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26/10/2002 - 02h57

Maioria dos rebeldes tchetchenos morreu na invasão do teatro

da Folha Online

Ainda é incerto o número de mortos e feridos na operação de resgate dos 700 reféns mantidos por um grupo de rebeldes tchetchenos no interior de um teatro em Moscou desde a última quarta-feira. Na ação, pelo menos dez reféns e 36 sequestradores podem ter morrido.

Segundo o vice-ministro russo do Interior, Vladimir Vassiliev, o líder do grupo, Movsar Baraiev, e todas as mulheres que carregavam cinturões com explosivos foram mortos.

Alguns rebeldes teriam escapado, usando reféns como escudos humanos. "Não se pode descartar a fuga de alguns sequestradores. Alguns conseguiram escapar", disse Vassiliev.

"Também prendemos alguns que tentavam se passar por jornalistas. Os que fugiram, devem se render para garantir sua vida. Do contrário, serão considerados criminosos de guerra muito perigosos."

O porta-voz do FSB (serviço secreto russo), Pavel Kudriavtsev, confirmou a prisão de vários separatistas tchetchenos. Outro porta-voz do FSB, Sergei Ignachenko, disse que a operação das forças especiais durou cerca de uma hora.

Antes da invasão ao teatro, as tropas russas injetaram gás no interior do teatro, revelou a rádio Eco de Moscou.

"Um gás foi injetado no teatro e pedimos que tudo não terminasse como no Kursk [o submarino que afundou em agosto de 2000]", disse Natacha Skobtseva, jornalista da rádio que estava dentro do prédio.

"Tivemos a clara impressão de que as forças especiais iniciariam o assalto. Percebi um tipo de gás e pensei: eles não querem que a gente saia daqui. Começamos a correr", disse Ania, uma outra refém.

Um responsável da célula de crise havia anunciado antes que o comando tchetcheno estava executando os reféns no interior do teatro, o que deflagrou a operação das forças especiais russas.

Os rebeldes ameaçavam explodir bombas colocadas no centro do edifício, além das minas plantadas nas portas do local, caso fossem atacados. A maioria dos explosivos foi desativada.

Esquadrão suicida
Os rebeldes tchetchenos _intitulados Comando Suicida da 29ª Divisão_ ameaçavam matar os reféns neste sábado se o presidente russo, Vladimir Putin, não cumprisse a exigência de retirar as tropas da província separatista da Tchetchênia, ao sul da Rússia.

Mas em conversa telefônica com o primeiro-ministro do Canadá, Jean Chrétien, Putin disse que descartava oferecer qualquer recompensa aos rebeldes em troca de reféns.

A situação era especialmente constrangedora para o presidente russo, que chegou ao Kremlin há três anos com a promessa de derrotar os rebeldes tchetchenos.

Há oito anos Moscou trava combates com militantes separatistas muçulmanos tchetchenos. A tomada do teatro em Moscou foi a operação mais audaciosa dos rebeldes desde a primeira guerra na Tchetchênia (1994-1996).

O prazo para o cumprimento da exigência venceria na manhã de hoje (início da madrugada no horário de Brasília). Segundo Anna Politkovskaya, uma jornalista que atuava como negociadora, os rebeldes alertaram que "tomariam sérias medidas" a partir das 6h do sábado (23h de sexta-feira, em Brasília).

Os rebeldes chegaram ainda a matar uma mulher que tentava fugir. O corpo dela foi retirado na sexta-feira à tarde, com tiros no peito e na mão. Duas outras conseguiram escapar.

Apesar das ameaças, os rebeldes chegaram a libertar cerca de 150 reféns. Cerca de 75 das pessoas que estavam em poder dos rebeldes são estrangeiros.

  Veja galeria de fotos da ação em Moscou

Com agências internacionais

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