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18/02/2003 - 06h34

Colômbia cobra ajuda do Brasil contra "terror"

ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo

Abalada nas últimas semanas por dois grandes atentados _um em Bogotá, no dia 7, que matou 35 pessoas, e outro em Neiva, no sul do país, que matou 18 na sexta-feira (14)_, a Colômbia quer que o Brasil e os demais países vizinhos se comprometam mais em ajudar o país a enfrentar seu conflito interno.

"O conflito colombiano tem consequências e relações de causalidade em nível global que a comunidade internacional não pode omitir", afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, a ministra da Defesa, Marta Lucía Ramírez. "Se acabarmos com o narcotráfico na Colômbia, ele poderá facilmente passar a qualquer um dos países vizinhos se eles não tiverem tomado a mesma decisão de combater o problema", diz.

Os atentados das últimas semanas são atribuídos às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal guerrilha de esquerda do país, acusadas, como outros grupos armados, de se financiar por meio do narcotráfico.

A ministra cita problemas como a entrada ilegal de armas e de insumos para a produção de drogas pelas fronteiras e a demanda internacional pela cocaína e pela heroína produzidas no país como argumentos para justificar a idéia de que o conflito não diz respeito apenas à Colômbia.

Em relação ao Brasil, ela cita a ajuda que a Colômbia deu ao prender no país o narcotraficante brasileiro Fernandinho Beira-Mar, em 2001, e pede uma retribuição. "Queremos que esse tipo de cooperação se amplie", disse.

Questionada sobre as críticas ao Plano Colômbia (plano de combate ao narcotráfico financiado pelos EUA) expressas por Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma palestra na semana passada, a ministra evitou polemizar, dizendo não conhecer o contexto no qual foram feitas.

Ainda assim, ela disse que eventuais críticas poderiam fazer sentido há dois anos, mas que, agora, o Plano Colômbia é algo "superado". "Temos hoje algo que vai muito além. O Plano Colômbia tinha uma meta de reduzir em 50% o narcotráfico, mas agora queremos a eliminação total, porque sabemos que só assim poderemos debilitar e, tomara, eliminar o terrorismo na Colômbia", afirmou.

Ofensiva diplomática

Ramírez, assim como outros integrantes do alto escalão do governo colombiano, lançaram-se na semana passada, após o atentado em Bogotá, em uma grande ofensiva diplomática em busca de ajuda internacional.

O principal objetivo é caracterizar a guerrilha colombiana como "grupo terrorista internacional" e conseguir, com isso, a aplicação das normas que exigem o bloqueio de bens do grupo no exterior e a restrição à livre circulação de seus membros.

Por se tratar supostamente de um grupo com reivindicações políticas, muitos países se esquivam de tratá-lo como terrorista. Durante a vigência do processo de paz com as Farc, no governo Andrés Pastrana (1998-2002), o grupo manteve escritórios de representação em diversos países.

"Sabemos que vários membros desses grupos ainda se movimentam livremente em vários países próximos ou vizinhos à Colômbia", disse Ramírez. "O que o presidente Álvaro Uribe quer é que os países latino-americanos e, principalmente, nossos vizinhos classifiquem esses grupos como terroristas e, em consequência, apliquem a resolução da ONU segundo a qual os grupos terroristas estão sujeitos a congelamento de bens e veto à livre circulação de seus membros", afirmou.

Ela elogiou a carta enviada por Lula na sexta-feira ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pedindo apoio à Colômbia. "Essa carta é muito importante, porque coincide plenamente com o que propôs o presidente Uribe, pedindo intermediação da ONU no contato com a guerrilha. Nós não confiamos mais na palavra desses grupos, sabemos que quando não há uma terceira parte envolvida eles simplesmente fazem o que fizeram nos últimos anos", disse Ramírez. "Se a carta de Lula puder nos ajudar a ter uma maior participação da ONU nisso, estamos plenamente de acordo com ela e com os seus objetivos".
 

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