Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
12/02/2003 - 22h11

Multidão incendeia prédio da vice-presidência da Bolívia

da Folha Online

Uma multidão colocou fogo na tarde desta quarta-feira no prédio da vice-presidência da Bolívia, após confrontos entre militares e policiais que deixaram 14 mortos e dezenas de feridos.

Uma fumaça densa saía do prédio, construído no século 20 e localizado a 200 metros do palácio presidencial Quemado. O Corpo de Bombeiros participa da manifestação juntamente com outras unidades de trabalhadores, que exigem melhores salários.

O fogo destruiu a ala direita do prédio da vice-presidência e ameaça se espalhar para casas vizinhas. O edifício guarda um arquivo histórico e a maior hemeroteca do país. Nenhum dos 40 funcionários encontrava-se no local no momento do ataque.

David Mercado/Reuters
Confronto começou após estudantes apedrejarem sede do governo do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada


Os civis, a maioria adolescentes de origem humilde, atearam fogo no prédio, enquanto gritavam palavras de ordem contra o presidente liberal Gonzalo Sánchez de Lozada. Eles também saquearam e apedrejaram o local, observaram jornalistas. A mesma sorte teve um escritório do Ministério do Trabalho, a duas quadras dali, e a sede da populista Unidade Cívica Solidaridade (UCS), ligada ao governo.

A multidão também tentou invadir uma agência bancária, cuja fachada está em chamas. Foi incendiada ainda a sede do social-democrata Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR) _do ex-presidente Jaime Paz Zamora, aliado de Sánchez de Lozada _localizada em um subúrbio de La Paz.

Outra multidão invadiu a sede do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), de Sánchez de Lozada, e incendiou o local, depois de saqueá-lo.

Confrontos

Os combates entre militares e policiais continuam, com menos intensidade. Subiu para 14 o número de mortos nos confrontos na praça principal de La Paz. Os feridos são mais de 50, segundo os hospitais.

O hospital público de La Paz divulgou que nove policiais foram mortos a tiros e houve 50 feridos. Também confirmou a morte de um civil. Outros dois corpos de policiais mortos estavam sendo velados no quartel do batalhão de choque, onde o comandante da Polícia, general Edgar Pardo, chorou diante dos caixões e, em uma mistura de protesto e impotência, arrancou o uniforme e prometeu aos subordinados que eles "terão tudo o que precisarem".

Boletins da clínica militar, no bairro Miraflores, deram conta de dois militares mortos nos confrontos na praça de armas de La Paz, que duraram mais de cinco horas.

A violência se espalhou por outras cidades, segundo reportagens transmitidas ao vivo pela TV, principalmente Santa Cruz (Leste) e Cochabamba (Centro), epicentro de um recente conflito com os plantadores de coca.

Os incidentes acontecem na véspera de uma greve nacional de 24 horas convocada pela Central Operária Boliviana, máxima entidade sindical do país, cujo líder, Saturnino Mallku, exigiu a demissão de Sánchez de Lozada.

Em uma praça próxima ao palácio do governo, civis se concentraram para protestar contra o presidente. Tropas do Exército foram enviadas para o local.

Na cidade de El Alto, vizinha a La Paz, grupos de civis ergueram barricadas, que eram destruídas por militares.

Imposto

A onda de violência teve início depois que Sánchez de Lozada aprovou um imposto direto de 12,5% sobre os salários dos bolivianos.

O choque levou o governo a suspender as medidas econômicas impopulares que transformaram a principal praça de La Paz em um campo de batalha.

Diante da crise, Sanchez de Lozada anunciou ter desistido de do plano de um imposto direto sobre os salários que ele havia acabado de pedir ao Congresso para aprová-lo.

"Decidi retirar o projeto de lei orçamentária que enviei ao Congresso", disse. O projeto incluía plano de abolir os abatimentos de impostos para restringir fraudes e cortar o déficit fiscal para tentar obter ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A maior parte dos 10 mil policiais de La Paz recusou-se a patrulhar as ruas da capital hoje, em protesto por aumento de salários e contra as medidas do governo. No entanto, a maioria deve voltar ao trabalho amanhã.

Com agências internacionais
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página