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14/03/2003
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10h04
Enquanto os Estados Unidos dizem que a derrota do regime de Saddam Hussein levaria a democracia ao Oriente Médio, muitos árabes afirmam que a eventual guerra no Iraque poderia semear o caos na região.
As declarações do presidente americano, George W. Bush, e de seu secretário de Estado, Colin Powell, sobre a instauração de uma democracia no Iraque que serviria de exemplo e de inspiração para os outros países da região foram recebidas com ceticismo no mundo árabe.
"A democracia é um processo evolucionista e não se concretiza em um dia, sobretudo com uma intervenção militar", declarou o ministro jordaniano das Relações Exteriores, Marwan Moasher.
Autoridades e analistas políticos estimaram que uma guerra contra o Iraque não representaria o início de uma democratização da região, mas, ao contrário, desencadearia uma onda de instabilidade.
Uma autoridade árabe destacou uma contradição: "A democracia é a regra da maioria e aplicá-la significa que os extremistas islâmicos poderão chegar ao poder, algo que Washington não deseja".
A maioria islâmica "reagirá de forma violenta contra uma intervenção militar americana no Iraque, percebida como o início de um colonialismo americano na região", disse a autoridade, que pediu para não ser identificada.
"É o caos e não a democratização o que aguarda a região", afirmou.
O chefe da diplomacia jordaniana declarou que "se para os Estados Unidos trata-se de injetar uma democracia à força, como alguns na administração americana sugerem, isso não vai funcionar porque é contrário à ordem nacional das coisas".
"A democracia não é só uma série de leis mas uma cultura e as culturas precisam de tempo para evoluir", afirmou.
"A maioria dos regimes autoritários no mundo árabe foi e continua sendo apoiada por Washington, que fechou os olhos ante os abusos e as violações dos direitos humanos nos países árabes ou em Israel", afirmou outro analista.
"Que os Estados Unidos estejam de repente interessados em democratizar esses países nos deixa céticos", disse o analista, que também pediu para permanecer no anonimato.
"O sentimento antiamericano no mundo árabe é motivado sobretudo pela política pró-israelense desse país, mas também pelo apoio dos Estados Unidos a regimes que violaram os direitos humanos mais elementares de seus povos", afirmou um analista, que não quis ser identificado.
"Fazendo declarações sobre a democracia que sugerem uma intervenção artificial, Washington está provocando o afastamento tanto dos que querem manter o 'status quo' como daqueles que são sérios em sua vontade de democratizar e que correm o risco de aparecer mais como promotores dos interesses americanos que dos de seu próprio povo", disse Moasher.
O ministro jordaniano das Relações Exteriores pediu aos Estados Unidos para ajudar o mundo árabe em seu processo de democratização "num espírito de associação e não pela força".
O secretário de Estado americano, Colin Powell, havia anunciado uma iniciativa americana que se concentrará nos três "pilares" prioritários: reformas econômicas, abertura política e social (em particular para as mulheres) e educação.
"Muitos habitantes do Oriente Médio são governados por sistemas fechados", disse Powell.
Especial
Saiba mais sobre a crise EUA-Iraque
Guerra no Iraque pode semear caos no Oriente Médio, dizem árabes
da France Presse, em Amã (Jordânia)Enquanto os Estados Unidos dizem que a derrota do regime de Saddam Hussein levaria a democracia ao Oriente Médio, muitos árabes afirmam que a eventual guerra no Iraque poderia semear o caos na região.
As declarações do presidente americano, George W. Bush, e de seu secretário de Estado, Colin Powell, sobre a instauração de uma democracia no Iraque que serviria de exemplo e de inspiração para os outros países da região foram recebidas com ceticismo no mundo árabe.
"A democracia é um processo evolucionista e não se concretiza em um dia, sobretudo com uma intervenção militar", declarou o ministro jordaniano das Relações Exteriores, Marwan Moasher.
Autoridades e analistas políticos estimaram que uma guerra contra o Iraque não representaria o início de uma democratização da região, mas, ao contrário, desencadearia uma onda de instabilidade.
Uma autoridade árabe destacou uma contradição: "A democracia é a regra da maioria e aplicá-la significa que os extremistas islâmicos poderão chegar ao poder, algo que Washington não deseja".
A maioria islâmica "reagirá de forma violenta contra uma intervenção militar americana no Iraque, percebida como o início de um colonialismo americano na região", disse a autoridade, que pediu para não ser identificada.
"É o caos e não a democratização o que aguarda a região", afirmou.
O chefe da diplomacia jordaniana declarou que "se para os Estados Unidos trata-se de injetar uma democracia à força, como alguns na administração americana sugerem, isso não vai funcionar porque é contrário à ordem nacional das coisas".
"A democracia não é só uma série de leis mas uma cultura e as culturas precisam de tempo para evoluir", afirmou.
"A maioria dos regimes autoritários no mundo árabe foi e continua sendo apoiada por Washington, que fechou os olhos ante os abusos e as violações dos direitos humanos nos países árabes ou em Israel", afirmou outro analista.
"Que os Estados Unidos estejam de repente interessados em democratizar esses países nos deixa céticos", disse o analista, que também pediu para permanecer no anonimato.
"O sentimento antiamericano no mundo árabe é motivado sobretudo pela política pró-israelense desse país, mas também pelo apoio dos Estados Unidos a regimes que violaram os direitos humanos mais elementares de seus povos", afirmou um analista, que não quis ser identificado.
"Fazendo declarações sobre a democracia que sugerem uma intervenção artificial, Washington está provocando o afastamento tanto dos que querem manter o 'status quo' como daqueles que são sérios em sua vontade de democratizar e que correm o risco de aparecer mais como promotores dos interesses americanos que dos de seu próprio povo", disse Moasher.
O ministro jordaniano das Relações Exteriores pediu aos Estados Unidos para ajudar o mundo árabe em seu processo de democratização "num espírito de associação e não pela força".
O secretário de Estado americano, Colin Powell, havia anunciado uma iniciativa americana que se concentrará nos três "pilares" prioritários: reformas econômicas, abertura política e social (em particular para as mulheres) e educação.
"Muitos habitantes do Oriente Médio são governados por sistemas fechados", disse Powell.
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