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29/01/2003 - 02h30

Direita e Sharon vencem eleição em Israel

da Folha de S.Paulo

O partido governista Likud (centro-direita), do premiê de Israel, Ariel Sharon, 74, foi ontem o grande vencedor das eleições parlamentares. O Likud quase dobrará sua representação no Parlamento, passando de 19 cadeiras para 37 (de um total de 120), segundo projeções feitas após a apuração de 75% dos votos.

Já o Partido Trabalhista (centro-esquerda) teve uma derrota esmagadora. As projeções indicavam a redução de sua bancada dos atuais 26 deputados para 19, a menor de sua história.

No discurso da vitória, Sharon defendeu a formação de uma aliança de "união nacional" com os trabalhistas. Numa declaração bombástica ao Canal 1 israelense, disse que, se não conseguir estabelecer governo de união, não hesitará "em disputar novas eleições". "Não pretendo estabelecer um governo de direita com maioria apertada de jeito nenhum."

O resultado dará a Sharon novo mandato de quatro anos. O fato desagradou à liderança palestina, que o ataca pela ocupação militar de seus territórios. "A situação vai piorar", disse Saeb Erekat, ministro do gabinete palestino. "O processo de paz será suspenso de novo... e veremos escalada na violência militar israelense."

O partido secular Shinui (centro), que ataca o poder dos partidos ortodoxos, deve se tornar a terceira maior bancada no Knesset (Parlamento). Passará das atuais 6 cadeiras para 15. Seu grande rival, o Shas, deve cair de 17 para 10 deputados.

O presidente Moshe Katzav deve convocar Sharon a formar governo -terá 42 dias para isso. Sharon tem pela frente o desafio de compor uma coalizão de governo estável, capaz de lidar com a crise econômica, divisões internas e encerrar o conflito com os palestinos, que já dura 28 meses.

A opção mais simples que se apresenta ao premiê seria uma coalizão incluindo o Likud, a direita nacionalista e os partidos religiosos. Esse bloco pode chegar a somar entre 67 e 70 cadeiras.

Essa configuração, entretanto, é vista por Sharon como a última alternativa, já que seria instável e prejudicial à imagem internacional sua e de Israel.

O premiê tenta convencer os trabalhistas a formar uma "união nacional mais ampla possível" ao lado do Likud. No discurso da vitória, Sharon propôs nas entrelinhas a retomada da cooperação com os trabalhistas, com base nas diretrizes que norteavam a coalizão que os unia até outubro. Essa política, disse, "pode trazer a vitória contra o terrorismo e abrir um caminho real à paz".

A tarefa de Sharon não será fácil. O líder trabalhista, o prefeito de Haifa, Amram Mitzna, 57, prometeu que não faria parte de um governo encabeçado pelo atual premiê. Ao admitir a derrota, ele reiterou esse compromisso: "Nosso plano não é nos unirmos a ele. Planejamos substituí-lo". Outro cenário possível -mas improvável, na visão dos analistas políticos- seria uma coalizão secular formada pelo Likud, o Partido Trabalhista e o Shinui.

A abstenção foi a maior da história de Israel. Apenas 68,5% dos eleitores votaram, num claro sinal da desilusão popular com os políticos e com a situação do país.

Num resultado que simboliza o fracasso dos pacifistas, o Meretz, principal partido de esquerda, pode ter sua bancada de dez membros reduzida pela metade. Seu líder, Yossi Sarid, renunciou. O contraponto é o crescimento do União Nacional, de extrema direita, que pode ter dez cadeiras. O Folha Verde, que defende a legalização da maconha, não obteve o mínimo de votos para entrar no Knesset, segundo as projeções.

Violência continua

Cerca de 30 mil policiais e soldados vigiavam os postos de votação ontem. O Exército bloqueou as estradas que ligam a Cisjordânia e a faixa de Gaza ao país, após alertas de possíveis atentados.

A violência não teve trégua ontem. Tropas mataram quatro palestinos num tiroteio em Jenin. Na Cidade de Gaza, três pessoas morreram na explosão da casa de um membro do Hamas. Os palestinos disseram se tratar de um míssil de Israel, que se defendeu afirmando que a destruição ocorreu após uma bomba que era preparada ter sido detonada prematuramente.

Com agências internacionais

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