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08/09/2002 - 19h17

Iraque adota posição de desafio diante de Bush e Blair

da Reuters, em Bagdá

O Iraque reagiu com desafios e a Rússia sublinhou a preocupação internacional neste domingo, quando os principais assessores de George W. Bush pressionaram por apoio coletivo mundial a uma ação contra Saddam Hussein, citando a crescente ameaça nuclear de Bagdá.

Um ministro iraquiano prometeu que seu país se defenderá contra qualquer ataque dos Estados Unidos, enquanto os principais assessores de segurança de Bush apareciam na televisão para demonstrar o futuro apelo de Bush nas Nações Unidas. ''Saddam Hussein não está ofendendo apenas os Estados Unidos. Saddam Hussein e o regime iraquiano, por sua falta de ação, por sua violação das resoluções por muitos anos, está afrontando a comunidade internacional'', disse o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, no programa ''Fox News Sunday''. ''As Nações Unidas deveriam sentir-se ofendidas. As Nações Unidas deveriam sentir que algo precisa ser feito'', acrescentou Powell. ''Estamos colocando as cartas sobre a mesa para amigos e aliados. Agora é a hora de lidar com um problema que está lá há anos.'' Mas os assessores de Bush insistiram que o presidente manterá a opção, se necessário, de ''agir unilateralmente para se defender'', disse Powell.

Os norte-americanos, entretanto, continuam achando que o governo ainda precisa convencer que está certo. A maioria dos entrevistados em uma pesquisa do New York Times/CBS News, divulgada no sábado, disse que deseja apoio do Congresso dos EUA e dos aliados antes de qualquer ataque.

O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, disse esperar que o Congresso vote o assunto antes do recesso. Os legisladores planejam audiências nas próximas semanas. E o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse à CBS que ''o fato de não haver unanimidade hoje não surpreende. Ele (Bush) ainda não defendeu seus argumentos.''

Movimento normal em Bagdá
Na capital do Iraque, aparentemente a vida continuava normal, enquanto autoridades avançam com os planos para um referendo em outubro sobre o governo de Saddam, a quem Bush prometeu derrubar.

De acordo com a Agência de Notícias Iraquiana, estatal, o ministro do Exterior, Naji Sabri, também participou de um encontro de gabinete conduzido por Saddam a respeito da recente resolução de ministros da Liga Árabe de rejeitar as ameaças dos EUA contra o Iraque. Bagdá também recebeu um apoio inusitado: o do ex-inspetor de armas da ONU Scott Ritter, um norte-americano que disse ao parlamento iraquiano não haver evidência de que o país tenha armas nucleares, biológicas ou químicas. Um ataque norte-americano seria um ''erro histórico'', disse Ritter.

No sábado, Bush encontrou-se com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que afirmou ter ''determinação total'' para lidar com o Iraque, mas que deseja o maior apoio internacional possível. Os dois se reuniram no retiro presidencial de Camp David, nos EUA.

O ministro do Comércio do Iraque, Mohammed Mehdi Saleh, disse durante visita ao Cairo: ''Esperamos evitar a guerra, mas se ela for imposta, lutaremos para defender nossa terra, nossa soberania e nossa independência.''

O primeiro-ministro da Grécia, Costas Simitis, descartou participação em um ataque contra o Iraque liderado pelos EUA, afirmando que só tomaria parte com apoio das Nações Unidas. Simitis disse que a Grécia, membro da Otan que assumirá a presidência da União Européia dentro de quatro meses, acredita que as evidências até agora não justificam um ataque.

A Rússia reforçou sua oposição à ação militar, dizendo que acabaria com a coalizão internacional antiterror construída após os ataques de 11 de setembro. Tentativas de intervir em assuntos internos de um Estado soberano resultariam em dano irreversível para as atividades da coalizão antiterror'', disse Igor Ivanov, ministro russo do Exterior, segundo a agência de notícias Itar-Tass.

Condições para inspeções
Bush defenderá sua posição nas Nações Unidas na quinta-feira, apesar de membros do Conselho de Segurança com poder de veto terem expressado dúvidas sobre a ação militar. Além da Rússia, França e China também questionam a atitude. Sabendo das divisões, o ministro do Exterior do Iraque repetiu no domingo em entrevista a oferta de Bagdá de aceitar a volta dos inspetores de armas, mas somente sob um acordo abrangente que levantaria o embargo imposto ao país em 1991, na Guerra do Golfo.

A posição de Bagdá recebeu apoio de Ritter, que deixou o cargo de inspetor de armas em 1998 e tornou-se crítico da política norte-americana para o Iraque. ''A retórica de medo disseminada pelo meu governo não teve, até agora, apoio de fatos reais que dêem substância a quaisquer alegações de que o Iraque possua hoje armas de destruição em massa'', disse ele.

Bush e Blair citaram relatórios sobre novas obras em lugares ligados anteriormente a programas de armas de Bagdá e informações de inteligência sobre Saddam estar perto de adquirir capacidade nuclear como evidências de apoio à ação contra o Iraque. Neste domingo, autoridades norte-americanas citaram um relatório segundo o qual o Iraque vem fazendo uma procura mundial por materiais necessários para sua capacidade nuclear, incluindo a busca por milhares de tubos de alumínio usados para enriquecer urânio. ''Não queremos que a arma esfumaçada seja uma 'nuvem em forma de cogumelo' '', disse Condoleezza Rice, assessora nacional de segurança dos EUA, à rede CNN.
 

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