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29/01/2003
-
05h49
da Folha de S.Paulo
As eleições gerais de ontem em Israel não devem trazer mudanças nas relações entre os palestinos e os israelenses, afirma Gershon Baskin, diretor do IPCRI (sigla em inglês para Centro Israel-Palestina para Pesquisa e Informação).
"Essa eleição só vai nos trazer mais do mesmo", disse ele em entrevista à Folha de S.Paulo, por telefone, de Jerusalém. "Sharon manterá a mesma política", afirmou.
Fundado em 1988 em Jerusalém, o IPCRI é o único instituto de pesquisa de políticas públicas que reúne especialistas israelenses e palestinos, com o objetivo de analisar e apresentar soluções práticas para o conflito.
Leia a seguir trechos de sua entrevista:
Folha - Que tipo de governo Ariel Sharon deve compor após a esperada vitória do Likud?
Gershon Baskin - Acho que haverá muita pressão para que o Partido Trabalhista entre na coalizão. Acredito que, ao final, os trabalhistas vão se aliar ao governo Sharon, o que pode causar um racha dentro do partido.
O atual líder trabalhista, Amram Mitzna, talvez tenha de sair do partido, provavelmente formando uma outra facção de centro-esquerda na oposição.
Folha - O fortalecimento do Shinui pode trazer alterações no formato da coalizão de governo?
Baskin - Não acredito na possibilidade de se estabelecer essa chamada coalizão secular de união nacional. Penso que Sharon não vai romper a sua tradicional aliança com os partidos religiosos. Ele deve formar uma maioria com o seu Likud, os trabalhistas, o Shas [de judeus sefaraditas], o Judaísmo Unido da Torá [de ortodoxos ashkenazitas, oriundos do Leste Europeu], o Partido Nacional Religioso [direita nacionalista], o Israel Bealiá [de judeus originários da ex-URSS] de Natan Sharansky, entre outros.
Isso daria a Sharon mais estabilidade e condições de continuar no governo. Deve contar com uma maioria de pelo menos 68 dos 120 deputados. Nesse cenário, o Shinui ficaria como o maior partido da oposição.
Folha - Por que o sr. não acredita na possibilidade de uma aliança secular entre o Likud, os trabalhistas e o Shinui?
Baskin - O Shinui afirma que só entra no governo se o Shas e o Judaísmo Unido da Torá ficarem de fora. Não acho que Sharon esteja pronto para romper com esses partidos. Os políticos sempre pensam nas próximas eleições.
Folha - O novo governo Sharon terá uma política com relação aos palestinos diferente daquela que vimos nos últimos dois anos?
Baskin - Não. Será exatamente a mesma política, não vejo nenhuma mudança pela frente. Sharon vai continuar a falar sobre o "road map" [mais recente proposta diplomática para a pacificação da região, apresentada por EUA, Rússia, ONU e União Européia, que prevê retiradas militares israelenses e a criação de um Estado palestino interino], mas já vem negociando com os EUA alterações nesse plano. Ele terá apoio de Washington para não fazer nada.
Folha - O que muda, então, com as eleições de hoje [ontem]?
Baskin - Essas eleições significam que, daqui a dois anos, teremos eleições novamente. Essa eleição de hoje só vai nos trazer mais do mesmo.
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"Eleição traz mais do mesmo", diz analista
MARCELO STAROBINASda Folha de S.Paulo
As eleições gerais de ontem em Israel não devem trazer mudanças nas relações entre os palestinos e os israelenses, afirma Gershon Baskin, diretor do IPCRI (sigla em inglês para Centro Israel-Palestina para Pesquisa e Informação).
"Essa eleição só vai nos trazer mais do mesmo", disse ele em entrevista à Folha de S.Paulo, por telefone, de Jerusalém. "Sharon manterá a mesma política", afirmou.
Fundado em 1988 em Jerusalém, o IPCRI é o único instituto de pesquisa de políticas públicas que reúne especialistas israelenses e palestinos, com o objetivo de analisar e apresentar soluções práticas para o conflito.
Leia a seguir trechos de sua entrevista:
Folha - Que tipo de governo Ariel Sharon deve compor após a esperada vitória do Likud?
Gershon Baskin - Acho que haverá muita pressão para que o Partido Trabalhista entre na coalizão. Acredito que, ao final, os trabalhistas vão se aliar ao governo Sharon, o que pode causar um racha dentro do partido.
O atual líder trabalhista, Amram Mitzna, talvez tenha de sair do partido, provavelmente formando uma outra facção de centro-esquerda na oposição.
Folha - O fortalecimento do Shinui pode trazer alterações no formato da coalizão de governo?
Baskin - Não acredito na possibilidade de se estabelecer essa chamada coalizão secular de união nacional. Penso que Sharon não vai romper a sua tradicional aliança com os partidos religiosos. Ele deve formar uma maioria com o seu Likud, os trabalhistas, o Shas [de judeus sefaraditas], o Judaísmo Unido da Torá [de ortodoxos ashkenazitas, oriundos do Leste Europeu], o Partido Nacional Religioso [direita nacionalista], o Israel Bealiá [de judeus originários da ex-URSS] de Natan Sharansky, entre outros.
Isso daria a Sharon mais estabilidade e condições de continuar no governo. Deve contar com uma maioria de pelo menos 68 dos 120 deputados. Nesse cenário, o Shinui ficaria como o maior partido da oposição.
Folha - Por que o sr. não acredita na possibilidade de uma aliança secular entre o Likud, os trabalhistas e o Shinui?
Baskin - O Shinui afirma que só entra no governo se o Shas e o Judaísmo Unido da Torá ficarem de fora. Não acho que Sharon esteja pronto para romper com esses partidos. Os políticos sempre pensam nas próximas eleições.
Folha - O novo governo Sharon terá uma política com relação aos palestinos diferente daquela que vimos nos últimos dois anos?
Baskin - Não. Será exatamente a mesma política, não vejo nenhuma mudança pela frente. Sharon vai continuar a falar sobre o "road map" [mais recente proposta diplomática para a pacificação da região, apresentada por EUA, Rússia, ONU e União Européia, que prevê retiradas militares israelenses e a criação de um Estado palestino interino], mas já vem negociando com os EUA alterações nesse plano. Ele terá apoio de Washington para não fazer nada.
Folha - O que muda, então, com as eleições de hoje [ontem]?
Baskin - Essas eleições significam que, daqui a dois anos, teremos eleições novamente. Essa eleição de hoje só vai nos trazer mais do mesmo.
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