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26/12/2002 - 02h57

Enviado de Lula indicou inclinação a favor de Chávez, diz ex-prefeito

ROGÉRIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo

Leia a seguir a entrevista concedida ontem à Folha por telefone pelo ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, um dos principais líderes da oposição a Hugo Chávez.

Folha - Qual a avaliação da Coordenação Democrática (CD) sobre os contatos do próximo governo brasileiro com o presidente Hugo Chávez e a oferta de ajuda feita à Venezuela?

Antonio Ledezma - Achamos que isso é uma intromissão do governo brasileiro nos assuntos internos do nosso país. Esse incidente é lamentável, mas esperamos que seja esclarecido, para o benefício das relações entre a Venezuela e o Brasil.

Folha - Vocês pretendem fazer alguma reclamação formal ao governo brasileiro?

Ledezma - Sim. Vamos enviar um comunicado ao embaixador do Brasil na Venezuela condenando a postura assumida pelo senhor [Marco Aurélio] Garcia em sua visita à Venezuela, representando o presidente eleito [Lula]. Ele evidenciou uma inclinação na direção do governo.

Folha - Isso não poderia prejudicar as relações entre os dois países no futuro, se Chávez renunciar ou convocar eleições e algum membro da CD vier a ocupar a Presidência?

Ledezma - Não queremos inconvenientes com o governo ou com o povo brasileiro. Mas o Brasil precisa compreender que existe uma crise política na Venezuela, a qual temos que resolver os venezuelanos. O que buscamos é resolver essas dificuldades no curto prazo.

Folha - E a atuação dos outros países, como vocês vêem?

Ledezma - Já vimos como, na OEA [Organização dos Estados Americanos], se adotou uma resolução na qual se faz um chamado aos países amigos para que não tomem partido.

Folha - E vocês acham que os governos de outros países vizinhos ou dos EUA estão seguindo essa recomendação?

Ledezma - Claro. Quando os EUA falaram em adiantamento de eleições, era uma opinião que envolvia as duas partes, mas não tomava partido a favor de nenhuma tendência.

Folha - Mas, se o governo rechaça a possibilidade de adiantar as eleições, eles não estão tomando partido a favor da oposição, que pede justamente isso?

Ledezma - >Não, porque quando o governo aceitou integrar a mesa de negociação, estava claro que tinha como obrigação fundamental definir uma saída eleitoral.

Folha - A greve geral vai continuar indefinidamente?

Ledezma - Até que haja uma saída à crise, com um referendo ou eleições antecipadas.

Folha - O governo propõe um referendo para agosto. A oposição não poderia esperar até lá?

Ledezma - O referendo revogatório em agosto já está na Constituição, não tem nenhum sentido. Se instalamos uma mesa de negociação para resolver a crise, temos que buscar saídas "sui generis".
 

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