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07/04/2003 - 14h17

EUA dizem ter isolado Bagdá e ocupam palácios; Iraque resiste

da Folha Online
da Reuters
da France Presse

Os Estados Unidos anunciaram hoje ter isolado Bagdá, obtendo controle sobre as principais vias de acesso. A cidade segue sob intenso bombardeio: intensas explosões eram ouvidas na capital iraquiana.

Caças e outros aviões de guerra norte-americanos continuam sobrevoando a cidade e lançando mísseis. Há forte combate entre artilharias. Tropas e tanques dos EUA já estão no "coração" da capital iraquiana, e ocuparam ao menos dois palácios de Saddam Hussein.



Um importante aeroporto também está sob domínio dos norte-americanos. O aeroporto recebeu ontem o primeiro pouso de um avião norte-americano.

Porém, muitas pontes e acessos sobre o rio Tigre têm sido defendidos ferozmente por forças iraquianas estão bloqueando muitas pontes sobre o rio Tigre. Guardas Republicanos também defendem prédios de ministérios com granadas impulsionadas por foguetes.

No entanto, a entrada das tropas invasoras não teve apoio algum da população bagdáli. Elas foram recebidas com forte oposição: franco-atiradores e baterias de artilharia iraquianas abriram fogo de praticamente todas as direções contra soldados dos EUA, segundo a correspondente da Reuters em Bagdá Samia Nakhous.

Os soldados iraquianos estão em trajes de combate, mas há muitos civis combatendo à paisana. São as únicas pessoas que podiam ser vistas nas ruas de Bagdá nesta segunda. Os únicos veículos que transitavam pelas ruas eram ambulâncias, que retiravam feridos, e caminhonetes lotadas de pessoas que tentavam deixar a cidade.

Os temor de que iraquianos usassem armas químicas parece ter acabado entre as tropas dos EUA. Fuzileiros navais em Bagdá abandonaram hoje as roupas especiais para proteção contra ataques com esse tipo de arma.

Onde está Saddam?

"Ocupamos o principal palácio presidencial no centro de Bagdá. [...] Há dois palácios ali e estamos em ambos", disse o coronel Peter Bayer, da 2ª Divisão de Infantaria dos EUA, perto do aeroporto.

Reuters - 4.fev.2003
Saddam Hussein, presidente do Iraque
Não há informações sobre o paradeiro de Saddam Hussein, seus filhos e seus ministros (considerados o cerne do regime).

A TV estatal iraquiana mostrou hoje imagens do presidente e ditador presidindo uma reunião com assessores políticos e militares. As imagens foram exibidas logo após os Estados Unidos anunciarem ter tomado seus dois palácios. Saddam, que vestia uniforme militar, foi filmado sentado em uma sala sem janelas, com mapas na parede atrás dele.

Mortos, feridos e rendidos

No fim de semana, o combate provocou a morte de milhares de iraquianos em todo o país, segundo a coalizão anglo-americana. Na capital, os EUA chegaram a anunciar a morte de pelo menos 2.000 militares iraquianos em 48 horas. Seriam todos membros da Guarda Republicana, a força mais fiel ao regime.

Outras centenas de iraquianos também teriam morrido nos enfrentamentos entre britânicos e iraquianos no sul do país, especialmente em Basra. O Reino Unido diz ter controle absoluto sobre a cidade, e que eliminou o principal comandante dessa região, um general fiel a Saddam conhecido como Ali Químico.

Se por um lado o Exército iraquiano parece estar sendo dizimado, as perdas humanas do lado das tropas invasoras é muito menor. No final de semana, foi anunciado que menos de 90 militares anglo-americanos morreram desde o início da guerra, 19 dias atrás.

Há muitas imagens de soldados iraquianos se rendendo aos norte-americanos.

Tragédia humanitária

Funcionários da Cruz Vermelha descreveram como "terríveis" as condições no único hospital de Bagdá a que conseguiram ter acesso hoje. Os combates que tomaram conta da capital iraquiana estão impedindo que as equipes de ajuda humanitária cheguem aos hospitais da cidade.

Segundo a Cruz Vermelha, o hospital Kindi, no centro da cidade, estava prestes a enfrentar escassez de anestésicos e outros medicamentos quando um caminhão de suprimentos da organização conseguiu chegar ao local. Médicos do Kindi disseram que o hospital recebeu quatro mortos e 176 feridos nas últimas 24 horas.

"Os médicos têm trabalhado sem parar nos últimos dois dias e a maioria deles está exausta", disse Roland Huguenin-Benjamin, um porta-voz da Cruz Vermelha que esteve no local.

Existe um risco de epidemia de cólera e de enfermidades respiratórias no Iraque, onde os hospitais estão "totalmente lotados", afirmou hoje a porta-voz da OMS (Organização Mundial Saúde), Mélanie Zipperer.

"Constatamos um grande risco de epidemia. Como a população tem um acesso limitado aos produtos alimentícios e à água potável, é muito possível que haja uma epidemia de cólera e infecções respiratórias", declarou Zipperer, em entrevista à rede de TV LCI.

"Os hospitais de Bagdá estão totalmente lotados, com risco de falta de medicamentos e material médico. Se a situação se agravar, enfrentaremos uma crise humanitária", afirmou.

Ele também declarou que não há meios de acesso às populações e lamentou que o programa de ajuda humanitária "Petróleo por Comida" tenha sido interrompido.

O programa, que condiciona a exportação de cotas de petróleo em troca de alimentos e de medicamentos para a população iraquiana, está paralisado desde o início da guerra no Iraque, que começou no dia 19 de março, às 23h35 (horário de Brasília).

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