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23/09/2002
-
07h43
da Folha de S.Paulo, em Washington
Desde o aniversário de um ano dos atentados de 11 de setembro de 2001 até sexta-feira passada, quando divulgou um documento formalizando a maior mudança da política externa americana nos últimos 50 anos, o presidente dos EUA, George W. Bush, conseguiu reverter o declínio do apoio popular a seu governo e recolocou o partido republicano em situação de vantagem para as eleições legislativas de 5 de novembro.
Pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias mostram que o índice de aprovação a Bush, que havia caído de 90% para pouco mais de 60% devido a turbulências econômicas e escândalos corporativos, voltou a subir nesse período, para o patamar de 70%. As pesquisas foram divulgadas nos últimos dois dias pelo "Pew Research Center" e pelo consórcio CNN-USA Today-Gallup.
Além disso, líderes democratas admitiram ontem que terão dificuldades para atrair a atenção dos eleitores, considerando o fato de que a opinião pública deverá manter-se focada numa possível invasão do Iraque até as eleições legislativas. A julgar pela reação cautelosa da oposição à reformulação da política externa americana, a oposição democrata está claramente com receio de fazer críticas que possam parecer antipatrióticas ou antiamericanas.
Na sexta-feira, Bush divulgou suas novas diretrizes de política externa ("A Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos"). O documento consolida retórica que propõe substituição da "contenção" e da "dissuasão", princípios da Guerra Fria, pela realização de ataques preventivos contra grupos terroristas ou Estados hostis aos EUA.
No entanto, o documento também inova, ao afirmar que os EUA não pretendem mais permitir que sua supremacia militar seja desafiada e sugerir a perpetuação de sua hegemonia "para sempre".
Lideranças democratas apoiaram o documento, embora tenham levantado dúvidas sobre como evitar que outros países utilizem a mesma doutrina de ataques preventivos para agredir seus inimigos.
As únicas ressalvas dos democratas foram dirigidas ao pedido de autorização enviado na semana passada pela Casa Branca ao Congresso para uma ação militar contra Saddam Hussein. A oposição considera esse pedido exageradamente amplo. "É um pedido para uso de força sem limites geográficos", disse o senador democrata Carl Levin. "O Congresso vai precisar fazer mudanças, ao menos limitá-lo ao Iraque."
A reação da sociedade civil americana ao documento que consolidou a Doutrina Bush também foi tímida, quase nula. Poucos jornais optaram por distinguir a discussão sobre o Iraque do debate mais amplo, sobre o novo papel dos EUA no mundo.
Editorial do "New York Times" -o mais crítico sobre a proposta- detectou, em alguns trechos do documento, uma arrogância típica do Império Romano e de Napoleão. "Líderes confiantes e fortes não precisam ser líderes arrogantes", diz o editorial do "Times", lembrando que a doutrina Bush poderá alienar parceiros e aliados num mundo em que a Casa Branca mais precisa deles.
Ignorando o texto do documento, editorial do "Washington Post" apóia a guerra contra Saddam Hussein -mesmo sem anuência das Nações Unidas-, mas alerta para o fato de que o governo ainda não tem um plano para reconstruir o Iraque depois da queda do ditador.
Em novembro, os norte-americanos irão renovar parcialmente o Senado e a Câmara dos Deputados. As eleições poderão afetar a balança de poder nos EUA. Os democratas precisam obter seis cadeiras dos republicanos para conquistar a maioria na Câmara dos Deputados. No Senado, basta aos republicanos adicionar um único senador à sua bancada para retomar o controle da casa, que perderam no ano passado.
Leia mais no especial Governo Bush
Bush reverte queda de sua popularidade
MARCIO AITHda Folha de S.Paulo, em Washington
Desde o aniversário de um ano dos atentados de 11 de setembro de 2001 até sexta-feira passada, quando divulgou um documento formalizando a maior mudança da política externa americana nos últimos 50 anos, o presidente dos EUA, George W. Bush, conseguiu reverter o declínio do apoio popular a seu governo e recolocou o partido republicano em situação de vantagem para as eleições legislativas de 5 de novembro.
Pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias mostram que o índice de aprovação a Bush, que havia caído de 90% para pouco mais de 60% devido a turbulências econômicas e escândalos corporativos, voltou a subir nesse período, para o patamar de 70%. As pesquisas foram divulgadas nos últimos dois dias pelo "Pew Research Center" e pelo consórcio CNN-USA Today-Gallup.
Além disso, líderes democratas admitiram ontem que terão dificuldades para atrair a atenção dos eleitores, considerando o fato de que a opinião pública deverá manter-se focada numa possível invasão do Iraque até as eleições legislativas. A julgar pela reação cautelosa da oposição à reformulação da política externa americana, a oposição democrata está claramente com receio de fazer críticas que possam parecer antipatrióticas ou antiamericanas.
Na sexta-feira, Bush divulgou suas novas diretrizes de política externa ("A Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos"). O documento consolida retórica que propõe substituição da "contenção" e da "dissuasão", princípios da Guerra Fria, pela realização de ataques preventivos contra grupos terroristas ou Estados hostis aos EUA.
No entanto, o documento também inova, ao afirmar que os EUA não pretendem mais permitir que sua supremacia militar seja desafiada e sugerir a perpetuação de sua hegemonia "para sempre".
Lideranças democratas apoiaram o documento, embora tenham levantado dúvidas sobre como evitar que outros países utilizem a mesma doutrina de ataques preventivos para agredir seus inimigos.
As únicas ressalvas dos democratas foram dirigidas ao pedido de autorização enviado na semana passada pela Casa Branca ao Congresso para uma ação militar contra Saddam Hussein. A oposição considera esse pedido exageradamente amplo. "É um pedido para uso de força sem limites geográficos", disse o senador democrata Carl Levin. "O Congresso vai precisar fazer mudanças, ao menos limitá-lo ao Iraque."
A reação da sociedade civil americana ao documento que consolidou a Doutrina Bush também foi tímida, quase nula. Poucos jornais optaram por distinguir a discussão sobre o Iraque do debate mais amplo, sobre o novo papel dos EUA no mundo.
Editorial do "New York Times" -o mais crítico sobre a proposta- detectou, em alguns trechos do documento, uma arrogância típica do Império Romano e de Napoleão. "Líderes confiantes e fortes não precisam ser líderes arrogantes", diz o editorial do "Times", lembrando que a doutrina Bush poderá alienar parceiros e aliados num mundo em que a Casa Branca mais precisa deles.
Ignorando o texto do documento, editorial do "Washington Post" apóia a guerra contra Saddam Hussein -mesmo sem anuência das Nações Unidas-, mas alerta para o fato de que o governo ainda não tem um plano para reconstruir o Iraque depois da queda do ditador.
Em novembro, os norte-americanos irão renovar parcialmente o Senado e a Câmara dos Deputados. As eleições poderão afetar a balança de poder nos EUA. Os democratas precisam obter seis cadeiras dos republicanos para conquistar a maioria na Câmara dos Deputados. No Senado, basta aos republicanos adicionar um único senador à sua bancada para retomar o controle da casa, que perderam no ano passado.
Leia mais no especial Governo Bush
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