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23/03/2003 - 07h27

Livro de 1996 fez a cabeça de Rumsfeld

RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

O livrinho que fez a cabeça do secretário de defesa americano Donald Rumsfeld foi publicado em 1996 e propõe uma maneira de reformular a maneira como os EUA lutam suas guerras no mundo pós-Guerra Fria.

Reuters - 7.fev.2003
Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos EUA
As propostas do livro são polêmicas ainda entre os próprios militares, alguns dos quais resistiam às idéias de reforma de Rumsfeld. Mas, se a guerra terminar rapidamente no Iraque, as propostas terão sido em boa parte validadas.

"Choque e Pavor - Obtendo a Dominância Rápida" ("Shock and Awe - Achieving Rapid Dominance") foi escrito por dois ex-militares e hoje especialistas em estratégia, Harlan K. Ullman e James P. Wade. O livro foi publicado pelo Pentágono.

"A base da Dominância Rápida se baseia na sua capacidade de afetar a vontade, a percepção e a compreensão do adversário através da imposição de suficiente choque e pavor para obter os necessários objetivos políticos, estratégicos e operacionais do conflito ou crise que levou ao uso da força", diz um trecho do livro.

Os autores afirmam que o princípio do "choque e pavor" tinha sido compreendido tanto pelo grande pensador ocidental da guerra, o alemão Carl von Clausewitz, do século 19, como também pelo maior pensador oriental, o chinês Sun Tzu, do século 5 a.C.

"Na visão clausewitziana, 'choque e pavor' eram efeitos necessários da aplicação do poder militar e eram destinados a destruir a vontade de um adversário de resistir", afirma o livro.

Já Sun Tzu escreveu que desarmar o adversário antes da batalha era o resultado mais eficaz que um comandante poderia querer.

A idéia central é paralisar a vontade do inimigo de reagir. "Isso significa que efeitos físicos e psicológicos devem ser obtidos".

Ou seja, é preciso não só "decapitar" fisicamente a liderança, como impedi-la de seguir e transmitir ordens. As forças podem ser menores, mas têm de ser ágeis e dotadas de mais tecnologia. Velocidade é fundamental.

A doutrina atual _e tradicional_ das Forças Armadas é a da "força decisiva", cuja base é um poder avassalador ao qual o inimigo não teria como resistir.

As diferenças significam que, com Rumsfeld no comando, hoje são cerca de 150.000 soldados atacando, e não 250.000. Apenas uma divisão "pesada" constitui a ponta-de-lança do ataque, contra as quatro ou cinco que se achava que seriam o ideal pela doutrina da "força decisiva".

O avanço rápido anglo-americano no Iraque está justificando o otimismo de Rumsfeld, que, segundo a imprensa dos EUA, desde o começo planejava um ataque que seria mais semelhante a uma campanha do Afeganistão ampliada do que a uma repetição da Guerra do Golfo, de 1991.

Se a guerra terminar logo, o resultado deverá facilitar seus planos para tornar os militares mais ágeis e letais _às vezes contra o conservadorismo deles próprios.

São apenas 250 tanques M1A2 Abrams na unidade mais poderosa, a 3ª Divisão de Infantaria. Em 91, eram mais de 2.000.

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