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Corte de Mianmar condena comediante a 45 anos de prisão
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da Reuters, em Yangun
Uma corte militar secreta de Mianmar condenou nesta sexta-feira o comediante e ativista Zarganar a 45 anos de prisão. Essa foi a última de uma série de longas sentenças de prisão contra mais de cem dissidentes, segundo informações dos parentes dos condenados.
Zarganar, cujo verdadeiro nome é Ko Thura, foi preso em junho, depois de coordenar assistência privada às vítimas do ciclone Nargis, cuja passagem pelo delta do rio Irrawaddy matou 140 mil pessoas em maio.
A polícia apreendeu o computador do comediante e vários filmes proibidos no país, incluindo o último "Rambo", que mostra o personagem veterano da guerra do Vietnã interpretado por Sylvester Stallone combatendo a Junta Militar do país em apoio a rebeldes cristãos da etnia karen.
"Ele pegou 45 anos por apenas três acusações. Mais sentenças vão ser decididas em quatro acusações restantes, na segunda-feira (24)", disse Ma Nyein, irmã de Zarganar.
A família do comediante disse que também foi apreendida a cópia de um vídeo do casamento da filha do chefe da Junta Militar que governa o país. O vídeo, que mostra cerimônia suntuosa, com a noiva usando várias peças de diamante, causou indignação entre a população de um dos países mais pobres da Ásia.
A mesma corte dentro da notória prisão de Insein, localizada na ex-capital Yangun, também sentenciou dois outros dissidentes, um jornalista, a 15 anos de prisão, e outro homem, a 29, disse Ma Nyein.
Grupos de direitos humanos dizem que a grande extensão das penas de prisão visa eliminar toda oposição política antes da eleição marcada para 2010, a última fase do "mapa para a democracia", apresentado pela Junta como uma forma de dar fim a quase meio século de comando militar. Os governos ocidentais consideram o mapa uma farsa.
Outros dissidentes foram considerados culpados esta semana, incluindo um astro do hip hop, condenado a seis anos de prisão por participar de um grupo político de jovens, disse nesta sexta-feira um porta-voz oposicionista.
No total, mais de cem pessoas de todo o espectro político clandestino, incluindo 20 mulheres e monges budistas, foram condenados a mais de 65 anos de prisão.
Os ativistas mais conhecidos foram enviados para os locais mais distantes do país, tornando quase impossível para os parentes levar-lhes remédios e alimentos.
Os Estados Unidos e países europeus condenam os julgamentos a portas fechadas, embora os países vizinhos façam poucos comentários sobre o assunto.
Desde 1962, o Mianmar é governado por militares. A AAPP (Associação de Assistência aos Presos Políticos) diz que há mais de 2 mil presos políticos em Mianmar, mas o governo os considera criminosos comuns.
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