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13/10/2002
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08h52
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, convocou para hoje uma manifestação em apoio ao governo, em Caracas, para comemorar os seis meses de seu retorno ao poder após o frustrado golpe de 11 de abril, que o tirou do cargo por dois dias.
A manifestação tem ainda o objetivo de ser uma espécie de "contramarcha", como uma resposta à marcha da oposição que reuniu centenas de milhares de pessoas na capital do país na quinta-feira para pedir a renúncia de Chávez e a realização de eleições presidenciais antecipadas (o mandato de Chávez termina em 2007).
"Avaliamos a marcha [de quinta-feira" como uma mobilização democrática e, por isso, espero que a oposição reflita quando os partidários do governo marcharem no domingo [hoje"", afirmou o vice-presidente José Vicente Rangel.
Ele disse acreditar que a marcha de hoje tenha participação comparável à da oposição e que mostrará que "Chávez ainda tem o apoio da população".
As estimativas sobre a participação na manifestação de quinta-feira variam entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas.
Segundo as últimas pesquisas de opinião, 66% dos venezuelanos votariam hoje pela saída de Chávez em um eventual referendo. A oposição diz que as políticas populistas de Chávez pretendem implementar um regime comunista no estilo cubano na Venezuela e que levarão o país ao desastre econômico.
O presidente diz que não cederá ao que chama de "chantagem" da oposição e não renunciará. Segundo ele, a Constituição do país admite a realização de um referendo para ratificá-lo no cargo, mas só após agosto do ano que vem, quando seu mandato chega à metade.
Com a cada vez mais profunda divisão na sociedade do país e a radicalização das posições, tanto entre os opositores quanto entre os chavistas, cresce o temor de uma saída não institucional e a repetição dos distúrbios de 11 de abril.
No fim de semana passado, Chávez denunciou uma suposta conspiração da oposição para derrubá-lo, aproveitando a realização da marcha de quinta-feira. Diversos opositores tiveram suas casas revistadas pela polícia, incluindo militares.
A situação de tensão foi fortalecida pelos ataques do vice-almirante Álvaro Martín Fossa, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, na quinta-feira, ao ministro da Defesa e a Chávez.
"Quem quiser sair das Forças Armadas que saia", afirmou Rangel, para quem as declarações de Martín Fossa não tiveram consequências dentro do setor militar. "A situação no país é de absoluta normalidade", disse.
Para o ex-chanceler Luis Alfonso Dávila, as demandas da oposição são inconstitucionais. "O governo rechaça a pretensão de colocar o presidente contra a parede, porque eles [a oposição" tiveram chance de fazer uma proposta de modificação da Constituição. Como não tiveram o apoio necessário para isso, apelaram para essa estratégia", diz.
"O fato de mobilizarem um grande número de venezuelanos não quer dizer que isso lhes dá razão ou o privilégio de passar por cima da Constituição", afirmou Dávila. "Eles marcham, nós marchamos e Chávez "no se marcha" [não sai, em espanhol]."
Pressão
Chávez deve enfrentar uma pressão da oposição ainda maior nos próximos dez dias. A Fedecámaras (principal associação empresarial do país) e a CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela) deram um prazo até quarta-feira para que o presidente renuncie ou convoque eleições.
Caso isso não aconteça, eles anunciaram a convocação de uma paralisação nacional conjunta a partir do dia 21. Mas o protesto pode ser antecipado, segundo o diretor da CTV Alfredo Ramos. "Se o governo continuar com essa onda repressiva, de buscas policiais, de atentados contra setores opositores, contra o movimento sindical organizado e contra as Forças Armadas, avaliaremos a possibilidade de adiantar a paralisação", disse.
Para o deputado chavista Nicolás Maduro, entretanto, a paralisação está fadada ao fracasso. "O país já está cansado de paralisações. Todo mundo quer é paz e que a economia continue funcionando", afirmou.
Com agências internacionais
Leia mais no especial Venezuela
Hugo Chávez faz hoje sua "contramarcha"
da Folha de S.PauloO presidente da Venezuela, Hugo Chávez, convocou para hoje uma manifestação em apoio ao governo, em Caracas, para comemorar os seis meses de seu retorno ao poder após o frustrado golpe de 11 de abril, que o tirou do cargo por dois dias.
A manifestação tem ainda o objetivo de ser uma espécie de "contramarcha", como uma resposta à marcha da oposição que reuniu centenas de milhares de pessoas na capital do país na quinta-feira para pedir a renúncia de Chávez e a realização de eleições presidenciais antecipadas (o mandato de Chávez termina em 2007).
"Avaliamos a marcha [de quinta-feira" como uma mobilização democrática e, por isso, espero que a oposição reflita quando os partidários do governo marcharem no domingo [hoje"", afirmou o vice-presidente José Vicente Rangel.
Ele disse acreditar que a marcha de hoje tenha participação comparável à da oposição e que mostrará que "Chávez ainda tem o apoio da população".
As estimativas sobre a participação na manifestação de quinta-feira variam entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas.
Segundo as últimas pesquisas de opinião, 66% dos venezuelanos votariam hoje pela saída de Chávez em um eventual referendo. A oposição diz que as políticas populistas de Chávez pretendem implementar um regime comunista no estilo cubano na Venezuela e que levarão o país ao desastre econômico.
O presidente diz que não cederá ao que chama de "chantagem" da oposição e não renunciará. Segundo ele, a Constituição do país admite a realização de um referendo para ratificá-lo no cargo, mas só após agosto do ano que vem, quando seu mandato chega à metade.
Com a cada vez mais profunda divisão na sociedade do país e a radicalização das posições, tanto entre os opositores quanto entre os chavistas, cresce o temor de uma saída não institucional e a repetição dos distúrbios de 11 de abril.
No fim de semana passado, Chávez denunciou uma suposta conspiração da oposição para derrubá-lo, aproveitando a realização da marcha de quinta-feira. Diversos opositores tiveram suas casas revistadas pela polícia, incluindo militares.
A situação de tensão foi fortalecida pelos ataques do vice-almirante Álvaro Martín Fossa, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, na quinta-feira, ao ministro da Defesa e a Chávez.
"Quem quiser sair das Forças Armadas que saia", afirmou Rangel, para quem as declarações de Martín Fossa não tiveram consequências dentro do setor militar. "A situação no país é de absoluta normalidade", disse.
Para o ex-chanceler Luis Alfonso Dávila, as demandas da oposição são inconstitucionais. "O governo rechaça a pretensão de colocar o presidente contra a parede, porque eles [a oposição" tiveram chance de fazer uma proposta de modificação da Constituição. Como não tiveram o apoio necessário para isso, apelaram para essa estratégia", diz.
"O fato de mobilizarem um grande número de venezuelanos não quer dizer que isso lhes dá razão ou o privilégio de passar por cima da Constituição", afirmou Dávila. "Eles marcham, nós marchamos e Chávez "no se marcha" [não sai, em espanhol]."
Pressão
Chávez deve enfrentar uma pressão da oposição ainda maior nos próximos dez dias. A Fedecámaras (principal associação empresarial do país) e a CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela) deram um prazo até quarta-feira para que o presidente renuncie ou convoque eleições.
Caso isso não aconteça, eles anunciaram a convocação de uma paralisação nacional conjunta a partir do dia 21. Mas o protesto pode ser antecipado, segundo o diretor da CTV Alfredo Ramos. "Se o governo continuar com essa onda repressiva, de buscas policiais, de atentados contra setores opositores, contra o movimento sindical organizado e contra as Forças Armadas, avaliaremos a possibilidade de adiantar a paralisação", disse.
Para o deputado chavista Nicolás Maduro, entretanto, a paralisação está fadada ao fracasso. "O país já está cansado de paralisações. Todo mundo quer é paz e que a economia continue funcionando", afirmou.
Com agências internacionais
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