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19/10/2002 - 08h10

Exército avança em bairro de Medellín

da Folha de S.Paulo

As forças de segurança colombianas continuavam ontem avançando na Comuna 13, bairro da periferia de Medellín cujo controle era disputado havia meses entre grupos paramilitares de direita e guerrilheiros de esquerda. Desde quarta-feira, ao menos 15 pessoas morreram - quatro militares, um civil e dez supostos milicianos- e dezenas ficaram feridas.

Dezenas de pessoas suspeitas de pertencer a algum grupo armado foram presas durante as buscas realizadas casa a casa pelas tropas do Exército e da Polícia Nacional envolvidas na operação. Muitos suspeitos se faziam passar por moradores para escapar.

A operação militar, ordenada pelo presidente Álvaro Uribe, tem como objetivo retomar o controle do Estado sobre a região, onde vivem cerca de 100 mil dos 2 milhões de moradores de Medellín, a segunda maior cidade do país. Cerca de 3.000 soldados participam da operação, com o auxílio de aviões e helicópteros.

Os combates na Comuna 13 estão sendo considerados os mais intensos em área urbana das cerca de quatro décadas de guerra civil no país. Até alguns meses atrás, os confrontos estavam restritos às áreas rurais do país.

Segundo o Exército, mais de 300 moradores do bairro já morreram desde o início do ano em razão das constantes trocas de tiros na guerra entre guerrilheiros e paramilitares pelo controle da zona.

Militares disseram ontem à rede de TV RCN ter libertado uma família com 13 membros mantida refém dentro de sua casa por guerrilheiros havia 15 dias.

Os intensos tiroteios verificados desde quarta-feira diminuíram ontem, mas as escolas e o comércio permaneceram fechados, e muitos moradores se mantiveram escondidos em suas casas.

"A situação está difícil. Queremos falar, mas não podemos porque temos medo de morrer. Quem falar alguma coisa, morre", disse à "Folha de S.Paulo", por telefone, uma moradora do bairro, que pediu para não ser identificada.

Mas sua mãe, Irene Gaviria Flores, 74, moradora do bairro Pablo Escobar, a cerca de 25 minutos dali, afirmou que a filha não sai de casa há três dias e que a parede do imóvel foi atingida por tiros.

"Ela está quase sem comida e não pode sair para comprar, por causa dos tiros. Ela está só com dois baldes dentro de casa, um para tomar água e outro para urinar", disse.

O prefeito de Medellín, Luis Pérez, anunciou ontem a adoção de lei seca e toque de recolher durante o fim de semana na Comuna 13 para tentar conter a violência.

Ele disse ainda estar estudando um plano para ajudar ex-membros das milícias urbanas a encontrar empregos e se reintegrar à vida civil. "Todas as causas que justificam a guerra para as pessoas violentas precisam ser erradicadas", disse Pérez.

O escritório do Alto Comissariado da ONU em Bogotá afirmou ontem que a solução dos problemas nos bairros periféricos de Medellín deve vir pelo diálogo, e não pela via armada.

"O escritório lembra ao Estado sua obrigação primordial de proteger a população civil e de não expô-la aos perigos bélicos, assim como garantir os seus direitos fundamentais", diz um comunicado do organismo.

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