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09/03/2003
-
03h33
da Folha de S.Paulo
Quando o senador Joseph McCarthy voltou a mira para Hollywood, nos anos 50, seu principal alvo não foram os atores, mas alguns poucos diretores e muitos roteiristas, principalmente europeus fugidos do nazismo.
É por isso que a simples menção de "lista negra" eriça os pêlos da nuca da atual presidente do Writers Guild of America, entidade sindical que reúne 9.000 roteiristas dos EUA que trabalham no cinema, na TV e na internet.
"Tenho medo", disse Victoria Riskin em entrevista à Folha de S.Paulo. Leia trechos a seguir.
Folha - A onda conservadora da era Bush está fazendo suas primeiras vítimas na indústria cultural?
Victoria Riskin - Sim. Um grupo de atores conhecidos, que acha que os EUA devem dar tempo suficiente aos inspetores da ONU para que façam seu trabalho, teve muita exposição na mídia.
Isso causou uma reação na mesma medida, principalmente na América mais profunda, que se guia pelos apresentadores ultraconservadores de "talk shows" radiofônicos. Eles encorajaram os ouvintes a escrever para as emissoras e os estúdios pedindo que tais atores fossem demitidos.
Foi isso o que uniu a comunidade de Hollywood em torno da liberdade de expressão. Você pode ser pró-guerra, contra a guerra ou muito pelo contrário, mas a coisa começa a preocupar quando pessoas se juntam para pedir cabeças.
Folha - Esses ouvintes são representativos da sociedade dos EUA?
Riskin - Sim. O que torna ainda mais perigoso eles estarem promovendo uma lista negra...
Folha - Há mesmo o risco de volta ao macarthismo, como diz o SGA?
Riskin - Não estamos nem perto, mas qualquer coisa que lembre isso é muito perturbadora...
Folha - A sra. está com medo?
Riskin - Sim. Os estúdios e as emissoras são controlados por pessoas, que também têm suas opiniões e sentimentos pessoais, e não acredito que eles venham a fazer um esforço coletivo para atender aos pedidos das cartas e dos e-mails. Acontece que eles podem receber milhões de manifestações, e aí começo a ficar preocupada se olharem para aquela pilha e pensarem na audiência e nos anunciantes...
Folha - Qual a posição do Writers Guild em relação a uma intervenção militar no Iraque?
Riskin - A organização não tem posição, mas minha visão é que a ONU é uma organização extremamente importante e eu gostaria que os EUA trabalhassem com a comunidade internacional.
"Tenho medo", diz presidente de sindicato
SÉRGIO DÁVILAda Folha de S.Paulo
Quando o senador Joseph McCarthy voltou a mira para Hollywood, nos anos 50, seu principal alvo não foram os atores, mas alguns poucos diretores e muitos roteiristas, principalmente europeus fugidos do nazismo.
É por isso que a simples menção de "lista negra" eriça os pêlos da nuca da atual presidente do Writers Guild of America, entidade sindical que reúne 9.000 roteiristas dos EUA que trabalham no cinema, na TV e na internet.
"Tenho medo", disse Victoria Riskin em entrevista à Folha de S.Paulo. Leia trechos a seguir.
Folha - A onda conservadora da era Bush está fazendo suas primeiras vítimas na indústria cultural?
Victoria Riskin - Sim. Um grupo de atores conhecidos, que acha que os EUA devem dar tempo suficiente aos inspetores da ONU para que façam seu trabalho, teve muita exposição na mídia.
Isso causou uma reação na mesma medida, principalmente na América mais profunda, que se guia pelos apresentadores ultraconservadores de "talk shows" radiofônicos. Eles encorajaram os ouvintes a escrever para as emissoras e os estúdios pedindo que tais atores fossem demitidos.
Foi isso o que uniu a comunidade de Hollywood em torno da liberdade de expressão. Você pode ser pró-guerra, contra a guerra ou muito pelo contrário, mas a coisa começa a preocupar quando pessoas se juntam para pedir cabeças.
Folha - Esses ouvintes são representativos da sociedade dos EUA?
Riskin - Sim. O que torna ainda mais perigoso eles estarem promovendo uma lista negra...
Folha - Há mesmo o risco de volta ao macarthismo, como diz o SGA?
Riskin - Não estamos nem perto, mas qualquer coisa que lembre isso é muito perturbadora...
Folha - A sra. está com medo?
Riskin - Sim. Os estúdios e as emissoras são controlados por pessoas, que também têm suas opiniões e sentimentos pessoais, e não acredito que eles venham a fazer um esforço coletivo para atender aos pedidos das cartas e dos e-mails. Acontece que eles podem receber milhões de manifestações, e aí começo a ficar preocupada se olharem para aquela pilha e pensarem na audiência e nos anunciantes...
Folha - Qual a posição do Writers Guild em relação a uma intervenção militar no Iraque?
Riskin - A organização não tem posição, mas minha visão é que a ONU é uma organização extremamente importante e eu gostaria que os EUA trabalhassem com a comunidade internacional.
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