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11/09/2002 - 15h25

Local dos atentados vira atração turística e tema de suvenires

ANA LUCIA BUSCH
Diretora-executiva da Folha Online

CAIO VILELA
Especial para a Folha Online


Cartões postais com fotos do momento do atentado, pratos de porcelana com a imagem das torres gêmeas, rolos de papel higiênico estampados com o rosto de Osama Bin Laden. As vitrines das pequenas lojas ao redor do "ground zero" _ponto zero, a terra arrasada onde estão os escombros do maior tragédia americana_ não se cansam de exibir essa mistura de homenagem, indignação e "serviço" aos milhares de turistas que lotam os arredores do cenário de destruição.

Do alto do Empire State Building, pessoas se acotovelam para pagar os US$ 0,25 cobrados para usar a lente que permite ver de longe o buraco criado pelo desabamentos dos edifícios do World Trade Center. Quem quer olhar mais de perto conta com a plataforma de observação construída no final do ano passado no local dos atentados.

No pequeno deck de madeira, a que os turistas até maio apenas tinham acesso com hora marcada e por tempo determinado, todo mundo quer tirar um foto com o grande buraco ao fundo, como em uma tentativa de fazer parte da história. Na saída, um grande mural exibe os nomes das vítimas, muitos deles acompanhados de textos escritos à mão por familiares.

O quarteirão vizinho, ocupado por uma pequena praça, está completamente tomado por uma exposição ao ar livre de fotografias, faixas, cartazes e objetos pessoais dos mortos. Ali também, ao lado dos camelôs vendendo miniaturas de ambulâncias e carros de socorro, os bombeiros são as grandes celebridades, e, incansáveis, passam o dia todo atendendo as solicitações dos turistas que querem levar para casa uma foto ao lado dos novos heróis nacionais.

Dando força ao turismo da tragédia, os profetas do apocalipse não se cansam de mostrar uma dobradura feita com uma nota de US$ 20 que produz de um dos lados uma imagem semelhante às duas torres em chamas e, do outro, algo que lembra o edifício do Pentágono envolto em fumaça negra.

Do outro lado da mesa, restaurantes afegãos espalhados pela cidade decoram a fachada com bandeiras americanas e distribuem panfletos nas principais avenidas da cidade, usando garotos-propaganda vestidos com as cores dos Estados Unidos.

Um ano após os atentados, a indústria do turismo em Nova York lentamente retoma seu ritmo. A taxa de ocupação nos hotéis na cidade, que havia caído cerca de 30% em outubro do ano passado, está hoje 10% abaixo da média do ano passado, segundo os últimos números divulgados pelo NYC & Company, o órgão oficial do turismo na cidade.

E as ruínas do World Trade Center fazem parte dessa retomada. As estimativas indicam que, a cada 10 visitantes que chegam a Nova York, 7 visitam a área, o que pode totalizar mais 3,6 milhões de pessoas em 2002, tornando a região uma das maiores atrações turísticas da cidade. A Estátua da Liberdade costuma receber 4,2 milhões de turistas a cada ano.

Não é à toa que o guia Fodor's já inclui o "Ground Zero" entre os locais a que todos devem ir, e agências de turismo chegam a cobrar US$ 15 por uma visita guiada. Apesar dos ferozes ataques ao que os críticos chamam de turismo mórbido, mais um vez venceu a lei do mercado.

Veja fotos na galeria especial

Leia mais no especial 11 de setembro

 

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