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Morales reúne ministros para discutir como aplicar Constituição
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da Efe, em La Paz
da Folha Online
O presidente da Bolívia, Evo Morales, começou nesta terça-feira a elaborar com seu governo um plano para aplicar a nova Constituição, ao passo que suas bases ameaçaram se mobilizar caso a oposição bloqueie a entrada em vigor do novo texto.
O chefe de Estado convocou todos os seus ministros e vários funcionários de alto nível para uma reunião a portas fechadas nos arredores de La Paz, com o objetivo de definir os passos do governo para implementar a Carta Magna.
Com 86,43% da apuração do referendo de domingo concluída, o "sim" ao novo texto constitucional soma 60,99% dos votos (1.834.133), ao passo que o "não" totaliza 39,01% (1.173.053), segundo dados da Corte Nacional Eleitoral (CNE).
Os resultados parciais coincidem com os anunciados pelas pesquisas de boca-de-urna, que foram usados por Morales para proclamar a vitória da Carta Magna, com a qual pretende "refundar" seu país.
Sem mudanças
O governante abriu a reunião com um discurso no qual ratificou que só dialogará com a oposição para discutir a aplicação do texto de 411 artigos, descartando assim mudanças no conteúdo do documento.
"Ouvimos de alguns opositores que estes querem um pacto. O resultado e a aprovação da nova Constituição já são um pacto, e, se querem outro pacto, o faremos para aplicar a Constituição Política do Estado, não para revisá-la nem para modificá-la", afirmou.
Martín Alipaz/Efe |
Morales se reuniu com ministros para discutir implantação da nova Constituição da Bolívia |
Para implementar o documento --que permitirá "descolonizar" a Bolívia, segundo Morales--, é necessário aprovar mais de cem leis, mas a oposição, que controla o Senado, não está disposta a viabilizar isso se não houver acordo com os governadores autonomistas.
Os líderes opositores que promovem as autonomias em Santa Cruz, Tarija, Beni, Chuquisaca e Pando já pediram a revisão do texto constitucional. Alguns chegaram a dizer que, se isso não acontecer, desacatarão a nova Constituição, ao passo que outros propuseram transformar a Bolívia em uma confederação com dois tipos de país.
Em Santa Cruz, Tarija, Beni e Chuquisaca, governam opositores, enquanto o departamento (Estado) de Pando é administrado por um militar desde que o governador de oposição Leopoldo Fernández foi detido por sua suposta responsabilidade em um massacre ocorrido em setembro.
Confederação
A criação de uma confederação foi proposta nesta terça-feira à imprensa por Branco Marinkovic, líder civil em Santa Cruz e que citou como exemplo o caso da China socialista e da Hong Kong liberal.
Em carta dirigida a Morales, Marinkovic insiste que a Constituição votada no domingo representa apenas uma parte do país. Além disso, propõe um "pacto grande" que reconheça "as duas visões que existem na Bolívia".
Em resposta à oposição, líderes camponeses aliados do presidente boliviano disseram que vão se mobilizar para pressionar o Congresso a aprovar as leis para a implementação do documento constitucional.
O líder Fidel Surco, que em outubro passado organizou uma grande marcha de vários dias para cercar o Congresso, disse hoje que já se disponibilizou a promover novos protestos contra os parlamentares opositores.
Os setores sociais, disse, propõem "mobilizações extremas como único mecanismo" para avançar nas políticas de bem-estar social no país.
Por sua vez, Isaac Ávalos, líder da Confederação Sindical de Trabalhadores Camponeses, classificou como uma "piada" a atitude da oposição de desacatar a Constituição após ter ido às urnas no último domingo.
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