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26/11/2002
-
16h34
da France Presse, em Jerusalém
Três anos depois de deixar o poder, Binyamin Netanyahu voltou ao cenário político defendendo uma linha de ação firme ante os palestinos, a ponto de fazer parecer moderado o adversário e atual primeiro-ministro, Ariel Sharon.
Mas todas as pesquisas sobre as eleições primárias de quinta-feira (28) do partido Likud (direita) - das quais surgirá o candidato às legislativas antecipadas de 28 de janeiro - demonstram que sua tática está condenada ao fracasso.
Até os 300 mil filiados do Likud não escondem a desconfiança em relação a este "filho rebelde" da direita.
Netanyahu, 53, aceitou no início de novembro uma oferta surpreendente de Sharon, 74 anos: a de substituir Shimon Peres no ministério das Relações Exteriores, depois que os trabalhistas abandonaram a coalizão governamental.
O cargo deu-lhe relevância, mas também problemas, já que é difícil fazer campanha contra o primeiro-ministro quando se aceita fazer parte de seu governo.
De fato, o "fogoso" Netanyahu foi habilmente manejado por Sharon desde o começo da campanha.
Em primeiro lugar, Netanyahu centrou suas críticas na economia, num momento em que o Estado hebreu vive a pior crise econômica de sua história. Vendo que esta tática não rendia frutos, num país onde atentados palestinos arruinam a vida diária dos cidadãos, optou por atacar as questões de segurança.
Passou a prometer que, se eleito primeiro-ministro, expulsaria o líder palestino Iasser Arafat. Dias depois, criticou as intenções de Sharon, que pretende aprovar a criação de um Estado palestino, a que Netanyahu se opõe de corpo e alma.
Com isto, o político corre o risco de não agradar os Estados Unidos, uma vez que Washington se opõe à expulsão de Arafat e aceita a criação de um Estado palestino independente até 2005.
Sua campanha, emocionada e radical, obteve o efeito contrário do desejado: apresentar Sharon como um político responsável.
Derrota eleitoral
Netanyahu, que se tornou em 1996 o primeiro-ministro mais jovem da história de Israel, deverá esperar alguns anos para fazer esquecer sua derrota eleitoral de maio de 1999 para o trabalhista Ehud Barak.
Além disso, está pagando as consequências de uma administração desastrosa e de idéias que dividiram profundamente a sociedade israelense.
Partidário do "Grande Israel", Netanyahu fez todo o possível para frear o processo de paz nascido dos acordos de Oslo de 1993 sobre a autonomia palestina.
No entanto, suas convicções foram abaladas por pressões norte-americanas, que o obrigaram a assinar dois acordos com Arafat: a cessão aos palestinos de 80% da cidade de Hebron (Cisjordânia) e o acordo de Wye Plantation (EUA, 1998).
Ao fracasso eleitoral, em 1999, seguiram problemas com a Justiça. Netanyahu e sua mulher, Sara, foram investigados por corrupção, embora o processo tenha sido arquivado por falta de provas.
Vindo da elite ashkenazita, formada por judeus da Europa Central e oriental, Binyamin Netanyahu passou toda a juventude nos Estados Unidos, onde adquiriu um inglês impecável e aperfeiçoou os dotes de orador, graças a seus estudos de técnicas de comunicação.
Tudo isso lhe permitiu em 1982 iniciar uma carreira diplomática na embaixada de Israel e representar seu país na ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York.
A partir de então, sua ascensão foi fulgurante: eleito deputado em 1988, tornou-se, quatro anos depois, chefe do Likud, antes de ser nomeado no dia 29 de maio de 1996 chefe do governo israelense ao derrotar o trabalhista Shimon Peres.
Leia mais no especial Oriente Médio
Análise: Netanyahu é o "filho rebelde" da direita de Israel
CHRISTIAN CHAISEda France Presse, em Jerusalém
Três anos depois de deixar o poder, Binyamin Netanyahu voltou ao cenário político defendendo uma linha de ação firme ante os palestinos, a ponto de fazer parecer moderado o adversário e atual primeiro-ministro, Ariel Sharon.
Mas todas as pesquisas sobre as eleições primárias de quinta-feira (28) do partido Likud (direita) - das quais surgirá o candidato às legislativas antecipadas de 28 de janeiro - demonstram que sua tática está condenada ao fracasso.
Até os 300 mil filiados do Likud não escondem a desconfiança em relação a este "filho rebelde" da direita.
Netanyahu, 53, aceitou no início de novembro uma oferta surpreendente de Sharon, 74 anos: a de substituir Shimon Peres no ministério das Relações Exteriores, depois que os trabalhistas abandonaram a coalizão governamental.
O cargo deu-lhe relevância, mas também problemas, já que é difícil fazer campanha contra o primeiro-ministro quando se aceita fazer parte de seu governo.
De fato, o "fogoso" Netanyahu foi habilmente manejado por Sharon desde o começo da campanha.
Em primeiro lugar, Netanyahu centrou suas críticas na economia, num momento em que o Estado hebreu vive a pior crise econômica de sua história. Vendo que esta tática não rendia frutos, num país onde atentados palestinos arruinam a vida diária dos cidadãos, optou por atacar as questões de segurança.
Passou a prometer que, se eleito primeiro-ministro, expulsaria o líder palestino Iasser Arafat. Dias depois, criticou as intenções de Sharon, que pretende aprovar a criação de um Estado palestino, a que Netanyahu se opõe de corpo e alma.
Com isto, o político corre o risco de não agradar os Estados Unidos, uma vez que Washington se opõe à expulsão de Arafat e aceita a criação de um Estado palestino independente até 2005.
Sua campanha, emocionada e radical, obteve o efeito contrário do desejado: apresentar Sharon como um político responsável.
Derrota eleitoral
Netanyahu, que se tornou em 1996 o primeiro-ministro mais jovem da história de Israel, deverá esperar alguns anos para fazer esquecer sua derrota eleitoral de maio de 1999 para o trabalhista Ehud Barak.
Além disso, está pagando as consequências de uma administração desastrosa e de idéias que dividiram profundamente a sociedade israelense.
Partidário do "Grande Israel", Netanyahu fez todo o possível para frear o processo de paz nascido dos acordos de Oslo de 1993 sobre a autonomia palestina.
No entanto, suas convicções foram abaladas por pressões norte-americanas, que o obrigaram a assinar dois acordos com Arafat: a cessão aos palestinos de 80% da cidade de Hebron (Cisjordânia) e o acordo de Wye Plantation (EUA, 1998).
Ao fracasso eleitoral, em 1999, seguiram problemas com a Justiça. Netanyahu e sua mulher, Sara, foram investigados por corrupção, embora o processo tenha sido arquivado por falta de provas.
Vindo da elite ashkenazita, formada por judeus da Europa Central e oriental, Binyamin Netanyahu passou toda a juventude nos Estados Unidos, onde adquiriu um inglês impecável e aperfeiçoou os dotes de orador, graças a seus estudos de técnicas de comunicação.
Tudo isso lhe permitiu em 1982 iniciar uma carreira diplomática na embaixada de Israel e representar seu país na ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York.
A partir de então, sua ascensão foi fulgurante: eleito deputado em 1988, tornou-se, quatro anos depois, chefe do Likud, antes de ser nomeado no dia 29 de maio de 1996 chefe do governo israelense ao derrotar o trabalhista Shimon Peres.
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