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13/12/2002
-
15h21
O cardeal de Boston, monsenhor Bernard Law, 72, que renunciou hoje com a reputação arruinada pelos casos de padres pedófilos em sua arquidiocese, era até este ano uma das figuras mais respeitadas da Igreja Católica norte-americana.
A reputação deste conservador, próximo do papa João Paulo 2º, começou a ser arranhada a partir de janeiro devido às acusações de abusos sexuais por membros do clero. Sua renúncia foi pedida inclusive por sacerdotes que trabalhavam sob seu comando.
Law foi nomeado cardeal pelo pontífice em 1985, um ano depois de tornar-se arcebispo de Boston (Massachusetts, nordeste dos EUA), onde tinha milhões de católicos sob sua influência.
Depois da morte do cardeal de Nova York, John O'Connor, em maio de 2000, Law "tornou-se o cardeal mais influente dos Estados Unidos", segundo Richard McBrien, professor de Teologia da Universidade de Notre-Dame e especialista na Igreja Católica norte-americana.
Defensor dos direitos dos pobres e desamparados, Law era uma figura conservadora da Igreja e era contra o aborto, a ordenação de mulheres, os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e o fim do celibato entre os sacerdotes.
Ele chegou a proibir que os defensores da ordenação de mulheres se reunissem em propriedades da Igreja e exortou os católicos a votarem contra os candidatos democratas para Casa Branca em 1984 - Walter Mondale e Geraldine Ferraro -, que defendiam o aborto. Em 1996, Law liderou uma marcha contra o aborto e pelo direito à vida em Washington.
Na política, Law era mais liberal. Foi um crítico da política norte-americana para a América Latina nos anos 80 e se opunha ao embargo econômico a Cuba. Ele conversou várias vezes por telefone com o presidente de Cuba, Fidel Castro.
Depois de formar-se em história por Harvard, Law decidiu entrar para a Igreja e foi ordenado sacerdote em 1961. Aos 30 anos, assumiu a paróquia do Mississipi, quando os movimentos de direitos civis dos negros eram bastante atuantes. Na época, suas denúncias contra a discriminação racial lhe renderam uma série de ameaças de morte.
Em 1969, Law tornou-se diretor-executivo para assuntos inter-raciais e ecumênicos da Conferência Episcopal e dois anos depois voltou para o Mississipi.
Sua ascensão na hierarquia da Igreja começou em 1973 quando foi nomeado bispo da diocese de Springfield-Cape Girardeau, no Missouri. Desde então, teve grande influência na Igreja dos EUA. Com os escândalos de pedofilia, no entanto, sua reputação foi seriamente afetada, levando-o a abir mão de seu cargo.
Conheça o cardeal de Boston, que renunciou após escândalos
da France Presse, em Boston (EUA)O cardeal de Boston, monsenhor Bernard Law, 72, que renunciou hoje com a reputação arruinada pelos casos de padres pedófilos em sua arquidiocese, era até este ano uma das figuras mais respeitadas da Igreja Católica norte-americana.
A reputação deste conservador, próximo do papa João Paulo 2º, começou a ser arranhada a partir de janeiro devido às acusações de abusos sexuais por membros do clero. Sua renúncia foi pedida inclusive por sacerdotes que trabalhavam sob seu comando.
Law foi nomeado cardeal pelo pontífice em 1985, um ano depois de tornar-se arcebispo de Boston (Massachusetts, nordeste dos EUA), onde tinha milhões de católicos sob sua influência.
Depois da morte do cardeal de Nova York, John O'Connor, em maio de 2000, Law "tornou-se o cardeal mais influente dos Estados Unidos", segundo Richard McBrien, professor de Teologia da Universidade de Notre-Dame e especialista na Igreja Católica norte-americana.
Defensor dos direitos dos pobres e desamparados, Law era uma figura conservadora da Igreja e era contra o aborto, a ordenação de mulheres, os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e o fim do celibato entre os sacerdotes.
Ele chegou a proibir que os defensores da ordenação de mulheres se reunissem em propriedades da Igreja e exortou os católicos a votarem contra os candidatos democratas para Casa Branca em 1984 - Walter Mondale e Geraldine Ferraro -, que defendiam o aborto. Em 1996, Law liderou uma marcha contra o aborto e pelo direito à vida em Washington.
Na política, Law era mais liberal. Foi um crítico da política norte-americana para a América Latina nos anos 80 e se opunha ao embargo econômico a Cuba. Ele conversou várias vezes por telefone com o presidente de Cuba, Fidel Castro.
Depois de formar-se em história por Harvard, Law decidiu entrar para a Igreja e foi ordenado sacerdote em 1961. Aos 30 anos, assumiu a paróquia do Mississipi, quando os movimentos de direitos civis dos negros eram bastante atuantes. Na época, suas denúncias contra a discriminação racial lhe renderam uma série de ameaças de morte.
Em 1969, Law tornou-se diretor-executivo para assuntos inter-raciais e ecumênicos da Conferência Episcopal e dois anos depois voltou para o Mississipi.
Sua ascensão na hierarquia da Igreja começou em 1973 quando foi nomeado bispo da diocese de Springfield-Cape Girardeau, no Missouri. Desde então, teve grande influência na Igreja dos EUA. Com os escândalos de pedofilia, no entanto, sua reputação foi seriamente afetada, levando-o a abir mão de seu cargo.
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