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12/09/2002 - 13h03

Novo governo da Alemanha pode ser conhecido apenas na boca-de-urna

LIGIA BRASLAUSKAS
Editora de Mundo da Folha Online, em Bonn

A dez dias das eleições para a escolha do novo chanceler, os institutos de pesquisa da Alemanha ainda não têm o nome do provável vencedor da corrida eleitoral. Com isso, é possível que no dia 22 de setembro, quando acontecem as eleições, os alemães depositem seu voto nas urnas sem ter a menor idéia de quem assumirá o governo do país.

De acordo com Richard Koch, que analisa as pesquisas de opinião para o Departamento de Imprensa do Governo, é possível, sim, que no dia da eleição ainda não haja uma definição de quem assumirá o cargo de chanceler devido à disputa acirrada entre os dois candidatos, o atual chanceler alemão, Gehard Schröder, do Partido Social Democrata (centro-
esquerda), e o conservador Edmund Stoiber, da coalizão União Democrata Cristã (CDU, centro-direita) e a União Social Cristã (CSU).

"Talvez o resultado só seja conhecido na hora em que forem divulgados os primeiros resultados das pesquisas de boca-de-urna", disse Koch. Os números das pesquisas de boca-de-urna serão divulgados no domingo, após o encerramento das votações, às 18h (13h de Brasília).

Segundo ele, muitos fatores cooperaram para que a situação de indefinição chegasse a esse ponto. Entre eles, o fato de haver um número no mínimo curioso para uma sociedade desenvolvida de primeiro mundo: 50% dos entrevistados se interessam pouco ou nada pelas eleições no país.

Além disso, pesquisas mostram que os partidos perderam eleitores fixos, ou seja, que mantinham a tradição de votar em determinada legenda -inclusive partidos grandes. A confiança nos partidos políticos também diminuiu.

De acordo com uma pesquisa divulgada ontem pelo Infratest Dimap, o partido do atual governo teria ultrapassado em um ponto percentual a coalizão CDU/CSU. Assim, o SPD aparece com 39% das intenções de voto contra 38% do CDU/CSU. Em seguida aparecem o FDP (8,5%), o Partido Verde (7,5%) e o Partido do Socialismo Democrático (PDS), herdeiro dos comunistas que governavam a Alemanha Oriental, PDS (4%).

Os resultados dos quatro principais institutos de pesquisas na Alemanha (Infratest Domap, Forschungsgruppe Wahlen, Forsa e Allensbach) têm sido muito próximo. Mas, na quarta-feira passada (4 ), o instituto Allensbach divulgou uma pesquisa na qual a coalizão CDU/CSU aparecia com cinco pontos percentuais de vantagem sobre o SPD.

Questionado sobre o que teria acontecido com o resultado do Allensbach, Koch respondeu: 'eu também gostaria de entender o que houve'. A posição do SPD nas preferências de voto piorou depois da demissão do ministro da Defesa, Rudolf Scharping, e do escândalo de vôos particulares com bônus da Lufthansa adquiridos em vôos de serviço, que envolveu políticos do SPD e de outros partidos de oposição.

O chefe de governo alemão não é eleito diretamente pelo povo, mas pelos 598 deputados que compõem o Parlamento. Por isso é importante que os candidatos a chanceler da Alemanha consigam eleger o maior número de deputados dos partidos que apoiam ou que farão algum tipo de coalizão com o partido ao qual pertencem.

Desemprego
Em 1998, Schröder disse que seu governo não mereceria ser reeleito se não reduzisse significativamente as filas do desemprego. Mas se ele soubesse que o tema desemprego seria a grande arma da oposição, talvez tivesse guardado a frase para si próprio. Em janeiro de 1999 a Alemanha tinha 4,5 milhões de desempregados, no final de 2000 Schröer quase alcançou sua promessa de reduzir este número para 3,5 milhões e, atualmente, os desempregados no país somam 3,97 milhões.

Os temas desemprego e reformas econômicas são principais utilizados por Stoiber em seus comícios para tentar angariar votos, estratégia que parece ter funcionado. Em uma pesquisa feita no mês passado, o desemprego era o assunto que causava maior preocupação para 76% dos
entrevistados. Em seguida vinha o tema inflação (17%), problemas gerados pelas inundações (16%) e política interna (10%).

Essa não é a primeira vez que o tema desemprego assombra um candidato na Alemanha. O governo de Helmut Kohl, o ex-chanceler que nos seus 16 anos de governo vendia de forma insistente a idéia de que iria reduzir o desemprego pela metade, mas que ao deixar o cargo, deixou também uma herança de mais de 4 milhões de desempregados no país.

Se o desemprego assombra a possível reeleição de Schröder, as ações do governo na luta contra as enchentes que atingiram o país em agosto ajudaram o atual chanceler. Até que as águas das chuvas invadissem as cidades alemãs, Stoiber liderou, por um certo período, as pesquisas de opinião com seis ou sete pontos percentuais de vantagem, mas, depois das enchentes, a opinião dos eleitores sobre a capacidade de resolver problemas internos inverteu-se e o SPD passou a ter 28% das intenções de votos, contra 26% de Stoiber.

A jornalista Ligia Braslauskas viajou a convite do governo da Alemanha
 

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