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08/02/2003 - 08h09

Rússia reabre teatro que foi palco de sequestro e deixou 170 mortos

da Folha Online

Mil espectadores, entre os quais membros do governo russo, irão assistir hoje a reestréia da comédia musical "Nord-Ost", na reabertura do teatro Dubrovka de Moscou, que foi palco, em outubro passado, do ataque de um comando suicida tchetcheno.

Na noite de ontem, o teatro, que foi totalmente reformado, estava lotado para uma apresentação reservada exclusivamente aos meios de comunicação e familiares dos reféns.

Alguns espectadores choraram ao recordar a morte de seus entes queridos e outros festejaram emocionados o simbólico fim dos trágicos acontecimentos, que concluíram com a morte de 129 dos 800 reféns, além dos 41 terroristas tchetchenos.

Os autores do espetáculo, o produtor Gueorgui Vassiliev e o diretor artístico Alexei Ivachenko, subiram ao palco para falar ao público e pediram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.

Duzentos policiais foram encarregados da segurança. Alguns deles à paisana, encontravam-se sentados entre o público. Os espectadores tiveram de passar por detectores de metais, entre outras medidas de segurança.

No dia 23 de outubro, um grupo de rebeldes tchetchenos tomou um teatro de Moscou e fez cerca de 800 pessoas reféns durante 58 horas. Os rebeldes reivindicavam a retirada imediata das forças russas da Tchetchênia. Sem chegar a um acordo, a polícia de Moscou lançou um gás a base ópio dentro do teatro e deu início à operação de resgate: o gás causou a morte de 129 reféns. Outros dois reféns morreram baleados pelos terroristas. Todos os 41 rebeldes que invadiram o teatro também morreram no incidente.

O Exército russo entrou na Tchetchênia no final de setembro de 1999, alegando combater grupos terroristas islâmicos. Após quase dois anos de combates, Moscou domina a maior parte da região, incluindo a capital, Grosni, e as principais cidades.

A Tchetchênia, de maioria muçulmana, é formalmente uma república russa, mas havia conquistado autonomia após o conflito travado com Moscou entre 1994 e 1996. A região foi anexada pela Rússia no século 18, ainda na época dos czares.

Organizações internacionais criticam, desde o início da ofensiva russa, o desrespeito aos direitos humanos. Civis e rebeldes tchetchenos teriam sido barbaramente torturados e mortos por soldados russos.

O presidente russo, Vladimir Putin, se tornou a figura mais popular na política do país graças à sua ação na ofensiva na Tchetchênia e ganhou a eleição presidencial ocorrida em março de 2000.

Conflito
Em dezembro de 1994 a Rússia desencadeou a guerra contra a República independentista da Tchechênia. O conflito durou 21 meses, deixou milhares de mortos e terminou com a retirada dos russos. A Tchetchênia, que faz parte do território russo, passou a gozar de ampla autonomia.

Em setembro de 1999, Putin ordenou nova ofensiva militar contra a Tchechênia, considerada uma república rebelde, alegando que a Província abrigaria rebeldes islâmicos que pretendiam estabelecer uma República fundamentalista no Daguestão, região vizinha à Tchechênia. Segundo o governo da Rússia, os rebeldes seriam os responsáveis pelos atentados terroristas que deixaram quase 300 mortos em 1999.

No mês passado, cerca de 14 rebeldes tchetchenos e dois soldados russos morreram em dois dias de confrontos. Dez rebeldes foram mortos durante tiroteios com o Exército russo, e dois soldados russos morreram na explosão de uma mina na região de Chali (sudeste).

O último balanço oficial russo é de 4.249 mortos desde julho de 1999, data em que começou a intervenção das forças federais no Cáucaso do Norte.


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