Gabinete peruano põe cargos à disposição em meio a escândalo de corrupção

O premiê peruano, Jorge del Castillo, e os ministros do país colocaram nesta quinta-feira seus cargos à disposição do presidente Alan García, em meio a um escândalo de corrupção nas concessões para exploração de petróleo.

"O doutor Alan García terá total liberdade de definir o que achar pertinente, e todos estaremos agradecidos de servir ao país", disse Del Castillo durante longa coletiva no Congresso.

Editoria de Arte/Folha Imagem

Acompanhado por seus ministros e pelos parlamentares do governista Partido Aprista, o premiê, visivelmente contrariado, afirmou que ninguém deve ser "um obstáculo" para o progresso do Peru.

Del Castillo disse que "está em jogo a estabilidade do país, o futuro de novos e maiores investimentos para o Peru e a continuidade da linha de crescimento, bem agora, neste momento complicado da economia internacional."

Os ministros são alvo de um escândalo sobre uma suposta concessão irregular de cinco campos de petróleo ao consórcio formado pela empresa norueguesa Discover Petroleum e pela estatal peruana Petroperú.

Na próxima terça-feira, o Congresso irá discutir uma moção de censura contra o governo. Caso a medida seja aprovada, o gabinete e o premiê serão destituídos.

Escândalo

O escândalo de corrupção, conhecido como "Petrogate" no Peru, fez o ministro de Minas e Energia, Juan Valdivia, perder seu cargo, assim como dois altos funcionários do governo.

O maior escândalo do governo García, que vai até 2011, pode levar a uma crise política se o presidente decidir mudar seu premiê, o que acarretaria na demissão de todo o gabinete, segundo o mandato constitucional.

Del Castillo negou ter vínculos com o escândalo protagonizado até agora por Rómulo León, ex-ministro de García em seu primeiro governo (1985-1990), e Alberto Quimper, destituído esta semana da direção da estatal PerúPetro. Os dois estariam envolvidos --de acordo com a imprensa local-- na cobrança de propinas para favorecer a Discover Petroleum.

Nove gravações, que revelam negociações e pagamentos para que a Discover ganhasse, --como de fato ocorreu-- concessões de exploração de petróleo, foram reveladas entre domingo (5) e esta quarta, e o premiê é mencionado em duas delas.

Del Castillo admitiu que se reuniu no começo do ano com León e também com Fortunato Canaán, representante da Discover, e afirmou que os recebeu como o faz com muitos empresários estrangeiros, mas negou ter agido a favor da empresa norueguesa.

Com Efe e France Presse