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11/09/2002 - 07h35

Veja como a Folha Online cobriu o 11 de setembro

ANA LUCIA BUSCH
Diretora-executiva da Folha Online

HELDER BERTAZZI
Editor da Folha Online

Passava um pouco das 9h quando um repórter da Folha Online, encarregado de acompanhar o noticiário da CNN e das agências internacionais, vê as imagens de uma das torres do World Trade Center em chamas. Os primeiros relatos descreviam que um pequeno avião havia colidido com uma das torres do complexo, dando a impressão de se tratar de um mero acidente. (Até esse momento, a notícia da morte do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, ocorrida na noite anterior, dominava o noticiário.)

Com uma imagem reproduzida da TV, a Folha Online publicou em sua manchete a história das torres. Acabou se tornando o primeiro site brasileiro a dar a informação.

Ainda tentando buscar as causas do que até então se imaginava um "acidente", os jornalistas observavam perplexos as imagens de um Boeing voando em direção à outra torre. Estávamos diante do maior atentado terrorista da história.

As informações chegavam de forma desordenada, confusa, pelas agências noticiosas. Os sites internacionais de notícia começaram a ter dificuldade, em função do número de acessos simultâneos, e muitos chegaram a sair do ar.

O contato telefônico com os EUA era quase impossível. Simplesmente não havia comunicação. A internet mostrava-se como o meio mais eficaz nesse momento.

Publicamos então uma página especial para que os brasileiros nos EUA e suas famílias no Brasil pudessem manter contato. Foram milhares de mensagens de lado a lado, que geraram uma lista publicada sob o título "Veja a lista dos brasileiros que já deram notícia", a terceira reportagem mais lida naquele dia. Algumas das mensagens enviadas acabaram tornando-se relatos importantes do que havia acontecido.

'Tudo parou, Manhattan não funciona, não tem metrô, não tem ônibus, não tem aviões, celular, telefone congestionado, não tem nada. Evacuam a cidade. A gente vê tudo daqui, indefesos, inofensivos, mas perplexos e morrendo de medo", relatou o webdesigner brasileiro Ricardo Godeguez, que viu as torres em chamas de sua janela.

Todos os 47 jornalistas foram envolvidos em uma força-tarefa que atravessou o dia e a madrugada seguinte. Apenas um repórter ficou responsável por publicar, a cada meia hora, uma nota capaz de resumir todos os outros fatos do dia alheios ao atentado. Em nota explicativa, informava ao leitor: "O internauta vai acompanhar a maior cobertura jornalística on-line do Brasil sobre um dos maiores crimes à humanidade, em detrimento de outros fatos, também importantes, que acontecem nesta terça-feira."

Com a confusão do noticiário, algumas informações incorretas foram para o ar. Às 11h23, por exemplo, dávamos que o Capitólio, sede do Senado americano estava em chamas, baseada em informação das televisões locais. Também publicamos às 12h22 que um avião havia caído sobre Camp David, residência de campo do presidente dos Estados Unidos. Às 13h42, informava-se que oito aviões poderiam estar seqüestrados, quando na verdade eram quatro.

Foi necessário criar, naquele dia, uma seção apenas para corrigir as informações publicadas de forma errônea.

O volume de informação, que não dava trégua, também deixou clara a necessidade de produzir reportagens didáticas, que ajudassem o leitor a compreender exatamente o que estava acontecendo. O esforço se mostrou uma decisão correta.

A reportagem "Conheça o World Trade Center, o quinto maior prédio do mundo" foi a segunda mais lida em 11 de setembro, depois da página principal do noticiário. Também lideraram a audiência a cronologia dos fatos minuto a minuto, a reconstituição do atentado e informação sobre o Pentágono.

Quase meio milhão de pessoas acessaram o noticiário sobre o atentado naquele dia. Os números recorde de acesso se repetiram nos dias subseqüentes e justificaram a continuidade do esforço concentrado. O Islã, a religião, a Al Qaeda, Osama bin Laden, mulá Omar, o Afeganistão e seu Taleban, depois o antraz, assuntos e personagens distantes, que poucos conheciam, exigiram muita leitura e pesquisa.

Quando os EUA passaram a ameaçar o Afeganistão, a grande questão era saber se o mundo consentiria o ataque àquele país, e se o Paquistão permitiria que seu espaço aéreo fosse aberto aos caças americanos. Um repórter foi destacado para ligar para todas embaixadas brasileiras nos países vizinhos ao Afeganistão e à embaixada do Paquistão nos EUA.

Conseguiu que um diplomata paquistanês nos Estados Unidos lhe confirmasse que seu país permitiria o uso do espaço aéreo para que os caças americanos cruzassem o ar e atacassem as bases terroristas da Al Qaeda no Afeganistão. A Folha Online informava em primeira mão o fato, logo depois confirmado por várias televisões e sites do planeta.

A série de atentados aos Estados Unidos e a reação que causaram em todo o mundo dominaram o noticiário por cerca de quatro meses, sempre em manchete. Várias páginas especias com coberturas extensivas foram criadas nesse período. Ficava mais uma vez claro que a internet tem papel cada vez mais importante e definido na transmissão de notícias. Que é capaz de conviver com os outros meios, produzindo material de apoio e informação indispensável para a compreensão do mundo moderno.

  Veja galeria de fotos de 11 de setembro

Leia mais no especial 11 de setembro
 

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