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22/03/2003 - 13h05

Pacifistas voltam às ruas para protestar contra a guerra no Iraque

da Folha Online

Importantes manifestações contra a guerra no Iraque acontecem hoje em vários países. Na maioria, os protestos ocorrem pelo terceiro dia consecutivo. Veja quais são os países que têm manifestações contra a guerra:

Kimimasa Mayama/Reuters
Manifestantes carregam cartazes antiguerra em Tóquio

Reino Unido

Milhares de pessoas começaram a protestar no centro de Londres, no começo desta tarde (hora local), na primeira grande manifestação nacional contra a guerra no Iraque desde que os ataques começaram.

Os manifestantes partiram da margem do rio Tâmisa e da Gower Street, em Bloomsburry, em direção a Picadilly Circus, no centro de Londres. Depois, a caminhada deve seguir até o Hyde Park, onde várias personalidades farão discursos antiguerra, entre eles a militante dos direitos humanos Bianca Jagger, ex-esposa do líder do Rolling Stones.

Deputados contrários à política de Tony Blair, que enviou 45 mil soldados britânicos à zona de conflito mesmo sem o aval da ONU, também participam da manifestação.

EUA

O protesto de hoje em Washington terminará em frente à Casa Branca. Nova York, San Francisco, Los Angeles e outras cidades norte-americanas também serão palco de manifestações neste sábado.

"Não desejamos que o governo [do presidente George W.] Bush use os ataques de 11 de setembro para justificar uma guerra não provocada e indefensível", disse, em um comunicado, o grupo União pela Paz e Justiça, de Nova York.

Um dos protestos acontecerá em frente à uma das seis casas do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, no Novo México, segundo a emissora norte-americana CNN.

Desde o começo da guerra, na quinta-feira, vários protestos antiguerra têm ocorrido nos Estados Unidos, com milhares de manifestantes nas ruas, e alguns bloqueando o trânsito e enfrentando a polícia.

Ao mesmo tempo, as pesquisas mostram que o apoio à guerra também cresce. O Senado e a Câmara dos EUA aprovaram ontem de manhã uma resolução de apoio à guerra e, segundo uma enquete feita pelo Instituto Gallup e o jornal "USA Today", de cada quatro norte-americanos, três apoiam a guerra no Iraque, mesmo sem a aprovação da ONU.

Em Washington, veteranos de guerra, que se opõem à intervenção militar, anunciaram três dias de protesto, que incluem uma passeata no domingo aos memoriais do Vietnã, Coréia e da Segunda Guerra Mundial.

Amanhã, um protesto coincidirá com a entrega do Oscar em Hollywood, em respeito aos artistas que se manifestam em favor da paz, segundo os organizadores.

Algumas celebridades pacifistas como o ator Dustin Hoffman, a indicada ao prêmio de melhor atriz Julianne Moore, o comediante Jim Carrey e o galã Ben Affleck teriam planos de distribuir na cerimônia de entrega do Oscar distintivos com a inscrição: "Vencer sem guerra".

Ontem, 220 manifestantes foram detidos em San Francisco, um dia após a prisão de outras 1.400 pessoas. Em Los Angeles, 27 manifestantes foram detidos durante um protesto do qual centenas de pessoas participavam, entre eles líderes religiosos.

Os organizadores das ações de defesa civil anunciaram que continuarão bloqueando cruzamentos e pontes enquanto continuar a guerra.

Em Chicago, cerca de 4.000 pessoas saíram às ruas ontem à noite pelo segundo dia consecutivo de protestos contra a guerra.

Alemanha

Carregando cartazes com a inscrição: "lei internacional, não a lei do primeiro", milhares de alemães protestaram hoje em Berlim contra o ataque anglo-americano ao Iraque.

No protesto ocorrido em Alexanderplatz, praça mais importante da ex-Alemanha Oriental, os manifestantes carregaram bandeiras do Iraque e da Palestina e placas com frases como: "Dresden 1945, Bagdá 2003: o mesmo crime", uma referência ao ataque sofrido pela Alemanha no final da Segunda Guerra Mundial.

Cerca de 5.000 pessoas concentraram-se em Düsseldorf e em Hamburgo, onde entoavam gritos de ordem como: "Nós não queremos sua guerra. Schröder, feche seu espaço aéreo."

Suíça

Milhares de pessoas marcharam hoje em Berna, capital da Suíça, pedindo para que o ataque anglo-americano ao Iraque seja repensado. A polícia suíça estimou em 20 mil o número de participantes.

O protesto em Berna foi organizado por uma coalizão de grupos pacifistas. Os manifestantes carregavam cartazes onde se lia: "Pare a guerra no Iraque. Não derrame sangue por petróleo".

No mês passado, Berna foi palco do maior protesto suíço da década, quando 40 mil pessoas protestaram contra o conflito.

Espanha

Pelo terceiro consecutivo, mais de 20 cidades espanholas vivem manifestações antiguerra.

O ministro do Interior, Angel Acebes, desqualificou hoje a manifestação de ontem à noite em frente à Embaixada dos EUA em Madri, que acabou sendo dispersada pela polícia.

Acebes disse que a atuação da polícia foi "em todos os casos, proporcionada pela defesa dos cidadãos" e atribuiu a resposta policial a "minorias violentas que, em nome da paz e da tolerância, interrompem ruas, praças e estradas de maneira ilegal e apedrejam sedes de partidos e instituições".

Cerca de 500 pessoas ficaram feridas durante os incidentes com a polícia espanhola, segundo os serviços de emergência, e quatro pessoas foram detidas, de acordo com o ministro do Interior.

A polícia começou a atuar contra os manifestantes quanto centenas de pessoas tentavam dirigir-se à sede do Partido Popular, do primeiro-ministro, José María Aznar, que apoia a guerra.

Por volta do meio-dia de hoje, vários protestos haviam começado em cidades da Espanha. Em Madri, dezenas de atores se manifestaram em frente ao ministério de Assuntos Internacionais.

Os protestos começaram hoje em Bilbao, Santander, Gijón e Girona. O Fórum Social, que reúne organizações pacifistas e estudantes, convocou para 18h (12h em Brasília) uma manifestação que, segundo o governo não tem autorização oficial. A intenção é dirigir-se à sede do governo conservador espanhol.

Outras manifestações acontece hoje à tarde em Barcelona, Albacete, Alcoi, La Coruña, San Sebastián, Tenerife e Tarragona.

Finlândia

Cerca de 20 mil pessoas marcharam hoje em Helsinque, na Finlândia, com gritos de protestos como: "Parem a guerra" e "George Bush e CIA: quantas crianças vocês vão matar hoje?".

Dinamarca

Em Copenhague, cerca de 10 mil pessoas participaram de um protesto que passou pelas embaixadas dos EUA, Espanha e Reino Unido. O protesto terminou em frente ao Parlamento. Os manifestantes queimaram bandeiras dos Estados Unidos e da Inglaterra.

Noruega

Em Oslo, capital da Noruega, centenas de pessoas participaram de uma manifestação, mas a polícia não soube precisar quantas foram.

Nova Zelândia e Austrália

Milhares de neozelandeses também foram às ruas hoje para condenar o ataque ao Iraque. Carregando cartazes contrários ao combate, os manifestantes gritavam palavras de ordem como "Não à guerra por petróleo".

Cerca de 4.000 pessoas, tocando cornetas e tambores e alguns pintados com tinta vermelha imitando sangue, caminharam até a embaixada dos EUA na capital Wellington. Em Auckland, milhares de pessoas fizeram uma manifestação pacífica.

Na Austrália, cerca de 2.500 manifestantes fizeram uma passeata em Hobart, no Estado da Tasmânia. Outros protestos estão programados para hoje na Ásia.

Os manifestantes em Wellington gritaram frases como "Não queremos sua guerra sangrenta" e atiraram rolos de papel higiênico e líquido vermelho contra a Embaixada dos EUA, sob forte vigilância e cercados por barricadas com cem policiais.

A tensão cresceu quando os manifestantes se encontraram com um pequeno grupo pró-guerra que levava bandeiras do Reino Unido e dos Estados Unidos, além de cartazes com a frase "Iraque Livre".

O governo de centro-esquerda da Nova Zelândia não apóia a ação militar no Iraque e afirma que atitudes tomadas sem aprovação das Nações Unidas estabelecem um precedente perigoso.

"É uma guerra baseada na ambição, ambição por poder, ambição por recursos", disse Peter Cundall para cerca de 2.500 manifestantes em frente à assembléia da Tasmânia.

Uma pesquisa mostrou que o apoio pelo envolvimento da Austrália na guerra aumentou, mas milhares de manifestantes contrários à guerra deverão se reunir em Sydney hoje.

A Austrália enviou cerca de 2.000 soldados para o golfo e disse hoje que suas forças especiais se envolveram em combates no interior do Iraque. Tropas sob comando australiano interceptaram um barco iraquiano carregado com minas marítimas.

Tailândia

Cerca de 300 muçulmanos tailandeses fizeram um ato pacífico na frente da embaixada dos EUA em Bangcoc, no sábado.

"Deus é grande. Maldito seja Bush", gritaram os manifestantes. Muitos deles usavam camisetas com a foto de Osama bin Laden.

"Esta batalha é uma cruzada. Bush quer ter apenas uma religião no mundo", disse Rosekken Esa, porta-voz do grupo Muçulmanos Pela Paz.

"Bush quer que o mundo tenha uma única economia que possa controlar. Quando quer o petróleo do Iraque, invade. No dia em que quiser nossa comida, nos invadirá também."

Indonésia

Milhares de asiáticos, principalmente muçulmanos, saíram às ruas hoje para protestar contra a ofensiva militar norte-americana. Em Jacarta, capital da Indonésia, o país islâmico mais populoso do mundo, cerca de 2.000 pessoas se concentraram em frente à Embaixada dos EUA. Em seguida, elas foram até o escritório da ONU na cidade.

Apesar de geralmente se aliar aos Estados Unidos, o governo indonésio se posicionou contra o conflito. Líderes políticos e religiosos alertam para a possibilidade de uma reação popular violenta à guerra.

Malásia

No país de maioria muçulmana, cerca de 8.000 pessoas gritaram: "Destrua a América", durante uma passeata pacífica em Kelantan (leste do país). Temendo tumultos, as autoridades proibiram um evento semelhante na capital, Kuala Lumpur.

Paquistão

Importante aliado dos EUA na chamada "guerra ao terrorismo", o país teve protestos isolados. Em Lahore, cerca de 500 seminaristas muçulmanos fizeram uma passeata declarando apoio ao Iraque. Em Karachi, principal cidade do país, bandeiras norte-americanas foram queimadas e alguns advogados propuseram boicote a produtos dos EUA.

Bangladesh

Bandeiras também foram queimadas neste outro país islâmico, onde os manifestantes convocaram uma greve geral de meio dia na capital, Daca. Não houve violência.

Analistas dizem que essas manifestações são discretas em comparação com o grau de irritação contra os Estados Unidos entre os 1,4 bilhão de muçulmanos do mundo, inclusive entre os que vêem o regime de Saddam Hussein com antipatia.

Coréia do Sul

Cerca de 3.000 manifestantes saíram às ruas de Seul para protestar contra o envio de 700 soldados para dar apoio aos EUA na região do golfo Pérsico. O conflito tem especial importância para os sul-coreanos devido ao temor corrente de que o próximo alvo de Washington possa ser a vizinha Coréia do Norte.

"Esta guerra mostra que os Estados Unidos podem atacar a Coréia do Norte na hora em que quiserem, como fizeram em Bagdá, sem o aval da ONU", disse o designer Kim Soo-myung, 29.

Calcutá

Cerca de 15 mil muçulmanos se reuniram numa manifestação em que os oradores acusaram os EUA de travarem uma guerra "contra o Islã e a humanidade".

"Eles destruíram a ONU ao ignorá-la para atacar o Iraque", afirmou o imã Rahman Barkati.

Índia

Também houve manifestação em frente à embaixada dos EUA em Nova Déli, com 5.000 pessoas. Algumas levavam garrafas com uma mistura de sangue e gasolina. "Peguem isso, que é o que vocês querem, e parem de atacar o Iraque", gritavam.

Com agências internacionais

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