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28/10/2002 - 08h13

Putin declara guerra aos terroristas "onde quer que estejam"

da Folha Online

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou hoje na Rússia que vai tomar "as medidas necessárias" contra os terroristas, "onde quer que estejam", numa reunião do governo depois da tomada de reféns em Moscou, informou a Interfax.

"O terrorismo internacional está se tornando cada vez mais audacioso, mais cruel, aqui e no mundo ameaça (o terrorismo) empregar recursos comparáveis às armas de destruição em massa. Se alguém tentar usar tais meios contra nosso país, a Rússia vai responder com as medidas adequadas contra os terroristas e seus suportes ideológico e financeiro, onde quer que estejam", declarou o presidente.

Hoje, o governo divulgou um novo relatório com o número de pessoas que ainda estão hospitalizadas em Moscou, após a ação da polícia russa contra os rebeldes tchetchenos que mantinha cerca de 800 pessoas presas em um teatro de Moscou.

Segundo o comunicado russo, 405 pessoas ainda estão hospitalizadas, das quais nove são crianças ou adolescentes.

Ontem, o governo russo disse que 117 pessoas morreram devido a ação dos rebeldes tchetchenos: 115 pessoas morreram intoxidas pelo gás utilizado pelos militares russos. Antes disso, uma mulher morreu baleada pelos rebeldes na quinta-feira (24), e outro refém já havia sido morto, também baleado, no dia da invasão do grupo rebelde ao teatro. A ação matou também 50 sequestradores, totalizando, até o momento, 167 mortes.

O gás utilizado pela a polícia de elite de Moscou é um entorpecente psicofísico, segundo Olivier Lepick, especialista em armas químicas e biológicas na fundação para a pesquisa estratégica.

"Pode se tratar do BZ (bencilato de quinuclidinilo), que provoca, por um lado, uma forte confusão mental, uma incapacidade de ação, e por outro efeito sedativo", disse Olivier Lepick, pesquisador que se apóia nos depoimentos dos reféns e nos sintomas descritos por aqueles que estão hospitalizados.

"A Rússia ainda não informou que tipo de gás tinha utilizado porque o BZ, assim como a maioria dos gases entorpecentes, faz parte da lista de produtos que figuram na convenção de proibição de armas químicas",disse.

Estrangeiros
Também foi confirmada ontem a morte de duas reféns estrangeiras, apesar do governo russo ter afirmado ontem que nenhum dos 75 que estavam no local havia morrido. Segundo a Embaixada da Holanda, Natalia Jyrov, 38, que estava no teatro na companhia de seu filho morreu na ação. Além dela, morreu no hospital uma menina de 13 anos do Cazaquistão, Alexandra Litiaga, que fazia parte do grupo de reféns , segundo informações do site do jornal "Gazeta.ru". Ela estava no teatro em companhia da mãe, ainda hospitalizada em estado grave, segundo a Embaixada do Cazaquistão.

A operação teve início no sábado pouco antes de 6h (23h de sexta-feira, em Brasília), começaram a disparar tiros como resposta ao não-cumprimento de sua exigência, que era a retirada russa do território da Tchetchênia.

Os tiros e algumas explosões deflagraram a operação, fazendo com que forças especiais russas utilizassem gás paralisante e invadissem o teatro.

Três militantes foram presos pelo FSB (serviço secreto russo) e outros dois teriam escapado, misturando-se aos civis. Centenas de pessoas foram levadas a hospitais de Moscou _algumas em estado grave.

Apesar de o alto número de mortos, a ação foi considerada bem-sucedida pelos políticos do país.

Logo após o resgate, o vice-ministro do Interior, Vladimir Vasiliev, disse que sentia pela morte dos reféns, mas que "mais de 750 pessoas" foram salvas.

Já o presidente Vladimir Putin, em pronunciamento à nação, pediu desculpas aos parentes das vítimas. Porém, segundo ele, a crise teria mostrado que a Rússia "não pode ser forçada a se ajoelhar".

Conflito
Em dezembro de 1994, a Rússia deu início à guerra contra a república independentista da Tchetchênia. O conflito durou 21 meses, deixou milhares de mortos e terminou com a retirada dos russos. A Tchetchênia passou a gozar de ampla autonomia.

Em setembro 1999, o então primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, ordenou nova ofensiva militar contra a Tchetchênia, considerada uma república rebelde, alegando que ela abrigaria rebeldes islâmicos que pretendiam estabelecer um Estado fundamentalista no Daguestão, república russa vizinha à Tchechênia.

Segundo o governo da Rússia, os rebeldes seriam responsáveis pelos atentados terroristas que deixaram quase 300 mortos no país, em 1999.

Após quase três anos de combates, Moscou domina a maior parte da região, incluindo a capital, Grosni, e as principais cidades.

Com agências internacionais

 

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