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28/12/2002 - 13h05

Atentado na Tchetchênia matou 55 e deixou 123 feridos, diz governo

da Folha Online

Um atentado suicida com carros-bomba contra o edifício onde se encontra o governo tchetcheno pró-Rússia em Grozny (capital tchetchena) causou a morte de ao menos 55 pessoas e deixou 123 feridos ontem, de acordo com informações oficiais do governo divulgadas hoje.

Cerca de 200 pessoas estavam no edifício na hora das explosões, que ocorreram com um minuto de intervalo e causaram grande destruição no prédio, um dos poucos que foram reconstruídos depois que forças russas tomaram a capital em 2000.

Nem o chefe do governo tchetcheno pró-Rússia, Akhmad Kadyrov, nem seu vice, Mikhail Babich, estavam no local na hora da explosão.

Um caminhão e um carro preparados com explosivos invadiram o complexo, ultrapassando as barreiras de proteção, e explodiram.

Pelo menos 55 pessoas morreram, incluindo os dois motoristas dos carros-bomba. O número de feridos chega a 123.

Embora até o momento nenhum grupo tenha assumido a autoria do atentado, é provável que as explosões tenham sido preparadas por grupo rebeldes que querem que o governo russo retire suas tropas da Tchetchênia.

As autoridads autoridades russas responsabilizaram o ex-presidente tchetcheno Aslan Maskhadov (afastado do poder por conta da intervenção militar russa) e o principal líder guerrilheiro islâmico da região, Shamil Bassaiev pelas explosões. Akhmed Zakaiev, liderança tchetchena ligada a Maskhadov, negou participação de seu grupo nos atentados, que, segundo ele, seriam "uma tragédia para toda a população tchetchena. "Eu os condeno totalmente", disse em Londres, onde está exilado.

No dia 23 de outubro, um grupo de rebeldes tchetchenos tomou um teatro de Moscou e fez cerca de 800 pessoas reféns durante 58 horas. Os rebeldes reivindicavam a retirada imediata das forças russas da Tchetchênia. Sem chegar a um acordo, a polícia de Moscou lançou um gás a base ópio dentro do teatro e deu início à operação de resgate: o gás causou a morte de 129 reféns. Outros dois reféns morreram baleados pelos terroristas. Todos os 41 rebeldes que invadiram o teatro também morreram no incidente.

O Exército russo entrou na Tchetchênia no final de setembro de 1999, alegando combater grupos terroristas islâmicos. Após quase dois anos de combates, Moscou domina a maior parte da região, incluindo a capital, Grosni, e as principais cidades.

A Tchetchênia, de maioria muçulmana, é formalmente uma república russa, mas havia conquistado autonomia após o conflito travado com Moscou entre 1994 e 1996. A região foi anexada pela Rússia no século 18, ainda na época dos czares.

Organizações internacionais criticam, desde o início da ofensiva russa, o desrespeito aos direitos humanos. Civis e rebeldes tchetchenos teriam sido barbaramente torturados e mortos por soldados russos.

O presidente russo, Vladimir Putin, se tornou a figura mais popular na política do país graças à sua ação na ofensiva na Tchetchênia e ganhou a eleição presidencial ocorrida em março de 2000.

Conflito
Em dezembro de 1994 a Rússia desencadeou a guerra contra a República independentista da Tchechênia. O conflito durou 21 meses, deixou milhares de mortos e terminou com a retirada dos russos. A Tchetchênia, que faz parte do território russo, passou a gozar de ampla autonomia.

Em setembro de 1999, Putin ordenou nova ofensiva militar contra a Tchechênia, considerada uma república rebelde, alegando que a Província abrigaria rebeldes islâmicos que pretendiam estabelecer uma República fundamentalista no Daguestão, região vizinha à Tchechênia. Segundo o governo da Rússia, os rebeldes seriam os responsáveis pelos atentados terroristas que deixaram quase 300 mortos em 1999.

No mês passado, cerca de 14 rebeldes tchetchenos e dois soldados russos morreram em dois dias de confrontos. Dez rebeldes foram mortos durante tiroteios com o Exército russo, e dois soldados russos morreram na explosão de uma mina na região de Chali (sudeste).

O último balanço oficial russo é de 4.249 mortos desde julho de 1999, data em que começou a intervenção das forças federais no Cáucaso do Norte.

Com agências internacionais

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