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17/12/2002
-
03h07
O Departamento da Defesa dos EUA estuda a possibilidade de utilizar as Forças Armadas em operações secretas de propaganda política realizadas em países aliados ou neutros. Há dez meses, o Departamento da Defesa pôs fim a uma agência governamental que tinha o mesmo objetivo.
As negociações envolvem um grande número de possíveis medidas, que poderiam incluir pagar jornalistas europeus por artigos favoráveis às políticas norte-americanas ou financiar livros ou escolas que defendam um islã menos radical do que o que é ensinado em algumas escolas de religião paquistanesas, de acordo com funcionários do Departamento da Defesa (que não quiseram identificar-se).
A proposta de usar militares para influenciar a opinião pública em países aliados existe há cerca de um ano e provoca divisões entre autoridades civis e militares, segundo as mesmas fontes.
Por enquanto, só há consenso sobre a participação de militares nas chamadas "operações psicológicas" realizadas em países inimigos ou em Estados nos quais uma operação militar está em curso. No entanto há dúvidas no que se refere à realização de operações secretas em países aliados ou neutros, pois isso poderia minar a credibilidade do Departamento da Defesa.
Na verdade, para que essas operações possam ser realizadas, basta uma revisão de uma diretiva confidencial do Departamento da Defesa, segundo funcionários do órgão. O debate sobre essa revisão foi noticiado ontem pelo diário "The New York Times".
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, é contrário à idéia de utilizar as Forças Armadas nesse tipo de operação, embora acredite que o governo norte-americano não esteja fazendo um bom trabalho no que diz respeito a mostrar ao restante do planeta quais são seus objetivos e como suas políticas são aplicadas, de acordo com pessoas ligadas ao Departamento da Defesa.
A idéia ainda não foi aprovada porque há uma corrente na administração dos EUA que crê que os esforços para influenciar a opinião pública internacional devam ser realizados pelo Departamento de Estado.
No entanto, segundo funcionários do Departamento de Estado (que também não quiseram identificar-se), o órgão não está preparado para fazê-lo, pois, além de não contar com pessoas especializadas aptas a fazê-lo, não tem dinheiro suficiente para financiar operações do gênero.
Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e a ofensiva norte-americana no Afeganistão, em todo o mundo, houve vários focos de desaprovação à política externa dos EUA. Entre os casos mais preocupantes está a oposição de alguns países árabes a certos aspectos da guerra ao terrorismo e a um eventual ataque ao Iraque.
Numa ampla pesquisa internacional divulgada no início deste mês, o Projeto Pew sobre Atitudes Globais descobriu que a popularidade dos EUA está caindo em diversos países, inclusive em alguns de seus mais próximos aliados.
Países muçulmanos
Esse fenômeno é particularmente forte em países muçulmanos. Na Jordânia, 75% dos entrevistados disseram ter uma opinião pouco favorável aos EUA. No Egito e no Paquistão, esse número chegou a 69%.
Mas uma opinião negativa sobre a política externa norte-americana também foi detectada em Estados tradicionalmente aliados dos EUA, como o Canadá, a Alemanha e o Reino Unido.
As críticas mais comuns a Washington são: os EUA são unilateralistas, apóiam políticas que só fazem aumentar a distância entre os ricos e os pobres e não se aplicam o suficiente para resolver os problemas do mundo.
Um programa do Pentágono que tinha o mesmo objetivo foi arquivado em fevereiro último, quando Rumsfeld mandou fechar o Escritório de Influência Estratégica. Ele foi criado para difundir notícias positivas sobre os EUA, mas causou indignação na comunidade internacional, pois, segundo relatos da mídia norte-americana, ele poderia fornecer informações falsas a jornalistas estrangeiros.
Com agências internacionais
Força dos EUA poderá agir em países aliados
da Folha de S.PauloO Departamento da Defesa dos EUA estuda a possibilidade de utilizar as Forças Armadas em operações secretas de propaganda política realizadas em países aliados ou neutros. Há dez meses, o Departamento da Defesa pôs fim a uma agência governamental que tinha o mesmo objetivo.
As negociações envolvem um grande número de possíveis medidas, que poderiam incluir pagar jornalistas europeus por artigos favoráveis às políticas norte-americanas ou financiar livros ou escolas que defendam um islã menos radical do que o que é ensinado em algumas escolas de religião paquistanesas, de acordo com funcionários do Departamento da Defesa (que não quiseram identificar-se).
A proposta de usar militares para influenciar a opinião pública em países aliados existe há cerca de um ano e provoca divisões entre autoridades civis e militares, segundo as mesmas fontes.
Por enquanto, só há consenso sobre a participação de militares nas chamadas "operações psicológicas" realizadas em países inimigos ou em Estados nos quais uma operação militar está em curso. No entanto há dúvidas no que se refere à realização de operações secretas em países aliados ou neutros, pois isso poderia minar a credibilidade do Departamento da Defesa.
Na verdade, para que essas operações possam ser realizadas, basta uma revisão de uma diretiva confidencial do Departamento da Defesa, segundo funcionários do órgão. O debate sobre essa revisão foi noticiado ontem pelo diário "The New York Times".
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, é contrário à idéia de utilizar as Forças Armadas nesse tipo de operação, embora acredite que o governo norte-americano não esteja fazendo um bom trabalho no que diz respeito a mostrar ao restante do planeta quais são seus objetivos e como suas políticas são aplicadas, de acordo com pessoas ligadas ao Departamento da Defesa.
A idéia ainda não foi aprovada porque há uma corrente na administração dos EUA que crê que os esforços para influenciar a opinião pública internacional devam ser realizados pelo Departamento de Estado.
No entanto, segundo funcionários do Departamento de Estado (que também não quiseram identificar-se), o órgão não está preparado para fazê-lo, pois, além de não contar com pessoas especializadas aptas a fazê-lo, não tem dinheiro suficiente para financiar operações do gênero.
Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e a ofensiva norte-americana no Afeganistão, em todo o mundo, houve vários focos de desaprovação à política externa dos EUA. Entre os casos mais preocupantes está a oposição de alguns países árabes a certos aspectos da guerra ao terrorismo e a um eventual ataque ao Iraque.
Numa ampla pesquisa internacional divulgada no início deste mês, o Projeto Pew sobre Atitudes Globais descobriu que a popularidade dos EUA está caindo em diversos países, inclusive em alguns de seus mais próximos aliados.
Países muçulmanos
Esse fenômeno é particularmente forte em países muçulmanos. Na Jordânia, 75% dos entrevistados disseram ter uma opinião pouco favorável aos EUA. No Egito e no Paquistão, esse número chegou a 69%.
Mas uma opinião negativa sobre a política externa norte-americana também foi detectada em Estados tradicionalmente aliados dos EUA, como o Canadá, a Alemanha e o Reino Unido.
As críticas mais comuns a Washington são: os EUA são unilateralistas, apóiam políticas que só fazem aumentar a distância entre os ricos e os pobres e não se aplicam o suficiente para resolver os problemas do mundo.
Um programa do Pentágono que tinha o mesmo objetivo foi arquivado em fevereiro último, quando Rumsfeld mandou fechar o Escritório de Influência Estratégica. Ele foi criado para difundir notícias positivas sobre os EUA, mas causou indignação na comunidade internacional, pois, segundo relatos da mídia norte-americana, ele poderia fornecer informações falsas a jornalistas estrangeiros.
Com agências internacionais
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