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25/07/2000 - 17h23

Saiba tudo sobre o Concorde

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MARCOS RESENDE
especial para a Folha Online*

Projeto britânico-francês desenvolvido nos anos 60, o Concorde é uma aeronave civil de cruzeiro supersônico, com configuração de asa em delta, sem estabilizador horizontal convencional, quadrimotora com pós combustão.

Seu primeiro vôo ocorreu em Toulouse, França, no dia 2 de março de 1969. Este primeiro protótipo encontra-se no Museu Aeroespacial da França, em Le Bourget.

O Concorde não foi, na realidade, a primeira aeronave de transporte civil supersônica a levantar vôo. Este feito cabe ao Tupolev TU-144, projeto da União Soviética que efetuou seu primeiro vôo em 31 de dezembro de 1968. Um acidente em 6 de março de 1973 afetou o desenvolvimento do aparelho soviético, o que tornaria o Concorde o único avião civil supersônico em atividade comercial regular. Em 1968, 74 encomendas foram firmadas por 16 companhias aéreas interessadas no Concorde.

A despeito do sucesso técnico da aeronave, pressões da indústria aeroespacial norte-americana, bem como os grandes aumentos no preço dos combustíveis provocados pela crise internacional do petróleo nos anos 70, levaram as empresas de transporte aéreo a cancelar suas encomendas do novo avião em 1977. Apenas as estatais British Airways (Inglaterra) e Air France (França) confirmaram seus pedidos.

Em 22 de novembro de 1977, o Concorde foi autorizado a operar o primeiro serviço supersônico regular de passageiros sobre o Atlântico norte, nas linhas Londres-Nova York e Paris-Nova York.

Até o acidente de hoje existiam 13 aeronaves Concorde: 7 da British Airways e 6 da Air France.

Em sua velocidade normal de cruzeiro de mach 2.02, que corresponde a pouco mais de duas vezes a velocidade do som, o Concorde é capaz de cumprir a rota Paris-Nova York em 3 horas e 45 minutos, contra uma média de 7 horas e 25 minutos no Boeing 747 'Jumbo', o segundo avião comercial mais rápido (e o maior). O Concorde, nesse trecho, gasta quase a mesma quantidade de combustível que o 747, mas está transportando apenas 100 passageiros, enquanto mais de 350 passageiros estariam acomodados no Jumbo.

A velocidade tem seu preço, no caso um consumo de combustível altíssimo, da ordem de 20 mil quilos de querosene por hora.

O Concorde voa muito alto, tipicamente entre 16 e 17 mil metros de altitude, acima dos níveis mais turbulentos frequentados pelos outros jatos, que operam entre 11 e 14 mil metros. Como apenas o Concorde é capaz de subir tanto, não enfrenta os problemas de congestionamento de níveis de vôo, tão comum nas supermovimentadas rotas sobre o Atlântico Norte. Ele voa só em seu espaço, subindo sempre à medida que se torna mais leve, devido ao consumo de combustível durante o vôo.

A temperatura do ar diminui com a elevação da altitude, e o Concorde encontra temperaturas do ar de -56ºC, voando na tropopausa. Porém, devido ao aquecimento provocado pelo atrito do ar em grandes velocidades (ram rise effect), a temperatura das superfícies externas do Concorde é muito alta, chegando 130ºC na área do nariz do avião, daí o uso de um segundo conjunto de pára-brisas escamoteável resistente a altas temperaturas, que cobre os pára-brisas convencionais durante o vôo. Esse conjunto é operado com toda a seção de nariz, se abaixando para permitir que os pilotos vejam a pista durante as manobras de decolagem e pouso.

O Concorde mostrou, ao longo de mais de 25 anos de serviço, suas qualidades, robustez e a confiabilidade. Sua pequena frota transportou mais de 3,7 milhões de passageiros e acumulou mais de 200 mil horas de vôo, mais de 140 mil em regime supersônico, com um histórico de segurança que segue entre os melhores da aviação comercial, e continua sendo o mais veloz meio de transporte civil em atividade. Difícil superar tal desempenho.

Informações Técnicas:
Comprimento: 62,19 m
Envergadura: 25,56 m
Altura: 11,32 m
Área da asa: 3.856 square feet
Largura máxima da fuselagem: 2.63 m
Motores: 4 unidades Rolls Royce/SNECMA Olympus 593, produzindo 38.000 lbs de empuxo em pós-combustão cada
Peso máximo estrutural de decolagem: 186.000 kg
Peso máximo estrutural de pouso: 111.000 kg
Capacidade total dos tanques de combustível: 96.000 kg
Alcance no peso máximo de decolagem: 3.740 nm (6.732 km)
Teto máximo operacional: 59.000 ft (19.202 m)
Velocidade de cruzeiro: mach 2.02 ( 2.146 km/h)
Velocidade máxima operacional: mach 2.5
Assentos: configuração típica de 100 assentos, 2x2, corredor único, pitch 94 cm
Tripulação: 3 tripulantes técnicos, 6 comissários

* Marcos Resende é piloto de aviação comercial

Clique aqui para ler página especial sobre o acidente.

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