ano.

A instabilidade política, acentuada desde o golpe de abril, vem reduzindo a confiança externa no país. As frequentes manifestações de chavistas e oposicionistas, que indicam uma forte divisão na sociedade, afugentam os investidores, que temem novos distúrbios.

Após sua eleição, em 1998, Chávez promoveu um programa de reformas "esquerdistas" —que incluíam a concessão de créditos a juros baixos para pobres—, que ele diz terem sido necessárias para eliminar a corrupção e a desigualdade no país.

Mas seus adversários afirmam que sua política econômica levou a Venezuela à recessão e o acusam de tentar impor ao país um regime comunista no estilo cubano.

Chávez, um coronel do Exército que liderou uma tentativa de golpe em 1992 contra o presidente Carlos Andrés Pérez e foi eleito democraticamente seis anos depois, critica seguidamente em seus discursos "os males do neoliberalismo e da globalização".

Impunidade
Chávez deve encabeçar amanhã uma manifestação "contra a impunidade", em protesto contra a negativa do Supremo Tribunal de Justiça, na semana passada, de indiciar quatro militares acusados pelo golpe de abril.

A marcha de Chávez se antecipa a uma série de manifestações da oposição a partir do dia 29.

Para os analistas, as mobilizações são um presságio de um mês de setembro tumultuado politicamente, também por conta do fim do recesso do Judiciário, o que deve incentivar a oposição a retomar pedidos de processo contra o presidente.

Grupos opositores e governistas também preparam para o mês que vem uma série de pedidos de referendo para tentar afastar mandatários adversários.

Com agências internacionais

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