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Conselho de Defesa do Sul prevê doutrina comum e pode virar aliança militar
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CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
enviado especial da da Folha de S. Paulo a Santiago
Proposto inicialmente como simples fórum de debates, o CDS (Conselho de Defesa Sul-Americano) pode tomar a forma de uma aliança militar defensiva regional. Os 12 ministros da Defesa sul-americanos aprovaram nesta terça-feira (10), em Santiago, plano de ação que prevê a adoção de uma doutrina política comum, o inventário da atual capacidade militar de todos e o monitoramento dos gastos do setor, como antecipado pela Folha.
Também se destaca entre as medidas do CDS a criação de um mecanismo de consulta imediata para situações de emergência, com avaliação da ameaça e ação de resposta. Uma espécie de "telefone vermelho", segundo o ministro brasileiro Nelson Jobim.
"Foi uma reunião ótima. Além da série de ações aprovadas, viabilizou a possibilidade de uma comunicação direta", disse à Folha. Jobim reiterou que o CDS não será "uma aliança clássica", nos moldes da Otan, e distribuiu aos colegas cópias em espanhol da Estratégia Nacional de Defesa.
Divisão
Mas a retórica antiamericanista ameaça dividir o Conselho. "É a primeira vez que nos reunimos sem a tutela de uma potência. Estamos decidindo por nós mesmos qual será nosso sistema e nosso esquema de defesa", disse o venezuelano Ramón Carrizález. Para o boliviano Walker San Miguel, a "doutrina hemisférica de segurança e defesa" daria mais "personalidade" à região.
Para os otimistas, como Brasil e Chile, a ênfase ideológica acabará diluída durante os debates. Já membros da delegação colombiana disseram não ver chances de acordo sobre uma doutrina comum. O tema voltará à pauta em novembro, no Primeiro Encontro Sul-Americano de Estudos Estratégicos, no Rio.
A declaração final firmada pelos ministros prevê ainda a criação do Centro Sul-Americano de Estudos Estratégicos de Defesa (CSEED), em Buenos Aires. Um grupo de trabalho coordenado pela Venezuela vai elaborar o registro das academias e centros de estudo em defesa e de seus programas e criar uma rede sul-americana de capacitação e formação.
Caberá ao Equador um diagnóstico da indústria de defesa dos países-membros, com capacidades e áreas de associação estratégicas para "promover complementaridade, pesquisa e transferência tecnológica".
A reunião ministerial durou todo o dia. Às 9h, os ministros se reuniram com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, para uma foto oficial e homenagem ao herói da independência do Chile, Bernardo O'Higgins.
O colombiano Juan Manuel Santos não deu entrevistas por orientação da Casa de Nariño --o presidente Álvaro Uribe teme que declarações polêmicas do seu ministro criem mais atrito com os vizinhos. Na semana passada, o ministro voltou a defender o direito de defesa para atacar as Farc além das fronteiras nacionais.
Javier Ponce, ministro do Equador --vizinho e alvo da Colômbia há um ano--, introduziu na declaração final do CDS um parágrafo em que os ministros reiteram "respeito" à soberania, integridade e inviolabilidade territorial. "A política de extraterritorialidade da Colômbia não cabe num Conselho como este", afirmou.
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