Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/04/2009 - 09h19

Brasileiros no terremoto da Itália lembram pavor

Publicidade

MARCELO NINIO
enviado especial da Folha de S. Paulo a Roma

A terra voltou a tremer nesta quinta-feira (9) em Áquila, na região central da Itália, mas Luiz Antonio Oliveira e Aline Santana, já estavam longe do pesadelo. Únicos brasileiros a pedir ajuda ao consulado em Roma, após estar no epicentro do devastador terremoto de segunda-feira, eles deixaram ontem a Itália, sem data para voltar.

"Fugi descalça para a rua", diz brasileira na Itália
Família italiana dorme no carro; ouça o seu relato
Previsão de terremotos é impossível, diz geólogo
Saiba mais sobre a escala Richter

Enquanto o número de mortos chegava a 287 e a esperança de ainda haver sobreviventes definhava, Luiz e Aline permaneciam aterrorizados, e agradecidos por terem escapado. "Foi como um filme de terror", contou o fluminense Luiz, 22, que vive há cinco anos na Itália jogando futebol. "Nos salvamos por milagre."

Na noite anterior ao terremoto, pouco antes de dormirem, Luiz ainda tentara tranquilizar Aline dizendo que o tremor que haviam acabado de sentir era rotina. Mas perto das 3h da manhã foram sacudidos por um estrondo.

"A cama balançava tanto que eu não conseguia descer dela", relembrou Luiz no aeroporto de Roma ao lado da mulher, Aline, 28, com quem está casado não faz nem um mês. Sem eletricidade, o elevador do edifício parou. Depois de testarem a solidez das escadas a golpes de marreta, o casal deixou o prédio correndo.

"Por favor, escreva que foi Deus", pede a evangélica Aline. Desde que chegou à Itália, há quatro meses, ela sentia os tremores ficarem cada vez mais fortes, mas isso não a preparou para o que viveu na segunda.

"Parecia que um buraco iria se abrir e nos levar para dentro. Quando passou, o prédio estava cheio de rachaduras e todos os vizinhos gritavam."

Sem um teto seguro, os recém-casados foram para uma estrada fora de Áquila e dormiram no carro. As noites seguintes foram passadas junto com outros dois mil refugiados no ginásio em que Luiz joga com a camisa 10 do clube Centi Collela, que virou um abrigo.

Investigação

Nesta sexta-feira será realizado um funeral coletivo em Áquila, e as buscas por sobreviventes devem durar até domingo. A devastação provocada pelo terremoto levou a Procuradoria de Áquila a abrir uma investigação para apurar se as normas de construção antissísmica foram ignoradas na cidade.

Nos últimos dias, especialistas têm sugerido que a fiscalização frouxa dos padrões de construção pode ter tido um papel decisivo na tragédia. Além de edifícios históricos, muitos prédios modernos também vieram abaixo, como o dormitório da Universidade de Áquila, onde vários estudantes morreram soterrados.

Com a ajuda do consulado brasileiro em Roma, Luiz e Aline embarcaram ontem de volta ao Brasil, onde ficarão com a família, no município fluminense de São Gonçalo.

Apesar de terem deixado um carro e um apartamento cheio de pertences para trás, Aline, ainda abalada, conta que não pensa em voltar à Europa. Já o vascaíno Luiz nem cogita aproveitar a chance de tentar uma vaga num time brasileiro. "Meu negócio é a Europa", diz o jogador de futebol.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página