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26/03/2003
-
06h00
OTÁVIO DIAS
da Folha de S.Paulo
As forças anglo-americanas, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a ONU disseram ontem estar trabalhando para impedir que a situação humanitária no sul do Iraque piore ainda mais. Mas autoridades iraquianas acusaram os EUA, o Reino Unido e as Nações Unidas de responsabilidade por uma eventual crise alimentar e de saúde no país.
O CICV começou a reparar a principal estação de distribuição de água em Basra, onde faltam água e energia desde sexta-feira (21), início da invasão do país. Com mais de 1,2 milhão de habitantes, a cidade pode enfrentar surtos de cólera e diarréia devido ao consumo de água poluída.
Até agora, no entanto, pouco pôde ser feito devido à insegurança existente no sul do Iraque em geral. Nem as forças invasoras nem as iraquianas tinham controle sobre a região.
Ontem, militares britânicos anunciaram que haviam garantido o controle sobre Umm Qasr, único porto do Iraque no golfo Pérsico. Autoridades iraquianas negaram. Segundo os britânicos, um navio com 231 toneladas de comida, remédios, cobertores e água potável atracará hoje ou amanhã, após a retirada de minas do canal que dá acesso ao porto.
O presidente George W. Bush disse ontem, ao pedir ao Congresso americano uma verba extra de US$ 74,7 bilhões, que os EUA e o Reino Unido estavam trabalhando para possibilitar a entrada de ajuda humanitária no Iraque.
"Estamos comprometidos em garantir que os iraquianos, que sofreram sob um tirano brutal, recebam a comida e os remédios que necessitam o mais breve possível", disse Bush.
"Petróleo por comida"
Os EUA e o Reino Unido esperam que, com a distribuição de ajuda em grande quantidade, parte da população iraquiana passe a apoiar a ação militar contra o regime de Saddam Hussein.
O ministro do Comércio iraquiano, Mohammed Mehdi Saleh, acusou os dois países de fomentarem a crise ao impedir a entrada de alimentos e remédios importados pelo país. Segundo o ministro, eles adotam um "comportamento desumano e imoral" ao bloquear a chegada de produtos comprados através do programa "petróleo por comida".
"Há produtos em navios e em nossas fronteiras, assim como na Jordânia", disse Saleh. Contratos no valor de US$ 8,9 bilhões teriam sido fechados, mas os produtos ainda não foram entregues. "O Iraque é um país rico e não necessita de ajuda humanitária." O governo diz ter distribuído alimentos para seis meses à população.
O programa "petróleo por comida", criado pela ONU para reduzir os efeitos das sanções econômicas ao Iraque na população civil, alimenta hoje cerca de 60% dos 24 milhões de iraquianos, que dependem das cestas de alimentação distribuídas pelo governo.
Segundo o programa, o Iraque pode exportar petróleo, mas os recursos devem ser utilizados para comprar produtos essenciais. As contas são verificadas pela ONU para impedir que Saddam Hussein use o dinheiro para comprar materiais com fins bélicos.
Desde o início do programa, em 1996, até setembro de 2002, o programa levantou US$ 56 bilhões, dos quais US$ 37 bilhões foram usados para comprar produtos para a população. O restante custeou outras despesas autorizadas pela ONU.
Na véspera de a guerra começar, a ONU retirou do Iraque, por razões de segurança, os funcionários responsáveis por operar o programa. "A responsabilidade pela falta de produtos é do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, por ter suspendido o programa", disse o embaixador do Iraque na ONU, Mohammed Al Douri.
Ontem, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir como retomar o programa. Haverá uma nova reunião em breve.
Ontem, o Programa de Alimentação Mundial, agência ligada à ONU, anunciou que necessitará de US$ 1 bilhão para financiar uma operação humanitária de grandes proporções no Iraque. "Nós temos um plano. Mas não temos os recursos", disse o porta-voz do programa, Trevor Rowe.
Antes da guerra, a agência disse que havia estocado, em países ao redor do Iraque, comida suficiente para alimentar 900 mil iraquianos por dez semanas. O novo plano prevê alimentar milhões.
Ontem, Annan reuniu-se com Condoleezza Rice, assessora do presidente Bush para segurança nacional, para discutir a entrega de ajuda. Annan convocou para hoje uma reunião com agências humanitárias em Nova York. A ONU quer que a distribuição fique a cargo de agências humanitárias e de ONGs.
"Apenas organizações civis podem garantir a distribuição imparcial de suprimentos essenciais", disse Davi Wimhurst, porta-voz das Nações Unidas.
Com agências internacionais
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
Civis em risco: Crise humanitária gera acusações
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da Folha de S.Paulo
As forças anglo-americanas, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a ONU disseram ontem estar trabalhando para impedir que a situação humanitária no sul do Iraque piore ainda mais. Mas autoridades iraquianas acusaram os EUA, o Reino Unido e as Nações Unidas de responsabilidade por uma eventual crise alimentar e de saúde no país.
O CICV começou a reparar a principal estação de distribuição de água em Basra, onde faltam água e energia desde sexta-feira (21), início da invasão do país. Com mais de 1,2 milhão de habitantes, a cidade pode enfrentar surtos de cólera e diarréia devido ao consumo de água poluída.
Até agora, no entanto, pouco pôde ser feito devido à insegurança existente no sul do Iraque em geral. Nem as forças invasoras nem as iraquianas tinham controle sobre a região.
Ontem, militares britânicos anunciaram que haviam garantido o controle sobre Umm Qasr, único porto do Iraque no golfo Pérsico. Autoridades iraquianas negaram. Segundo os britânicos, um navio com 231 toneladas de comida, remédios, cobertores e água potável atracará hoje ou amanhã, após a retirada de minas do canal que dá acesso ao porto.
O presidente George W. Bush disse ontem, ao pedir ao Congresso americano uma verba extra de US$ 74,7 bilhões, que os EUA e o Reino Unido estavam trabalhando para possibilitar a entrada de ajuda humanitária no Iraque.
"Estamos comprometidos em garantir que os iraquianos, que sofreram sob um tirano brutal, recebam a comida e os remédios que necessitam o mais breve possível", disse Bush.
"Petróleo por comida"
Os EUA e o Reino Unido esperam que, com a distribuição de ajuda em grande quantidade, parte da população iraquiana passe a apoiar a ação militar contra o regime de Saddam Hussein.
O ministro do Comércio iraquiano, Mohammed Mehdi Saleh, acusou os dois países de fomentarem a crise ao impedir a entrada de alimentos e remédios importados pelo país. Segundo o ministro, eles adotam um "comportamento desumano e imoral" ao bloquear a chegada de produtos comprados através do programa "petróleo por comida".
"Há produtos em navios e em nossas fronteiras, assim como na Jordânia", disse Saleh. Contratos no valor de US$ 8,9 bilhões teriam sido fechados, mas os produtos ainda não foram entregues. "O Iraque é um país rico e não necessita de ajuda humanitária." O governo diz ter distribuído alimentos para seis meses à população.
O programa "petróleo por comida", criado pela ONU para reduzir os efeitos das sanções econômicas ao Iraque na população civil, alimenta hoje cerca de 60% dos 24 milhões de iraquianos, que dependem das cestas de alimentação distribuídas pelo governo.
Segundo o programa, o Iraque pode exportar petróleo, mas os recursos devem ser utilizados para comprar produtos essenciais. As contas são verificadas pela ONU para impedir que Saddam Hussein use o dinheiro para comprar materiais com fins bélicos.
Desde o início do programa, em 1996, até setembro de 2002, o programa levantou US$ 56 bilhões, dos quais US$ 37 bilhões foram usados para comprar produtos para a população. O restante custeou outras despesas autorizadas pela ONU.
Na véspera de a guerra começar, a ONU retirou do Iraque, por razões de segurança, os funcionários responsáveis por operar o programa. "A responsabilidade pela falta de produtos é do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, por ter suspendido o programa", disse o embaixador do Iraque na ONU, Mohammed Al Douri.
Ontem, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir como retomar o programa. Haverá uma nova reunião em breve.
Ontem, o Programa de Alimentação Mundial, agência ligada à ONU, anunciou que necessitará de US$ 1 bilhão para financiar uma operação humanitária de grandes proporções no Iraque. "Nós temos um plano. Mas não temos os recursos", disse o porta-voz do programa, Trevor Rowe.
Antes da guerra, a agência disse que havia estocado, em países ao redor do Iraque, comida suficiente para alimentar 900 mil iraquianos por dez semanas. O novo plano prevê alimentar milhões.
Ontem, Annan reuniu-se com Condoleezza Rice, assessora do presidente Bush para segurança nacional, para discutir a entrega de ajuda. Annan convocou para hoje uma reunião com agências humanitárias em Nova York. A ONU quer que a distribuição fique a cargo de agências humanitárias e de ONGs.
"Apenas organizações civis podem garantir a distribuição imparcial de suprimentos essenciais", disse Davi Wimhurst, porta-voz das Nações Unidas.
Com agências internacionais
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