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19/02/2003 - 09h18

Otan aprova envio de defesa à Turquia, em caso de guerra

da Folha Online

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) aprovou hoje o envio de aviões de vigilância, sistemas de mísseis Patriot e equipamento de proteção contra guerra química ou biológica à Turquia, em caso de haver uma guerra entre os EUA e o Iraque.

A decisão foi adotada pelo mesmo Comitê de Planejamento de Defesa que se reuniu na passada sexta-feira (14) para aprovar o começo do planejamento militar. A França não faz parte desse grupo.

"A solidariedade atlântica venceu", disse no final da reunião o embaixador norte-americano Nicholas Burns.

Na segunda-feira passada (17), a Turquia apelou ao artigo 4 da Otan, da qual fazem parte 19 países, após Alemanha, Bélgica e França terem negado o pedido dos EUA de reforçar a segurança no território turco devido à possibilidade de o país sofrer um ataque do Iraque, caso o país de Saddam Hussein seja atacado pelos EUA.

Esta foi a primeira vez, em 53 anos da existência da organização, que um membro apela ao artigo 4 da Otan, o que mostra claramente haver uma divisão entre os membros sobre as ações que devem ser tomadas com relação à crise EUA-Iraque.

O artigo 4 estabelece que os países-membros da Otan devem se reunir para consulta quando um dos membros sente que há algum tipo de ameaça contra sua integridade territorial, independência ou segurança. Este pedido da Turquia é uma tentativa de conseguir que a Otan reforce a proteção em seu território.



O pedido da Turquia ocorreu depois de França, Alemanha e Bélgica terem negado o plano da Otan de reforçar desde já a segurança no território turco devido à possibilidade de o país sofrer um ataque do Iraque, caso o país de Saddam Hussein sofra um ataque dos EUA. França, Alemanha e Bélgica alegam não haver motivos para começar a movimentação militar e que dar início a esse tipo de ação seria aceitar a "lógica da guerra".

Fazem parte da organização: Alemanha, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Turquia.

No início do mês, o Parlamento turco autorizou os Estados Unidos a modernizarem um número não especificado de bases e portos no país para eventual uso em uma guerra no vizinho Iraque. A Turquia também autorizou o deslocamento em seu território, por um período de três meses, de especialistas militares norte-americanos. Esses oficiais terão a responsabilidade de modernizar alguns aeroportos e portos que poderão ser utilizados no caso de intervenção militar no Iraque.

A decisão foi a primeira iniciativa concreta da Turquia em apoio a seu aliado da Otan. O país teme que uma ação no Iraque possa provocar mais conflitos na região e comprometer sua recuperação de uma crise econômica.

Forças turcas encontram-se há alguns anos estacionadas no norte do Iraque e devem ser reforçadas nos próximos meses. A Turquia diz que a medida visa evitar a desintegração do Iraque.

A liderança turca teme que os curdos do norte iraquiano usem o conflito armado para fundarem um Estado independente ali. A independência, segundo a Turquia, alimentaria o movimento de separatistas curdos dentro de seu próprio país.

Preço

Ontem, a Turquia aumentou as suas exigências para participar ao lado dos EUA de uma eventual guerra contra o Iraque. Ancara quase dobrou o valor do seu pedido de ajuda financeira para compensar o país por possíveis prejuízos com o conflito.

Segundo autoridades turcas, o país quer receber US$ 10 bilhões em ajuda e até US$ 20 bilhões em empréstimos de longo prazo.

Recep Tayyip Erdogan, líder do partido do governo da Turquia, afirmou que uma autorização para que os EUA possam enviar tropas ao território turco -que faz fronteira com o norte do Iraque- depende da resposta de Washington às exigências.

O governo turco provavelmente se aliará aos EUA numa ofensiva contra Bagdá. Seus líderes dizem que, ao não se envolver, a Turquia poderia ficar isolada, sem ter sua voz ouvida num Iraque pós-Saddam.

Segundo a imprensa turca, o país deve enviar entre 40 mil e 55 mil soldados ao norte do Iraque em caso de guerra para criar uma zona de contenção e impedir a criação de um Estado curdo independente na região.

Com agências internacionais
 

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