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25/10/2002 - 04h01

Para analistas, Moscou terá de mostrar moderação

MÁRCIO SENNE DE MORAES
da Folha de S.Paulo

Embora normalmente não demonstrem muita moderação no tratamento que reservam aos rebeldes tchetchenos, desta vez, as autoridades russas deverão ser mais prudentes em seus esforços para resolver a crise provocada pela tomada de centenas de reféns num teatro de Moscou, segundo analistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.

"O teatro se situa num bairro de classe média de Moscou, no qual vivem muitas famílias, não num ponto obscuro do sudoeste da Rússia, onde ocorreu a trágica invasão de um hospital em 1995 [na qual mais de 120 pessoas morreram após combates entre forças russas e guerrilheiros tchetchenos]", disse Andrew Bennett, professor de política russa na Universidade de Georgetown (EUA).

"Seria muito impopular provocar a morte de dezenas _talvez centenas_ de pessoas numa ação armada, em Moscou, para pôr fim ao impasse. Por enquanto, creio que o governo russo deva ser comedido, não ordenando um ataque que causaria muitas baixas."

Mas, como salientou Mark Kramer, da Universidade Harvard (EUA), se os rebeldes começarem a matar os reféns, a reação russa poderá ser violenta, pois isso seria "legítimo ante as circunstâncias".

"Trata-se de uma guerra sangrenta. Há quase uma década, ambos os lados têm-se mostrado brutais. Como o teatro invadido é em Moscou, os russos terão de moderar suas ações. Todavia, se os tchetchenos começarem a matar os reféns, as autoridades russas poderão ver-se forçadas a agir. E receio que essa ação possa ser muito dura", afirmou Kramer.

Contudo nem todas as perspectivas são tão sombrias. Para Bennett, o presidente Vladimir Putin poderá "seguir o exemplo do ex-premiê Viktor Tchernomirdin". Este utilizou a invasão do hospital de Budennovsk, as mortes por ela causadas e outros ataques terroristas cometidos pelos tchetchenos para negociar o fim da guerra. O primeiro conflito na Tchetchênia ocorreu de 1994 a 1996.

"Parte da opinião pública russa que apoiava a ação na Tchetchênia em 1999 [ano do início da segunda guerra na república secessionista] está cansada de um conflito infindável, no qual as chances de vitória são ínfimas. Assim, talvez Putin decida negociar com os tchetchenos moderados, buscando esvaziar os argumentos dos terroristas. Ele já admitiu que nem todos os tchetchenos são terroristas, o que, nesse caso, é um enorme avanço", avaliou Bennett.
 

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