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16/01/2003
-
05h17
da Folha de S.Paulo
A oposição venezuelana não aceitará nenhuma proposta internacional de solução para a crise no país que não preveja o adiantamento das eleições.
"Estamos de acordo com qualquer proposta que leve a uma saída eleitoral", disse ontem à Folha de S.Paulo Alfredo Ramos, secretário-geral da CTV (Central dos Trabalhadores da Venezuela) e dirigente da Coordenação Democrática, associação de partidos, organizações e entidades de oposição.
Segundo ele, essa é a principal diferença entre as propostas feitas pelo Brasil e pelos EUA. A proposta brasileira, que não prevê eleições antecipadas, foi rejeitada pela oposição, enquanto a dos EUA, que fala em "saída eleitoral", é elogiada.
Folha - Vocês aceitariam uma proposta que não incluísse eleições antecipadas?
Alfredo Ramos - A única saída que o povo venezuelano pede, majoritariamente, incluindo os chavistas, é eleição.
Folha - A proposta brasileira é ruim?
Ramos - A posição do presidente Lula mostrou uma parcialidade em relação a Hugo Chávez. O governo brasileiro está se movendo para apoiar um regime que já se mostrou autoritário.
Folha - E a proposta alternativa americana?
Ramos - Recebemos melhor essa proposta, porque ela prevê uma saída eleitoral. O governo americano não se deixou enganar pelo discurso de Chávez. Ele é um encantador de serpentes. Enganou o povo da Venezuela com um discurso a favor do povo, mas que, na prática, não é a favor do povo.
Folha - A ação do Brasil poderá ter efeitos negativos nas relações com a Venezuela no futuro, se Chávez deixar o poder?
Ramos - As relações internacionais devem ser administradas com base no respeito mútuo. Esse sempre foi o norte da Venezuela. A independência e a autodeterminação dos povos. Nunca interferir em assuntos de outros povos. Por isso estranhamos, sobretudo dentro do movimento sindical, que um homem como Lula, com sua história de luta contra a tirania, contra a ditadura, tenha assumido esse tipo de posição.
Lula tem de entender que aqui há uma luta de um povo, sobretudo dos trabalhadores. Tivemos sindicalistas perseguidos e presos pelo regime. Acho que o governo de Lula tem de ver isso muito bem. De nossa parte não haverá nenhum problema futuro.
Folha - Vocês acham que Chávez quer usar o apoio de Lula para se sustentar no poder?
Ramos - Sem dúvida. Ele aposta não somente no apoio de Lula, mas também no de Lucio Gutiérrez para criar uma sensação de que tem apoio de governos com sensibilidade social. Mas Chávez está acostumado ao regime militar, acha que a Venezuela é um quartel. Seu objetivo é nos aniquilar. Ele não nos vê como adversários, mas como inimigos.
Leia mais no especial Venezuela
Proposta americana é "melhor", diz oposição venezuelana
ROGERIO WASSERMANNda Folha de S.Paulo
A oposição venezuelana não aceitará nenhuma proposta internacional de solução para a crise no país que não preveja o adiantamento das eleições.
"Estamos de acordo com qualquer proposta que leve a uma saída eleitoral", disse ontem à Folha de S.Paulo Alfredo Ramos, secretário-geral da CTV (Central dos Trabalhadores da Venezuela) e dirigente da Coordenação Democrática, associação de partidos, organizações e entidades de oposição.
Segundo ele, essa é a principal diferença entre as propostas feitas pelo Brasil e pelos EUA. A proposta brasileira, que não prevê eleições antecipadas, foi rejeitada pela oposição, enquanto a dos EUA, que fala em "saída eleitoral", é elogiada.
Folha - Vocês aceitariam uma proposta que não incluísse eleições antecipadas?
Alfredo Ramos - A única saída que o povo venezuelano pede, majoritariamente, incluindo os chavistas, é eleição.
Folha - A proposta brasileira é ruim?
Ramos - A posição do presidente Lula mostrou uma parcialidade em relação a Hugo Chávez. O governo brasileiro está se movendo para apoiar um regime que já se mostrou autoritário.
Folha - E a proposta alternativa americana?
Ramos - Recebemos melhor essa proposta, porque ela prevê uma saída eleitoral. O governo americano não se deixou enganar pelo discurso de Chávez. Ele é um encantador de serpentes. Enganou o povo da Venezuela com um discurso a favor do povo, mas que, na prática, não é a favor do povo.
Folha - A ação do Brasil poderá ter efeitos negativos nas relações com a Venezuela no futuro, se Chávez deixar o poder?
Ramos - As relações internacionais devem ser administradas com base no respeito mútuo. Esse sempre foi o norte da Venezuela. A independência e a autodeterminação dos povos. Nunca interferir em assuntos de outros povos. Por isso estranhamos, sobretudo dentro do movimento sindical, que um homem como Lula, com sua história de luta contra a tirania, contra a ditadura, tenha assumido esse tipo de posição.
Lula tem de entender que aqui há uma luta de um povo, sobretudo dos trabalhadores. Tivemos sindicalistas perseguidos e presos pelo regime. Acho que o governo de Lula tem de ver isso muito bem. De nossa parte não haverá nenhum problema futuro.
Folha - Vocês acham que Chávez quer usar o apoio de Lula para se sustentar no poder?
Ramos - Sem dúvida. Ele aposta não somente no apoio de Lula, mas também no de Lucio Gutiérrez para criar uma sensação de que tem apoio de governos com sensibilidade social. Mas Chávez está acostumado ao regime militar, acha que a Venezuela é um quartel. Seu objetivo é nos aniquilar. Ele não nos vê como adversários, mas como inimigos.
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