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13/11/2002 - 05h02

Governo colombiano não tem plano contra sequestro, diz ONG

ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo

O governo Álvaro Uribe, iniciado há três meses, vem comemorando resultados importantes de sua política de pulso firme contra os grupos armados ilegais, mas, até agora, não apresentou um plano concreto de combate aos sequestros. A avaliação é de David Buitrago, diretor jurídico da Fundação País Livre, organização não-governamental de apoio a sequestrados e familiares.

Apesar das críticas, ele elogia a posição de Uribe de não ceder às pressões para trocar sequestrados por guerrilheiros presos, como desejam as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

A Colômbia é o país com o maior número de sequestros no mundo -cerca de 3.000 por ano. Ao redor de mil pessoas estão atualmente em cativeiro.

Leia a seguir entrevista concedida ontem por Buitrago à Folha de S.Paulo, por telefone, de Bogotá:

Folha - A Colômbia já está há mais de 90 dias em estado de exceção, período no qual o governo adotou uma série de medidas para combater a violência. O sequestro do monsenhor Jorge Jiménez indica que o governo falhou?
David Buitrago - Até agora, o governo está assumindo uma posição ofensiva, que vem se traduzindo em resultados como capturas e mortes de rebeldes e uma diminuição de 12% no número de sequestros. Porém ainda não se conhece a política do governo para enfrentar os sequestros.

Folha - A atitude do governo de rechaçar as propostas de troca de sequestrados por rebeldes presos é positiva ou negativa para o controle desse tipo de crime?
Buitrago - Eventuais acordos para a troca de sequestrados por guerrilheiros seriam inconvenientes para o país, porque poderiam estimular os sequestros. Um acordo somente seria aceitável se fossem incluídos todos os sequestrados, de uma só vez e com o compromisso de que acabem definitivamente com os sequestros.

Folha - Esse sequestro indica que as Farc estão centrando seus esforços em alvos mais valiosos como moeda de troca e deixando de lado os sequestros em massa?
Buitrago - Esse é um comportamento que as Farc podem assumir, buscando pessoas específicas com valor representativo em termos políticos ou econômicos. Neste momento, as Farc mantêm silêncio total. Não sabemos se estão se reestruturando, se estão preparando alguma grande ofensiva ou em que condição estão.

Folha - Até agora, a guerrilha vinha respeitando membros da igreja. Esse sequestro mostra a derrubada dessa barreira?
Buitrago - Acho que essa linha já foi ultrapassada há muito tempo. Ainda não se conhece a motivação do sequestro do monsenhor Jiménez, mas esperamos que tenha sido um engano e que ele seja libertado logo. É inadmissível que um membro da igreja seja sequestrado, ainda mais em um país como a Colômbia, onde a igreja tem a importância que tem.

Leia mais no especial Colômbia
 

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