Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/02/2003 - 11h18

Farc produzem coca na fronteira com Brasil, diz PF

da Folha Online

A guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) domina uma ampla zona cocaleira na fronteira da Colômbia com o Brasil, onde há tráfico de cocaína e armas, afirmou hoje Mauro Espósito, delegado da Polícia Federal brasileira.

"Temos conhecimento de que as Farc têm o domínio dessa área produtora de droga. Não há presença do poder público da Colômbia na área", disse Espósito, em entrevista à rádio Caracol, na cidade fronteiriça de Leticia (sul da Colômbia).

De acordo com Espósito, os milhares de militares e policiais brasileiros destacados em sua área fronteiriça estimam que o lado colombiano tem pelo menos seis complexos de produção de drogas, "todos eles sob o domínio das Farc".



"São áreas onde não há presença do poder público colombiano", afirmou Espósito. "Conhecemos os problemas enfrentados pela Colômbia e desejamos que acabem, porque assim também acaba um problema para o Brasil."

O alto comando militar da Colômbia declarou, no dia 4 de fevereiro, que os militares e policiais do país intensificaram as operações contra o narcotráfico no Estado do Amazonas (sul da Colômbia, fronteira com o Brasil e o Peru), ao detectar um aumento nessa região do tráfico de carregamentos de cocaína e heroína.

Segundo informes dos serviços de inteligência da Colômbia, os cartéis da droga estão enviando a droga a partir das cidades de Bogotá, Pereira (centro) e Cali (sudoeste) para Leticia (sul), capital do Estado do Amazonas.

"O destino dessa droga é o Brasil e, posteriormente, ela vai para a Europa ou também é consumida no Brasil", afirmou, na ocasião, o comandante da polícia do Amazonas.

Da mesma forma, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, ativou em 31 de janeiro a 6ª Divisão Militar no Estado de Caquetá (sul), com jurisdição nas fronteiras com Brasil, Equador e Peru, a fim de combater os guerrilheiros, paramilitares de extrema direita e narcotraficantes.

Crítica

Autoridades da Colômbia criticaram ontem o governo do Brasil por não declarar as Farc como terroristas. "Acreditamos que o governo do Brasil não está caminhando na direção correta na luta contra o terrorismo na Colômbia", disse o senador Carlos Holguín, líder do Partido Conservador, que apóia o presidente Uribe.

Segundo Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as autoridades brasileiras não querem ceder às pressões do governo de Uribe para condenar explicitamente as Farc como grupo terrorista, para não ficarem impedidas de mediar um eventual processo de pacificação.

"O Brasil não qualifica as forças internas insurgentes colombianas pois eventualmente ficaria impedido de ser mediador num eventual processo de pacificação", disse Garcia, em matéria publicada pelo jornal "Gazeta Mercantil" na quarta-feira (19).

Na semana passada, Uribe intensificou sua campanha diplomática contra as Farc, ao solicitar apoio a Brasil, Equador, Peru e Venezuela para declarar o grupo uma organização "terrorista".

O pedido de Uribe ocorre após o ataque de um carro-bomba com 200 quilos de explosivos contra o clube de elite El Nogal, em Bogotá, que deixou 35 mortos no dia 7 de fevereiro, incluindo seis crianças.

A solicitação do presidente colombiano aos governos dos países fronteiriços foi revelada um dia após ele ter obtido o que descreveu como um "sucesso internacional", ao conseguir que seis países centro-americanos e a Argentina declarassem as Farc uma organização "terrorista".

Com agências internacionais

Especial
  • Leia mais sobre o conflito na Colômbia
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página