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29/01/2003 - 06h17

Leia a íntegra do discurso de Bush em português

da Folha Online

O presidente norte-americano, George W. Bush, terminou à 1h05 de hoje (horário de Brasília) seu discurso anual sobre o Estado da União no Congresso dos EUA. Bush tratou de assuntos como segurança interna, saúde, educação, desenvolvimento da economia e possibilidade de guerra contra o Iraque. Leia, a seguir, a íntegra do discurso, em português:

"Sr. presidente do Congresso, vice-presidente Cheney, membros do Congresso, distintos cidadãos e concidadãos, todo ano, por lei e por costume, nos encontramos aqui para considerar o Estado da União. Neste ano, nos reunimos nesta Câmara profundamente cientes dos dias decisivos que estão por vir.

Vocês e eu servimos o país em uma época de grande importância. Durante esta sessão do Congresso, nós temos a tarefa de reformar programas domésticos vitais para o nosso país, temos a oportunidade de salvar milhões de vidas no exterior de uma doença terrível. Nós trabalharemos por uma prosperidade que seja amplamente compartilhada e responderemos a cada perigo e a cada inimigo que ameace o povo americano.

Em todos estes dias de promessas e dias de avaliação, podemos estar confiantes.

Durante os últimos dois anos vimos o que pode ser executado quando trabalhamos juntos.

Para elevar os padrões de nossas escolas públicas, nós alcançamos uma reforma histórica da educação que agora deve ser levada a cabo em cada escola e em cada sala de aula de forma que cada criança na América possa ler e aprender e ter sucesso na vida.

Para proteger nosso país, nós reorganizamos nosso governo e criamos o Departamento de Segurança Interna, que está se mobilizando contra as ameaças de uma nova era.

Para tirar nossa economia da recessão, nós concedemos a maior redução de impostos em uma geração.

Para insistir na integridade dos negócios americanos, aprovamos reformas rígidas, e estamos levando criminosos corporativos à prestação de contas.

Alguns poderiam chamar isso de um bom registro. Eu chamo de um bom início. Esta noite peço à Câmara e ao Senado que se juntem a mim nos próximos passos corajosos para servir a nossos concidadãos.

Nossa primeira meta é clara: devemos ter uma economia que cresça rápido o suficiente para empregar cada homem e cada mulher que busque um emprego.

Após recessão, ataques terroristas, escândalos corporativos e declínios na bolsa de valores, nossa economia está se recuperando. Apesar de ainda não estar crescendo rápido o suficiente ou com a força suficiente.

Com o desemprego crescendo, nosso país precisa que mais pequenos negócios sejam abertos, que mais empresas invistam e se expandam, que mais empregadores exibam a placa que diz "Precisa-se de ajuda".

Empregos são criados quando a economia cresce; a economia cresce quando os americanos têm mais dinheiro para gastar e investir; e a melhor maneira, e a mais justa, de assegurar que os americanos tenham esse dinheiro é, em primeiro lugar, não tributá-lo de nenhuma forma.

Estou propondo que todas as reduções de imposto de renda estabelecidas para 2004 e 2006 se tornem permanentes e efetivas este ano.

E de acordo com meu plano, assim que eu assinar a lei, este dinheiro extra começará a aparecer nos salários dos trabalhadores.

Ao invés de reduzir gradualmente a tributação a casais que prestam contas conjuntas, deveríamos fazer isto agora.

Ao invés de aumentar lentamente o apoio financeiro para famílias com filhos para US$ 1.000, deveríamos enviar os cheques para as famílias americanas agora.

A redução de impostos é para todos que pagam imposto de renda -e ajudará nossa economia imediatamente: 92 milhões de americanos guardarão, este ano, uma média de US$ 1.000 a mais de seu próprio dinheiro. Uma família de quatro pessoas com um rendimento de US$ 40 mil veria seu imposto de renda federal cair de US$ 1.178 para US$ 45 por ano. Nosso plano aumenta o lucro líquido para mais de 23 milhões de pequenos negócios.

Vocês, o Congresso, já aprovaram todas essas reduções, e as prometeram para os anos futuros. Se esta redução de impostos é boa para os americanos daqui a três, ou cinco, ou sete anos, é ainda melhor para os americanos hoje

Nós deveríamos também fortalecer a economia tratando os investidores com igualdade em nossas leis fiscais. É justo tributar os lucros de uma empresa. Não é justo tributar novamente o acionista sobre os mesmos lucros. Para impulsionar a confiança do investidor, e para ajudar os quase 10 milhões de pessoas que recebem fundos de dividendos, peço a vocês que acabem com a injusta taxação dupla de ações.

Impostos mais baixos e maior investimento ajudarão esta economia a se expandir. Mais empregos significam mais contribuintes, e rendimentos mais altos para o nosso governo. A melhor forma de tratar do déficit e ir em direção a um orçamento equilibrado é encorajar o crescimento econômico, e mostrar mais disciplina com os gastos em Washington, D.C.

Devemos trabalhar juntos para consolidar nossas prioridades mais importantes. Enviarei a vocês um orçamento que aumenta o gasto arbitrário de 4% no próximo ano -cerca da mesma percentagem que se espera que salário médio familiar cresça. E este é um bom indicador para nós. O gasto federal não deveria crescer nem um pouco mais rápido do que os salários das famílias americanas.

Uma economia em crescimento e um foco nas prioridades essenciais também serão cruciais para o futuro da Previdência Social. Conforme continuamos a trabalhar juntos para manter a Previdência Social forte e confiável, devemos oferecer aos trabalhadores mais jovens uma chance para investir em contas de aposentadoria que eles controlarão e das quais terão posse.

Nossa segunda meta é assistência médica de alta qualidade, que todos os americanos possam pagar. O sistema americano de medicina é um modelo de habilidade e inovação, com um ritmo de descobertas que está acrescentando bons anos às nossas vidas. Porém para muitas pessoas os custos médicos são muito altos -e muitos não têm cobertura nenhuma. Estes problemas não serão resolvidos com um sistema de saúde nacionalizado que dita a cobertura e raciona a assistência.

Ao invés disso, devemos trabalhar na direção de um sistema no qual todos os americanos tenham uma boa política de seguros, escolham seus próprios médicos e americanos idosos e de baixa renda recebam a ajuda de que necessitam.

Ao invés de burocratas e advogados de acusação e HMOs [organizações de apoio à saúde], devemos colocar médicos e enfermeiros e pacientes de volta no comando da medicina americana.

A reforma no sistema de saúde deve começar com o Medicare [tipo de seguro-saúde dos EUA]; o Medicare é o compromisso obrigatório de uma sociedade preocupada. Devemos renovar esse compromisso dando aos idosos acesso à medicina preventiva e a novos remédios que estão transformando a assistência à saúde na América.

Idosos felizes com o atual sistema do Medicare devem ter a possibilidade de manter sua cobertura exatamente da forma que está. E assim como vocês -os membros do Congresso, e suas equipes, e outros funcionários federais- todos os idosos deveriam ter a escolha de um plano de saúde que forneça remédios prescritos.

Meu orçamento comprometerá US$ 400 bilhões adicionais ao longo da próxima década para reformar e fortalecer o Medicare. Líderes de ambos os partidos políticos falaram durante anos sobre fortalecer o Medicare. Encorajo os membros do novo Congresso a agirem este ano.

Para melhorar nosso sistema de assistência médica, devemos tratar de uma das principais causas do alto custo, a constante ameaça de que os médicos e hospitais serão processados injustamente. Devido ao excesso de litígios, todos pagam mais por assistência à saúde, e muitas partes da América estão perdendo bons médicos. Ninguém nunca foi medicado por um processo frívolo. Encorajo o Congresso a aprovar uma reforma sobre a responsabilidade médica.

Nossa terceira meta é promover independência energética para nosso país, ao mesmo tempo em que o ambiente é drasticamente melhorado. Enviei a vocês um plano de energia sucinto para promover a eficiência e a conservação energéticas, para desenvolver tecnologia mais limpa, e para produzir mais energia em casa. Enviei a vocês a legislação "Céus mais Claros" que pede uma redução de 70% na poluição do ar causada por fábricas e usinas ao longo dos próximos 15 anos. Enviei a vocês uma "Iniciativa para Florestas Saudáveis", para ajudar a evitar os incêndios catastróficos que devastam comunidades, matam a vida selvagem, e queimam milhões de acres de florestas preciosas.

Encorajo vocês a aprovarem essas medidas, para o bem tanto de nosso ambiente quanto de nossa economia. Mais do que isso, peço a vocês que dêem um passo crucial e protejam nosso ambiente de formas que gerações anteriores à nossa não poderiam imaginar.

Neste século, o maior progresso ambiental surgirá não através de processos judiciais sem fim ou regulamentações de comando e controle, mas por meio de tecnologia e inovação. Estou propondo esta noite US$ 1.2 bilhões em fundos para pesquisa para que a América possa liderar o mundo no desenvolvimento de automóveis não poluentes, movidos a hidrogênio.

Uma única reação química entre hidrogênio e oxigênio gera energia, que pode ser usada para mover um carro -produzindo apenas água, não fumaça nos escapamentos. Com um novo compromisso nacional, nossos cientistas e engenheiros superarão obstáculos para levar esses carros do laboratório ao salão de vendas -de forma que o primeiro carro dirigido por uma criança nascida hoje possa ser movido por hidrogênio e seja livre de poluição.

Juntem-se a mim nesta importante inovação para tornar nosso ar significativamente mais limpo, e nosso país muito menos dependente de fontes externas de energia.

Nossa quarta meta é empregar a compaixão da América nos problemas mais profundos da América. Para tantos em nosso país -os sem-teto e os órfãos, os viciados- a necessidade é grande. Mas ainda há força, força com capacidade de agir, na bondade e idealismo e fé do povo americano.

Os americanos estão fazendo o trabalho da compaixão todos os dias -visitando prisioneiros, fornecendo abrigo para mulheres que apanham, levando companheirismo a idosos solitários. Estes bons atos merecem nosso elogio; eles merecem nosso apoio pessoal; e quando for apropriado, merecem assistência do governo federal.

Encorajo vocês a aprovarem tanto minha iniciativa baseada na fé quanto a Lei do Serviço Cidadão, para encorajar atos de compaixão que podem transformar a América, um coração e uma alma ao mesmo tempo.

No ano passado, convoquei todos os meus concidadãos a participarem dos "USA Freedom Corps", que estão alistando dezenas de milhares de novos voluntários em toda a América. Hoje peço ao Congresso e ao povo americano que concentrem o espírito de préstimo e os recursos do governo nas necessidades de alguns de nossos cidadãos mais vulneráveis -meninos e meninas que tentam crescer sem orientação e atenção e crianças que têm que passar por um portão de prisão para abraçar seu pai ou sua mãe.

Proponho uma iniciativa de US$ 450 milhões para levar instrutores a mais de um milhão de estudantes com dificuldades financeiras e a filhos de presidiários. O governo dará apoio ao treinamento e recrutamento dos instrutores; porém são os homens e mulheres da América que satisfarão a necessidade. Um mentor, uma pessoa, pode mudar uma vida para sempre. E encorajo vocês a serem essa pessoa.

Outra causa da falta de esperança é o vício em drogas. O vício elimina amizade, ambição, convicção moral, e reduz toda a riqueza da vida a um único desejo destrutivo. Como governo, estamos combatendo as drogas ilegais eliminando suprimentos e reduzindo as demandas através de programas educacionais antidrogas. Mas para aqueles que já estão viciados, a luta contra as drogas é uma luta por suas próprias vidas. Muitos americanos em busca de tratamento não conseguem obtê-lo. Então esta noite proponho um novo programa de US$ 600 milhões para ajudar mais 300 mil americanos a receberem tratamento ao longo dos próximos três anos.

Nosso país é abençoado com programas de recuperação que fazem um trabalho incrível. Um deles está situado na Igreja Healing Place em Baton Rouge, Louisiana. Um homem que está no programa disse, "Deus faz milagres nas vidas das pessoas, e você nunca acha que pode acontecer com você". Esta noite, levemos a todos os americanos que lutam contra o vício em drogas esta mensagem de esperança: O milagre da recuperação é possível, e pode acontecer com você.

Cuidando de crianças que precisam de mentores, e de homens e mulheres viciados que precisam de tratamento, estamos construindo uma sociedade mais acolhedora -uma cultura que valoriza cada vida. E neste trabalho não devemos negligenciar os mais fracos de nós. Peço a vocês que protejam as crianças desde a hora de seu nascimento até o fim da prática do aborto de "nascimento parcial". E pelo fato de nenhuma vida humana poder ser iniciada o terminada como objeto de um experimento, peço a vocês que estabeleçam um alto padrão de humanidade, e aprovem uma lei contra a clonagem humana.

As qualidades de coragem e compaixão pelos quais nos esforçamos na América também determinam nossa conduta no exterior. A bandeira americana representa mais que nosso poder e nossos interesses. Nossos Fundadores dedicaram este país à causa da dignidade humana -os direitos de cada pessoa e as possibilidades de cada vida. Esta convicção nos leva ao mundo para ajudar os aflitos, e defender a paz, e perturbar os propósitos dos homens maus.

No Afeganistão, ajudamos a libertar um povo oprimido. E continuaremos a ajudá-los a assegurar seu país, reconstruir sua sociedade, e educar todas as suas crianças -meninos e meninas. No Oriente Médio, continuaremos a buscar paz entre um Israel seguro e uma Palestina democrática. Em toda a Terra, a América está alimentando os famintos -mais de 60% da ajuda alimentar internacional vêm como presente do povo dos Estados Unidos. À medida que nossa nação move tropas e constrói alianças para tornar nosso mundo mais seguro, devemos lembrar também que nosso objetivo como país abençoado é tornar este mundo melhor.

Hoje, no continente africano, quase 30 milhões de pessoas têm o vírus da Aids -incluindo 3 milhões de crianças com menos de 15 anos. Há países inteiros na África onde mais de um terço da população adulta é portadora da infecção. Mais de 4 milhões precisam de tratamento com remédios imediato. Em todo o continente apenas 50 mil portadores do vírus da AIDS -apenas 50 mil- estão recebendo os remédios necessários.

Pelo fato de o diagnóstico da Aids ser considerado uma sentença de morte, muitos não buscam tratamento. Quase todos que o fazem são mandados embora. Um médico da África do Sul rural descreve sua frustração. Ele diz: "Não temos remédios. Muitos hospitais dizem às pessoas, você tem AIDS, não podemos ajudá-lo. Vá para casa e morra". Em uma era de remédios miraculosos, nenhuma pessoa deveria ouvir essas palavras.

A Aids pode ser evitada. Remédios antiretrovirais podem estender a vida por muitos anos. E o custo desses medicamentos caiu de US$ 12 mil por ano para menos de US$ 300 por ano -o que coloca uma tremenda perspectiva a nosso alcance. Senhoras e senhores, raras vezes a história ofereceu melhor oportunidade de fazer tanto por tantas pessoas.

Confrontamos, e continuaremos confrontando, o HIV/Aids em nosso país. E para enfrentar uma grave crise no exterior, proponho nesta noite um plano de emergência para ajuda da Aids, um trabalho de compaixão além de todos os esforços internacionais para ajudar o povo da África. Este plano sucinto evitará 7 milhões de novas infecções de Aids, tratará pelo menos 2 milhões de pessoas com medicamentos que estendem o tempo de vida, e fornecerá ajuda humanitária a milhões de pessoas que sofrem de AIDS, e a crianças que ficaram órfãs devido à Aids.

Peço ao Congresso que comprometa US$ 15 bilhões ao longo dos próximos cinco anos, incluindo cerca de US$ 10 bilhões em novos recursos, para virar a maré contra a AIDS nos países mais afetados da África e Caribe.

Este país pode liderar o mundo para poupar pessoas inocentes de uma praga da natureza. E este país está liderando o mundo no combate e derrota do mal, feito pelo homem, do terrorismo internacional.

Há dias em que nossos concidadãos não escutam notícias sobre a guerra ao terror. Nunca há um dia em que não fico sabendo de uma nova ameaça, ou recebo relatórios de operações em andamento, ou dou uma ordem nesta luta global contra uma rede disseminada de assassinos. A guerra continua, e estamos vencendo.

Até agora, prendemos ou então lidamos com muitos comandantes-chaves da Al Qaeda. Eles incluem homens que dirigiram a logística e os fundos para os ataques de 11 de setembro; o chefe de operações da Al Qaeda no golfo Pérsico, que planejou os bombardeios de nossas embaixadas na África Oriental e do USS Cole; um chefe de operações da Al Qaeda do Sudeste Asiático; um ex-diretor dos campos de treinamento da Al Qaeda no Afeganistão; um membro-chave da Al Qaeda na Europa; um importante líder da Al Qaeda no Iêmen. No total, mais de 3.000 supostos terroristas foram presos em muitos países. Muitos outros encontraram um destino diferente. Vamos colocar desta forma -eles não são mais um problema para os Estados Unidos e nossos amigos e aliados.

Estamos trabalhando próximos a outros países para evitar mais ataques. A América e países da coalizão descobriram e impediram conspirações terroristas que tinham como alvo a Embaixada dos EUA no Iêmen, a embaixada americana em Cingapura, uma base militar saudita, navios no estreito de Hormuz e no estreito de Gibraltar. Quebramos células da Al Qaeda em Hamburgo, Milão, Madri, Londres, Paris, assim como em Buffalo, Nova York.

Os terroristas estão sendo perseguidos. Estamos mantendo a perseguição. Um por um, os terroristas estão aprendendo o significado da justiça americana.

Enquanto combatermos esta guerra, lembraremos onde ela começou -aqui, em nosso país. O governo está tomando medidas sem precedentes para proteger nosso povo e defender nossa terra natal. Intensificamos a segurança nas fronteiras e portos de entrada, colocamos mais de 50 mil oficiais federais recém-treinados em aeroportos, começamos a vacinar tropas e profissionais de serviços de emergências contra a varíola, e estamos desenvolvendo a primeira rede de sensores do país para detectar ataque biológico com antecedência. E este ano, pela primeira vez, estamos começando a colocar em campo uma defesa para proteger esta nação de ataques de mísseis balísticos.

Agradeço ao Congresso por apoiar essas medidas. Peço a vocês esta noite que acrescentem à segurança futura uma pesquisa importante e um esforço de produção para proteger nosso povo contra o bioterrorismo, chamado Project Bioshield [Projeto Bioescudo]. O orçamento que proponho a vocês sugere que US$ 6 bilhões sejam rapidamente disponibilizados para vacinas eficientes e tratamentos contra agentes como o antraz, a toxina do botulismo, o Ebola, e a peste. Devemos supor que nossos inimigos usariam essas doenças como armas, e devemos agir antes que os perigos estejam diante de nós.

Desde 11 de setembro, nossas agências de inteligência e coerção têm trabalhado mais juntas do que nunca para localizar e interromper as atividades dos terroristas. O FBI está aprimorando sua capacidade de analisar informações da inteligência, e está se transformando para enfrentar novas ameaças. E esta noite estou instruindo os líderes do FBI, da CIA, da segurança Interna e o Departamento de Defesa a desenvolver um Centro de Integração Contra a Ameaça Terrorista, para fundir e analisar todas as informações sobre ameaças em um único local. Nosso governo deve ter a melhor informação possível, e a usaremos para ter certeza de que as pessoas certas estarão nos lugares certos para proteger todos os nossos cidadãos.

Nossa guerra contra o terror é uma disputa de forças na qual perseverança é poder. Nas ruínas de duas torres, no muro ocidental do Pentágono, em um campo na Pensilvânia, esta nação fez uma promessa, e renovamos essa promessa esta noite: qualquer que seja a duração desta luta, e quaisquer que sejam as dificuldades, não permitiremos o triunfo da violência nos assuntos do homem -pessoas livres estabelecerão o curso da história.

Hoje, o perigo mais grave na guerra ao terror, o perigo mais grave que a América e o mundo enfrentam, é depor regimes que buscam e possuem armas nucleares, químicas e biológicas. Estes regimes poderiam usar tais armas para chantagem, terror e assassinato em massa. Poderiam também dar ou vender essas armas para seus aliados terroristas, que as usariam sem a mínima hesitação

Esta ameaça é nova; a tarefa da América é familiar. Ao longo do século 20, pequenos homens assumiram o controle de grandes nações, construíram exércitos e arsenais, e se prepararam para dominar os fracos e intimidar o mundo. Em cada caso, sua ambição de crueldade e assassinato não tiveram limite. Em cada caso, a ambição do Hitlerismo, militarismo e comunismo foi derrotada pela força de vontade de povos livres, pela força de grandes alianças, e pelo poder dos Estados Unidos da América.

Agora, neste século, a ideologia do poder e da dominação apareceu novamente, e busca ganhar as armas mais avançadas do terror. Mais uma vez, esta nação e todos os nossos amigos são tudo o que se ergue entre um mundo em paz, e um mundo de caos e alarme constante. Mais uma vez, somos chamados para defender a segurança de nosso povo, e as esperanças de toda a espécie humana. E aceitamos esta responsabilidade.

A América está fazendo um esforço amplo e determinado para enfrentar esses perigos. Pedimos que as Nações Unidas cumprissem suas carta de direitos e apoiassem o pedido de que o Iraque se desarme. Estamos apoiando fortemente a Agência Internacional de Emergia Atômica em sua missão de rastrear e controlar materiais nucleares no mundo inteiro. Estamos trabalhando com outros países para manter em segurança materiais nucleares da antiga União Soviética, e para fortalecer tratados internacionais de banimento à produção e remessa de tecnologias de mísseis e armas de destruição em massa.

Em todos estes esforços, no entanto, o propósito da América é mais do que seguir um processo -é atingir um resultado: o fim de terríveis ameaças ao mundo civilizado. Todas as nações livres têm um interesse em evitar um ataque repentino e catastrófico. E estamos pedindo a elas que juntem-se a nós, e muitas o estão fazendo. Porém o curso desta nação não depende de decisões de outras. Qualquer que seja a ação requerida, qualquer que seja a ação necessária, defenderei a liberdade e a segurança do povo americano.

Ameaças diferentes requerem estratégias diferentes. No Irã, continuamos a ver um governo que reprime seu povo, busca armas de destruição em massa e apóia o terror. Também vemos cidadãos iranianos arriscando intimidação e morte quando falam em liberdade, direitos humanos e democracia. Os iranianos, como todas as pessoas, têm direito de escolher seu próprio governo e determinar seu próprio destino -e os Estados Unidos apóiam suas aspirações de viver em liberdade.

Na península coreana, um regime opressor governa um povo que vive com medo e passa fome. Ao longo dos anos 90, os Estados Unidos se apoiaram em uma base negociada para evitar que a Coréia do Norte obtivesse armas nucleares. Agora nós sabemos que esse regime estava ludibriando o mundo, e desenvolvendo essas armas o tempo todo. E hoje o regime norte-coreano está usando seu programa nuclear para incitar o medo e busca concessões. A América e o mundo não serão chantageados.

A América está trabalhando com os países da região -Coréia do Sul, Japão, China e Rússia- para encontrar uma solução pacífica, e para mostrar ao governo norte-coreano que armas de destruição em massa trarão apenas isolamento, estagnação econômica e sofrimento contínuo. O regime norte-coreano encontrará respeito no mundo e revivificação para seu povo apenas quando deixar de lado suas ambições nucleares.

Nossa nação e o mundo devem aprender as lições da península coreana e não permitir que tamanha ameaça cresça no Iraque. Um ditador brutal, com uma história de agressão desmedida, com laços com o terrorismo, com grande riqueza em potencial, não terá permissão de dominar uma região vital e ameaçar os Estados Unidos.

Há doze anos, Saddam Hussein enfrentou a possibilidade de ser a última baixa em uma guerra que eles começaram e perderam. Para se poupar, ele concordou em se desfazer de todas as suas armas de destruição em massa. Nos 12 anos seguintes, ele sistematicamente violou esse acordo. Ele buscou armamentos nucleares, químicos e biológicos, mesmo quando inspetores estavam em seu país. Nada até o momento o conteve em sua busca por essas armas -nem sanções econômicas, nem isolamento do mundo civilizado, nem mesmo ataques com mísseis a seus aparatos militares.

Há quase três meses, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deu a Saddam Hussein sua chance final para desarmar-se. Ao invés disso ele mostrou seu absoluto desprezo pelas Nações Unidas, e pela opinião do mundo.

Os 108 inspetores da ONU foram enviados para conduzir, não foram enviados para conduzir uma caçada de materiais escondidos em um país do tamanho da Califórnia. O trabalho dos inspetores é verificar que o regime do Iraque está se desarmando. É dever do Iraque mostrar exatamente onde está escondendo suas armas proibidas, expor essas armas para o mundo ver e destruí-las como apontado. Nada disso aconteceu.

As Nações Unidas concluíram em 1999 que Saddam Hussein tinha armas biológicas suficientes para produzir mais de 25 mil litros de antraz -doses suficientes para matar diversos milhões de pessoas. Ele não relatou sobre esse material. Ele não deu nenhuma evidência de que o destruiu.

As Nações Unidas concluíram que Saddam Hussein tinha material suficiente para produzir mais de 38 mil litros de toxina botulínica -suficiente para provocar a morte de milhões de pessoas por parada respiratória. Ele não relatou sobre esse material. Ele não deu nenhuma evidência de que o destruiu.

Nossos oficiais de inteligência estimam que Saddam Hussein tinha material para produzir até 500 toneladas de sarin, mostarda e agente VX. Nessas quantidades, esses agentes químicos poderiam matar milhares. Ele não relatou sobre esses materiais. Ele não deu nenhuma evidência de que os destruiu.

Os serviços de inteligência dos EUA indicam que Saddam Hussein teve até 30 mil munições capazes de transportar agentes químicos. Inspetores recentemente encontraram 16 delas -apesar da recente declaração do Iraque negando a sua existência. Saddam Hussein não relatou sobre as outras 29.984 munições proibidas. Ele não deu nenhuma evidência de que as destruiu.

Sabemos que o Iraque, no final da década de 1990, tinha diversos laboratórios móveis de armas biológicas. Eles são feitos para produzir agentes de germes de guerra e podem ser movidos de local para fugir de inspetores. Saddam Hussein não revelou esses locais. Ele não deu nenhuma evidência de que os destruiu.

A Agência de Energia Atômica Internacional confirmou na década de 1990 que Saddam Hussein tinha um avançado programa de desenvolvimento de armas nucleares, tinha o projeto de uma arma nuclear e estava trabalhando em cinco diferentes métodos de enriquecer urânio para uma bomba.

O governo britânico descobriu que Saddam Hussein recentemente encomendou quantidades significativas de urânio da África. Outras fontes de inteligência nos disseram que ele tentou comprar tubos de alumínio de alta resistência adequados para a produção de armas nucleares. Saddam Hussein não explicou com credibilidade essas atividades. Ele certamente tem muito para esconder.

O ditador do Iraque não está se desarmando. Ao contrário, ele está enganando. Sabemos, por exemplo, que milhares de membros da segurança iraquiana estão escondendo documentos e materiais dos inspetores da ONU, limpando locais de inspeções e monitorando os inspetores. Oficiais iraquianos acompanham os inspetores a fim de intimidar testemunhas.

O Iraque está bloqueando os vôos de U-2 pedidos pelas Nações Unidas. Oficiais da inteligência iraquiana estão posando como os cientistas que os inspetores deveriam entrevistar. Cientistas de verdade foram treinados por oficiais iraquianos para poder falar. Fontes da inteligência indicam que Saddam Hussein mandou que cientistas que cooperam com inspetores da ONU no desarmamento do Iraque foram mortos, assim como seus familiares.

Ano após ano, Saddam Hussein elaborou o comprimento, gastou quantias enormes, tomou altos riscos para fabricar e manter armas de destruição em massa. Mas por quê? A única explicação possível, a única utilidade possível que ele poderia dar a essas armas, é para dominar, intimidar ou atacar.

Com armas nucleares ou um arsenal completo de armas químicas e biológicas, Saddam Hussein poderia resumir suas ambições de conquistar o Oriente Médio e criar uma destruição letal naquela região. E esse Congresso e o povo da América devem reconhecer outra ameaça. Evidências de fontes da inteligência, comunicações secretas e relatos de pessoas agora em custódia revelam que Saddam Hussein ajuda e protege terroristas, incluindo membros da Al Qaeda. Secretamente, e sem deixar digitais, ele poderia dar uma de suas armas escondidas a terroristas ou ajudá-los a desenvolver sua própria arma.

Antes de 11 de setembro, muitos no mundo acreditavam que Saddam Hussein poderia ser contido. Mas agentes químicos, vírus letais e obscuras redes terroristas não são facilmente contidas. Imaginem aqueles 19 sequestradores com outras armas e outros planos -agora armados por Saddam Hussein. Bastaria um frasco colocado nesse país para provocar um dia de horror como nenhum de nós jamais viu. Faremos de tudo em nosso poder para ter certeza de que esse dia nunca chegue. [Aplausos]

Alguns disseram que nós não devemos agir até que a ameaça seja iminente. Desde quando terroristas e tiranos anunciam suas intenções, educadamente nos avisando antes de atacarem? Se essa ameaça pode completa e repentinamente emergir, todas ações, todas palavras e todas recriminações poderiam vir muito tarde. Acreditar na sanidade e na limitação de Saddam Hussein não é um estratégia e não é uma opção. [Aplausos]

O ditador que está montando as armas mais perigosas do mundo já as utilizou em vilas -deixando milhares de seus cidadãos mortos, cegos ou desfigurados. Refugiados iraquianos nos dizem como confissões forçadas são obtidas -com a tortura de crianças enquanto seus pais são forçados a assistir. Grupos internacionais de defesa dos direitos humanos catalogaram outros métodos usados nas câmaras de tortura do Iraque: choque elétrico, queimadura com ferros quentes, pingar ácido na pele, mutilação com broca elétrica, cortar línguas e estupro. Se isso não for maldade, então maldade não tem nenhum significado. [Aplausos]

E hoje eu tenho uma mensagem para o bravo e oprimido povo do Iraque. Seu inimigo não está cercando o nosso país -seu inimigo está controlando o seu país. [Aplausos] E o dia em que ele e seu regime forem removidos do poder será o dia de sua liberação. [Aplausos]

O mundo esperou 12 anos para desarmar o Iraque. A América não vai aceitar uma séria ameaça ao nosso país, nossos amigos e nossos aliados. Os EUA vão pedir ao Conselho de Segurança da ONU para reunir-se no dia 5 de fevereiro para considerar os fatos sobre a provocação do Iraque ao mundo. O secretário de Estado Powell vai apresentar informações sobre os programas de armas legais, ilegais do Iraque, sua tentativa de esconder essas armas dos inspetores e sua ligação com grupos terroristas.

Vamos consultar. Mas não vamos deixar mal-entendidos: Se Saddam Hussein não se desarmar completamente, pela segurança de nosso povo e pela paz no mundo, nós vamos liderar uma coalizão para desarmá-lo. [Aplausos]

Hoje eu tenho uma mensagem para os homens e mulheres que vão manter a paz, os membros das Forças Armas americanas. Muitos de vocês estão instalados na região do Oriente Médio, e algumas horas cruciais devem vir pela frente. Nessas horas, o sucesso de sua causa vai depender de vocês. Seu treinamento preparou você. Sua honra vai guiá-lo. Você acredita na América, e América acredita em você. [Aplausos]

Enviar americanos a batalha é a mais profunda decisão que um presidente pode tomar. As tecnologias de guerra mudaram, os riscos e sofrimentos de guerra não. Para os bravos americanos que encaram o risco, nenhuma vitória está livre da dor. Essa nação briga relutantemente, porque nós conhecemos o custo e tememos os dias de luto que sempre ocorrem.

Nós procuramos a paz. Nós lutamos pela paz. E algumas vezes a paz deve ser defendida. Um futuro vivido sob a pena de ameaças terríveis não é de paz. Se a guerra nos for forçada, nós vamos lutar em uma causa justa e por meios justos -poupando, de toda forma que conseguirmos, os inocentes. E se a guerra nos for forçada, nós vamos lutar com toda a força e poder do Exército dos Estados Unidos -e nós vamos prevalecer. [Aplausos]

E como nós e nossos parceiros de coalizão estão fazendo no Afeganistão, nós vamos fornecer ao povo iraquiano comida, medicamentos e suprimentos - e liberdade. [Aplausos]

Muitos desafios, no exterior e em casa, chegaram em uma única estação. Em dois anos, a América de uma sensação de invulnerabilidade para uma consciência do perigo, de divisões agudas em pequenas questões para a unidade calma em grandes causas. E seguimos com confiança, porque esse chamado da história chegou ao país certo.

Os americanos são um povo decidido, que tem crescido a cada teste de nosso tempo. A adversidade tem revelado o caráter de nosso país, ao mundo e a nós mesmos. A América é uma nação forte e digna no uso de sua força. Nós exercitamos o poder sem triunfo e nos sacrificamos pela liberdade de estranhos.

Os americanos são um povo livre, que sabe que a liberdade é um direito de cada pessoa e o futuro de toda nação. A liberdade que temos não é um presente da América para o mundo, é um presente de Deus para a humanidade. [Aplausos]

Nós americanos temos fé em nós mesmos, não não em nós mesmos sozinhos. Não sabemos, não reivindicamos saber todos os caminhos da providência, mas podemos acreditar neles, colocando nosso confiança no amado Deus em tudo na vida e em tudo na história.

Que Ele nos guie agora. E que Deus continue abençoando os Estados Unidos da América". [Aplausos]

Tradução de Iana Cossoy Paro, da Folha Online
 

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