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Multidão queima lojas em Cartum após execuções
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da Folha Online
Uma multidão de manifestantes furiosos queimou lojas e carros em um mercado no sul de Cartum, disseram os moradores nesta terça-feira, um dia após a execução de nove homens da região de Darfur.
Cerca de 5.000 pessoas compareceram, sob pesada presença policial, ao funeral dos nove homens, que foram acusados do assassinato de um editor de jornal em 2006.
Um pequeno número de manifestantes depredou propriedades a caminho do funeral, disseram testemunhas. Ao menos três lojas e dez carros foram destruídos.
Após o enterro, centenas de manifestantes começaram a jogar pedras contra carros e lojas nos arredores do cemitério Al Sahafa, no sul de Cartum. Os participantes do protesto, que também incendiaram algumas lojas, entoaram palavras de ordem contra o governo, contaram as testemunhas, acrescentando que a polícia dispersou a manifestação.
Alguns na multidão entoavam lemas em apoio ao grupo rebelde em Darfur, o Movimento de Libertação do Sudão, que tem lutado contra o governo na região oeste do Sudão.
O jornalista Mohamed Taha Mohamed Ahmed foi sequestrado e decapitado em Cartum depois que membros da tribo Al Fur o acusaram de publicar um texto ofensivo contra eles.
O jornal "Al Wifaq", de Ahmed, publicou artigos depreciando relatos de estupros em Darfur e utilizando linguagem pejorativa para descrever as mulheres da região. No editorial publicado, o jornalista dizia que o adultério era um fato habitual nessa tribo, a principal da região de Darfur e que lhe dá nome.
O jornal também deixou os islâmicos irritados com artigos sobre o profeta Maomé, assim como com críticas sobre as leis do Partido do Congresso Nacional, do presidente Omar Hassan al Bashir, que teve ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade e de guerra no conflito em Darfur.
A tribo considerou que o texto era um insulto para eles e o jornalista pediu desculpas. Os assassinos o sequestraram em frente à casa dele, o decapitaram e jogaram seu corpo em uma área remota da capital do país.
Após o homicídio, mais de 60 pessoas foram presas. Além das nove que foram condenadas à morte, uma outra pegou quatro anos de prisão.
O assassinato e o julgamento subsequente foram temas delicados para o governo, que inicialmente restringiu a cobertura do caso à mídia estatal.
Com agências internacionais
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