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21/09/2002 - 13h14

Stoiber faz linha-dura contra Schröder e estrangeiros em comício

LIGIA BRASLAUSKAS
Editora de Mundo, em Berlim

O candidato ao cargo de chanceler da Alemanha pela coalizão CDU-CSU (União Democrata Cristã e União Social Cristã), o conservador Edmund Stoiber, 60, fez ontem em Berlim o último comício de sua campanha eleitoral. Na capital alemã, onde já recebeu muitos ovos atirados por manifestantes, Stoiber, um pouco rouco, preferiu encerrar sua campanha em um ginásio fechado e repleto de seguranças. De acordo com a organização do evento, cerca de 8.000 pessoas estiveram ontem no ginásio Max Schmeling para participar do comício.

Durante seu discurso, Stoiber fez duras críticas contra o atual chanceler da Alemanha e candidato à reeleição, Gerhard Schröder, 58, acusando-o de não fazer nada pelo país e de permitir que o número de desempregados chegasse a níveis insuportáveis. Atualmente, a Alemanha tem cerca de 4 milhões de desempregados.

Além disso, outra tática de Stoiber para angariar votos foi citar várias vezes o incidente entre a ministra da Justiça alemã, Herta Däubler-Gmelin, 59, e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Na quinta-feira (19), enquanto falava a um grupo de sindicalistas, a ministra teria dito que, ao insistir em um ataque contra o Iraque, Bush tenta desviar a atenção dos problemas políticos internos dos EUA . "Hitler
também fez isso", disse. Primeiro, Däubler-Gmelin desmentiu a comparação, depois disse ter sido mal interpretada.

O incidente causou grande mal-estar entre os políticos do partido de Schröder, o SPD (Partido Social Democrata), e espanto àqueles que conhecem a ministra, considerada uma pessoa sensata e inteligente, além de ser muito admirada, segundo a imprensa alemã. Ontem, Schröder escreveu a Bush para pedir desculpas pela ofensa causada pelas informações de que o Ministério da Justiça teria comparado o presidente dos EUA a Hitler.

"Muitos soldados norte-americanos perderam sua vida para libertar Berlim e nos últimos 50 anos os EUA nos ajudaram muito", disse Stoiber. Essa mulher [Däubler-Gmelin] que está representando a Alemanha não pode continuar no governo."

Hoje, Christoph Müller, chefe de redação do jornal alemão "Schwäbischen Tagblatts", que publicou a notícia sobre a fala de Däubler-Gmelin, disse que a ministra é mentirosa. "Eu nunca vi uma pessoa ser tão mentirosa como Herta Däubler-Gmelin", disse. "Nós estamos prontos para enfrentar um processo de indenizão porque nossa matéria está correta."

Stoiber também soltou palavras duras contra a política econômica de Schröder e falou que o governo deveria investir nas pequenas empresas assim como investe nas grandes. "O governo só pensa nas grandes empresas, não gosta de ajudar os pequenos". Ele deu como exemplo uma conversa com o chefe do governo espanhol, José Maria Aznar, para explicar o que a Alemanha deveria fazer para aliviar seus problemas econômicos internos. "Ele [Aznar] gostaria de poder desfrutar do nível da
previdência social alemã, seguiu nosso exemplo em muitas coisas, mas disse que só faz aquilo que pode custear", disse, criticando o governo de Schröder.

Durante o discurso, alguns manisfestantes foram retirados do local pela polícia depois de terem chamado o candidado de "nazi" (nazista, em alemão). Outros manifestantes apenas pediam para que Stoiber se calasse. Na quarta-feira (18), o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, que ficou durante 16 anos no poder e é colega de partido de Stoiber (CDU), também recebeu manifestações contrárias durante um discurso em Dresden. Um pequeno grupo de jovens começou a fazer barulho com apitos enquanto Kohl falava. "Melhor que vocês façam isso [apitar] aqui que em suas casas e incomedem suas mães", disse Kohl em tom de brincadeira na tentativa de impedir o barulho, mas os apitos continuaram.

Imigração
Stoiber também não economizou palavras quando usou um dos temas mais polêmicos da eleição: a imigração. O candidato da CDU disse que a Alemanha é um país amigo dos estrangeiros, mas que é preciso que o governo faça primeiro as melhorias necessárias para os alemães e depois ajude os imigrantes.

Ele afirmou ser necessária a criação de uma política de controle para que os estrangeiros que chegam ao país falem o idioma e não aumentem o número de desempregados. "Se nós estivermos nos EUA ou na Polônia, devemos falar a língua deles. Quem quer viver aqui tem de falar a nossa língua, caso contrário não haverá integração".

A presidente da CDU, Angela Merkel, não esteve no comício. Ao mesmo tempo em que Stoiber falava em Berlim, Merkel representava o candidato em um comício da CSU em Dresden. Hoje, Stoiber participou da abertura da mais conhecida festa da cerveja da Alemanha, a Oktoberfest. O candidato vai acompanhar as eleições em Berlim.

As eleições na Alemanha acontecem amanhã em 299 distritos do país, que terão suas urnas abertas das 8h às 18h (das 3h às 13h, no horário de Brasíla). O chefe de governo alemão não é eleito diretamente pelo povo, mas pelos 598 deputados que compõem o Parlamento. Por isso é importante que os candidatos a chanceler consigam eleger o maior número de deputados dos partidos que os apóiam ou que farão algum tipo de coalizão com o partido ao qual pertencem. Cada eleitor alemão tem direito a dois votos: um para o candidato que escolher e outro para um partido. Assim, metade dos 598 deputados é eleita de forma direta, enquanto a outra metade se elege pelos seus respectivos partidos -de acordo com a votação.


A jornalista Ligia Braslauskas viaja a convite do governo da Alemanha

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