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17/01/2003 - 04h25

Criação de grupo buscou equilíbrio Brasil-EUA

FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Quito

A definição dos países componentes do Grupo de Amigos da Venezuela foi objeto de intensa movimentação diplomática.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, queria um grupo bastante diferente do que foi constituído anteontem -que acabou reunindo Brasil, EUA, México, Chile, Espanha e Portugal, sob a coordenação da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Quem primeiro teve a idéia de uma força diplomática para auxiliar a OEA foi o próprio Chávez, que a relatou a Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, quando de sua viagem à Venezuela, em dezembro. Coube ao Brasil levar a público a idéia, promover gestões diplomáticas e dar a forma final, distante da idéia original.

Chávez queria a participação de países como França, Rússia e um ou dois membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), como Arábia Saudita ou Kuait.

O objetivo era atrair governos mais simpáticos à sua gestão -caso da Rússia e dos países que são grandes produtores de petróleo, como a Venezuela- e que buscam um contrapeso à hegemonia norte-americana.

Chávez foi sendo convencido a desistir de um grupo marcadamente antiamericano ao longo da semana passada. A diplomacia brasileira e a OEA argumentaram que o equilíbrio de posições no grupo era fundamental para que tivesse chance de sucesso.

Havia ainda o problema da participação dos EUA. No almoço de anteontem Lula, Chávez ouviu da delegação brasileira que era inconcebível qualquer tratativa da principal crise do continente sem a participação dos EUA. Chávez ouviu ainda o argumento de que Washington teria influência nos grupos de oposição.

No final do almoço, Lula e o chanceler Celso Amorim perguntaram diretamente se Chávez via problema na entrada dos EUA. Ele respondeu que não imporia obstáculos. Por outro lado, foi barrada uma idéia, defendida por países como o Peru, de incluir no grupo o Canadá, aliado tradicional dos EUA.

Ontem, o enviado norte-americano Otto Reich negou que seu governo tenha mudado de posição, aderindo ao projeto depois de se mostrar contrário a ele. "O governo americano sempre esteve disposto a auxiliar e dar a sua contribuição na solução da questão venezuelana", declarou.

A primeira reunião do Grupo de Amigos da Venezuela deve ocorrer em Caracas nos próximos dias, mas ainda não há uma data determinada. Participam os ministros das Relações Exteriores dos países que compõem o grupo.

Os integrantes também deverão ter reuniões separadas com as duas partes envolvidas. As decisões serão tomadas por consenso e não por votação.

EUA
A embaixadora dos EUA em Brasília, Donna Hrinak, disse ontem que o Grupo de Amigos deverá se ater a apoiar e propor idéias ao secretário-geral da OEA, o colombiano César Gavíria.

"Vamos participar como um dos amigos, como o Brasil também vai participar. Agora, o secretário-geral tem que decidir como o grupo melhor pode apoiar os esforços que ele vai estar fazendo", disse Hrinak. A embaixadora disse que a solução para a crise na Venezuela deve ser encontrada pela população daquele país, não pelo grupo.

Colaborou a Sucursal de Brasília
 

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