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13/10/2002 - 08h55

Oposição dividida pode beneficiar Chávez em eventual eleição

ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo

As divisões internas na oposição venezuelana poderão impedir uma vitória eleitoral contra o presidente Hugo Chávez caso as pressões para a convocação de eleições antecipadas dêem algum resultado. Apesar de ter reunido centenas de milhares de pessoas na quinta-feira para protestar contra Chávez, a oposição não conta hoje com um nome forte e carismático o suficiente para fazer frente ao presidente.

Enquanto os simpatizantes do governo (menos de 30%, segundo as últimas pesquisas) se concentram no entorno da figura de Chávez, a insatisfação com o presidente é diluída entre pelo menos uma dezena de líderes opositores com aspirações políticas.

"A contundência da marcha de quinta-feira não está vinculada à oposição, mas à figura do próprio Chávez", afirma o analista político Luis Vicente León, diretor do instituto de pesquisas Datanálisis. "Nenhum organizador teria condições de chamar sozinho tanta gente para uma manifestação. Foi uma união contra Chávez", diz.

A marcha foi convocada pela Coordenação Democrática (CD), entidade que congrega diversos partidos políticos e organizações da oposição. Muitos dos 28 dirigentes da CD são potenciais candidatos a presidente.

Pesquisa
Segundo uma pesquisa recente do Datanálisis, Chávez receberia 34,8% dos votos válidos se a eleição presidencial fosse agora. O opositor mais bem colocado, Enrique Mendoza, governador do Estado de Miranda, teria 21,3% dos votos. Como as eleições presidenciais no país têm apenas um turno, Chávez venceria.

Além de Enrique Mendoza, membro do tradicional partido Copei (Democrata Cristão), despontam como eventuais adversários de Chávez o deputado Julio Borges, fundador do novo partido Primeiro Justiça, o ex-governador de Carabobo Henrique Salas Römer, que perdeu a eleição presidencial de 1998 para Chávez, e o prefeito da região metropolitana de Caracas, Alfredo Peña, um ex-chavista que passou à oposição.

Com menos chances, aparecem ainda o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, o atual governador de Carabobo, Henrique Salas Feo, filho de Salas Römer, e o ex-presidente da PDVSA (a gigante estatal do Petróleo) Guaicaipuro Lameda.

Outros nomes que mantêm forte respaldo popular e que poderiam eventualmente se aventurar em uma candidatura são o presidente da Fedecámaras (principal associação empresarial do país), Carlos Fernández, e o da CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela), Carlos Ortega.

Também há uma série de oficiais militares descontentes que se rebelaram contra Chávez nos últimos meses e que vêm participando ativamente das articulações políticas da oposição.

"O que não falta é candidato a presidente. Por ambição de poder, eles não conseguem articular uma oposição civil organizada homogênea", disse à Folha Freddy Bernal, prefeito do Município Libertador, distrito central de Caracas, e um dos mais ativos aliados de Chávez.

Os chavistas apontam as divisões entre os opositores como o principal fator que impede o diálogo com o governo. "Eles não sabem o que querem. Um aponta numa direção e outro aponta para outra", afirma Bernal.

Candidato comum
Para a analista política Maria Teresa Romero, a oposição terá de chegar a um acordo e apresentar um candidato comum se quiser vencer Chávez em uma eventual eleição. "Seria burrice política não se unirem, porque as pesquisas mostram que, se estiverem separados, Chávez vence", afirma.

Das diversas correntes que se digladiam pela liderança da oposição, os analistas consideram que é possível agrupá-las em dois aglomerados principais: os antichavistas clássicos, adversários de primeira hora do presidente, e os neo-antichavistas, antigos aliados que passaram à oposição.

Entre os principais candidatos potenciais, Mendoza e Peña seriam representantes do grupo neo-antichavista, e Salas Römer e Borges, do grupo antichavista clássico.

Apesar das manifestações da oposição pedindo sua renúncia e a convocação de eleições, Chávez tem mandato até 2007 e diz que não cederá à pressão. Segundo ele, a Constituição só permite um eventual referendo sobre sua permanência na Presidência a partir de agosto de 2003, quando o mandato chega à metade.

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