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30/03/2003
-
10h57
da Folha de S.Paulo
A principal diferença entre o Brasil de 1991 e o de 2003 é que há 12 anos o país tinha esquerda. Hoje, todos se perguntam: que fim levou? Diz-se que, magoada com Lula, que não quis levá-la para Brasília como prometera, largou tudo e fugiu para Bagdá. Levou só a roupa do corpo e o pôster do Che.
A senadora Heloísa Helena telefonou outro dia para a esquerda. Pediu que voltasse. Disse que, sozinha, nada podia fazer. Mas, juntas, ergueriam barricadas no Congresso. Desiludida, a esquerda respondeu que prefere pegar em armas por Saddam a ver o PT de mãos dadas com o Sarney. Antes a morte a ter de aceitar a tese de que a adesão do companheiro Palocci ao ideário do inimigo Malan é sinal de amadurecimento político.
De Bush a Bush, o Brasil, até ontem com esquerda, sobreviveu a quatro presidentes. Todos eles tomaram posse prometendo acabar com a injustiça social. Collor roubou a prataria do Planalto e foi expulso antes de cumprir a promessa. Itamar só teve tempo de ajeitar o palco para o sucessor. Fernando Henrique Cardoso foi sequestrado pelo PFL, que acomodou no Alvorada um sósia daquele conhecido sociólogo de esquerda.
Lula, para não correr o risco de cometer os próprios erros, preserva os equívocos do impostor. Condiciona a viabilidade do novíssimo governo à adesão do manjadíssimo PMDB.
Assim como o Iraque, o Brasil encontra-se sob invasão americana. Só que há mais tempo e com uma vantagem: os EUA não precisaram desembarcar marines em Copacabana. O futuro brasileiro é desenhado há anos nas pranchetas liberais de Washington. A informação de que Lula comia criancinhas deixou Washington de cabelo em pé.
Imaginou-se que o PT poderia melar o programa deles. Mas o líder petista ajustou a dieta e tudo vem sendo feito conforme o combinado.
Estrategistas do Pentágono receberam dias atrás uma foto do deputado Babá. Riram muito da longa cabeleira dele. Lamentaram que não tivesse fugido para o Iraque junto com o resto da esquerda brasileira. Facilitaria, por exótico, a identificação do alvo.
Josias de Souza é diretor de Redação da Sucursal de Brasília
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
Artigo: A esquerda sumiu
JOSIAS DE SOUZAda Folha de S.Paulo
A principal diferença entre o Brasil de 1991 e o de 2003 é que há 12 anos o país tinha esquerda. Hoje, todos se perguntam: que fim levou? Diz-se que, magoada com Lula, que não quis levá-la para Brasília como prometera, largou tudo e fugiu para Bagdá. Levou só a roupa do corpo e o pôster do Che.
A senadora Heloísa Helena telefonou outro dia para a esquerda. Pediu que voltasse. Disse que, sozinha, nada podia fazer. Mas, juntas, ergueriam barricadas no Congresso. Desiludida, a esquerda respondeu que prefere pegar em armas por Saddam a ver o PT de mãos dadas com o Sarney. Antes a morte a ter de aceitar a tese de que a adesão do companheiro Palocci ao ideário do inimigo Malan é sinal de amadurecimento político.
De Bush a Bush, o Brasil, até ontem com esquerda, sobreviveu a quatro presidentes. Todos eles tomaram posse prometendo acabar com a injustiça social. Collor roubou a prataria do Planalto e foi expulso antes de cumprir a promessa. Itamar só teve tempo de ajeitar o palco para o sucessor. Fernando Henrique Cardoso foi sequestrado pelo PFL, que acomodou no Alvorada um sósia daquele conhecido sociólogo de esquerda.
Lula, para não correr o risco de cometer os próprios erros, preserva os equívocos do impostor. Condiciona a viabilidade do novíssimo governo à adesão do manjadíssimo PMDB.
Assim como o Iraque, o Brasil encontra-se sob invasão americana. Só que há mais tempo e com uma vantagem: os EUA não precisaram desembarcar marines em Copacabana. O futuro brasileiro é desenhado há anos nas pranchetas liberais de Washington. A informação de que Lula comia criancinhas deixou Washington de cabelo em pé.
Imaginou-se que o PT poderia melar o programa deles. Mas o líder petista ajustou a dieta e tudo vem sendo feito conforme o combinado.
Estrategistas do Pentágono receberam dias atrás uma foto do deputado Babá. Riram muito da longa cabeleira dele. Lamentaram que não tivesse fugido para o Iraque junto com o resto da esquerda brasileira. Facilitaria, por exótico, a identificação do alvo.
Josias de Souza é diretor de Redação da Sucursal de Brasília
Especial
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